No início de julho, o Ministério da Saúde surpreendeu ao anunciar que o Implanon, contraceptivo hormonal subcutâneo, será disponibilizado gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde). A novidade foi comemorada por muitas mulheres, já que este é um dos métodos atuais mais confiáveis e seu preço pode variar de R$ 2 mil a R$ 4 mil na rede particular.
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A expectativa é que o Implanon seja ofertado a partir do segundo semestre de 2025. Segundo o Ministério da Saúde, espera-se distribuir cerca de 1,8 milhão de dispositivos, sendo 500 mil ainda este ano. O investimento será de aproximadamente R$ 245 milhões.
O Jornal Midiamax conversou com a médica Paula Jornada, ginecologista especializada em ginecologia endócrina e reprodutiva, que explicou os benefícios e diferenciais do método.
Vale destacar que na atenção primária à saúde e nos serviços secundários, o SUS já disponibiliza outros métodos contraceptivos gratuitamente, além de procedimentos cirúrgicos de laqueadura tubária e vasectomia. Entre eles: DIU de cobre; anticoncepcional oral combinado; pílula oral de progestagênio; injetáveis hormonais mensal e trimestral. Mas, atenção: apenas preservativos oferecem proteção contra as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Afinal, o que é Implanon?
A especialista explica que o Implanon é um pequeno bastão de aproximadamente 4 centímetros, que se assemelha a um palito de fósforo. Ele é sempre inserido no braço não dominante da mulher através de uma pequena incisão no braço, com anestesia local.
Nele, há um hormônio sintético chamado etonogestrel, um tipo de progesterona bem semelhante ao hormônio natural da mulher. O hormônio é liberado lentamente, o que garante a contracepção por três anos.
“Ele age de duas formas para evitar gravidez não planejada: inibe a ovulação, e, portanto, não há fecundação (encontro do espermatozoide com o óvulo), e faz espessamento de muco cervical, uma secreção que normalmente a mulher já possui no colo do útero. Ela estando mais espessa, dificulta a passagem do espermatozoide”, explica.
O que diferencia o Implanon de outros métodos?
A expectativa do Ministério da Saúde é que a oferta de contraceptivos pelo SUS contribua na garantia de direitos sexuais das mulheres, promovendo autonomia sobre seus processos reprodutivos. Isso permite que cada uma decida livremente por ter filhos – ou não -, como e quando isso acontecerá.

E é justamente essa autonomia que o Implanon oferece. Atualmente, o método é o único implante hormonal aprovado como método contraceptivo, ou seja, ele não tem concorrentes diretos.
“Em relação aos outros métodos contraceptivos, como as injeções, pílula, anel vaginal, adesivo, DIU, ele se destaca por ser o método mais eficaz do mercado. Sua taxa de falha é de 0,05%. Ele se torna, portanto, mais eficaz, inclusive, do que a laqueadura”, pontua a ginecologista.
Quais as vantagens do método?
Ser reversível é uma das principais vantagens do Implanon: ele não exige manutenção diária como as pílulas, nem anual como os DIUs – cuja eficácia depende de seu posicionamento correto no útero; e a fertilidade retorna rapidamente após a remoção. A especialista explica que o contraceptivo faz parte dos métodos chamados Larcs (Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Duração), assim como os DIUs.
“No SUS, o DIU de Cobre e o DIU hormonal já estavam disponíveis, e o Implanon vem para aumentar as opções, o que é ótimo porque não existe um único método contraceptivo ideal para todas as mulheres. Cada uma se identificará com um”, pontua Paula.
Efeitos colaterais
Como qualquer outro método, o Implanon pode ocasionar efeitos colaterais. Por isso, durante sua consulta com ginecologista – e antes de inserir o contraceptivo – é importante se informar para tomar uma decisão consciente. Cada organismo reagirá de maneiras diferentes.
A Drª Paula destaca como efeitos colaterais mais comuns as dores nas mamas, o aumento leve das acnes e a alteração no padrão de sangramento.
Das mulheres que optam pelo Implanon:
- 20% ficarão em amenorreia (não sangrará) ou terá sangramento infrequente (2 a 3 episódios em 90 dias);
- 60% terão um padrão de sangramento normal (3 a 5 episódios em 90 dias);
- 20% terão sangramento frequente (6 ou mais episódios em 90 dias) e prolongado (sangramento ininterrupto por mais de 14 dias).
“Importante lembrar que isso vai variar de mulher para mulher, portanto, é imprescindível ter um acompanhamento profissional. Além disso, vale destacar que o padrão de sangramento não interfere na eficácia do método!”, frisa.
Quando o Implanon é indicado?
Por garantir a contracepção por três anos, ele é ideal para as mulheres que têm dificuldade em manter assiduidade no uso da pílula. Também é uma opção para quem não pode usar estrogênio, por exemplo: quem tem enxaqueca com aura, quem já teve trombose, ou quem tem náuseas – ou vômitos – com o uso da pílula via oral.
Este também é um método excelente para adolescentes e jovens pela alta eficácia, fácil colocação e baixa manutenção.
Além disso, ele é um método seguro para mulheres que amamentam, já que não interfere na produção e qualidade do leite, portanto, não traz riscos para o bebê. “Inclusive é uma excelente opção, tendo em vista que a mulher está passando por uma fase de adaptação com a nova rotina, e a chance de esquecer de tomar a pílula é altíssima”, indica.
“Importante reforçar que mais do que só disponibilizar o método, precisamos garantir que as mulheres tenham informação de qualidade e autonomia para escolher de forma consciente. A contracepção deve ser algo pensado junto, entre paciente e profissional, com escuta, acolhimento e sem imposições. A chegada do Implanon no SUS representa um avanço incrível, mas não podemos esquecer que o verdadeiro progresso vem quando todas as mulheres têm acesso real e consciente ao que funciona melhor para elas”, conclui.
Fácil adaptação
Isadora Araújo Sanches Taveira, de 18 anos, optou pelo Implanon há três meses e não se arrepende da decisão. A jovem explica que já cogitava aderir ao método há um tempo, antes mesmo de iniciar o uso das pílulas. Pesquisando sobre o contraceptivo, encontrou as redes sociais da Drª Paula, marcou uma consulta e tirou suas principais dúvidas sobre o assunto.
“Ela me explicou sobre todos os métodos contraceptivos que existem, e explicou também tanto as partes boas, quanto ruins, como os efeitos colaterais. A gente analisou o meu perfil, o que seria melhor pra mim, o que ela considerava ser melhor, e decidimos colocar o Implanon. Pra mim, foi uma decisão incrível”, explica.
Isadora explica que os três primeiros meses, que correspondem ao período de adaptação, foram tranquilos. Para ela, os sintomas foram, principalmente, relacionados à sua menstruação. “Nesse período que eu estou, de três meses, eu tive ela [menstruação] normal, nos dias que eu sempre tive”, afirma. “Eu não tive, por exemplo, menstruação desregular, que algumas pessoas falam que tem, ou uma menstruação que parou completamente. A minha continua normal, e todo mês”, acrescenta.
Efeitos colaterais podem sumir com o tempo
Outro efeito colateral percebido pela jovem foi relacionado à saúde de sua pele. Logo após o implante, Isadora notou o surgimento de acnes em seu rosto. “É uma coisa que tive no começo, assim que coloquei, porque minha pele é bem mais sensível. Mas hoje em dia eu não tenho nada em relação à minha pele”, frisa.
Ela relembra que no início, as dores de cabeça e as cólicas tornaram-se mais frequentes. Hoje em dia, esses efeitos já não são percebidos. “Foi uma das melhores coisas que fiz, na verdade, porque antes eu tomava pílula e tem esse problema de esquecimento, um problema que não tenho hoje em dia. Pra mim foi uma experiência boa, eu realmente adorei e recomendo bastante”.
Sobre o implante, processo que pode assustar algumas mulheres, Isadora diz ser muito tranquilo. Seguindo as orientações da ginecologista, conseguiu ter um pós sem complicações. “Eu só senti um leve desconforto na hora da anestesia, depois não senti mais nada. Segui as orientações da Drª para não fazer esforço nas primeiras horas e não senti dor alguma”.
Conversar com o profissional é fundamental
Assim como Isadora, Fabiana Lopes Recalde, de 22 anos, pesquisou bastante sobre o assunto antes de optar pelo contraceptivo, que já era sua primeira opção. A jovem desejava saber exatamente todos os prós e contras do método antes de firmar sua decisão.
Em consulta com a Drª Paula, Fabiana esclareceu suas dúvidas, fez todos os exames para garantir que estava apita e saudável para aderir ao contraceptivo e assim, iniciar o procedimento.
“O procedimento foi tranquilo, totalmente anestesiado, então não senti nenhuma dor durante a aplicação. No pós, também não tive nenhum desconforto e dor, apenas um pouco de inchaço e alguns hematomas roxinhos na região, que são esperados e normais nesse tipo de procedimento. A recuperação foi rápida e bem tranquila”, explica.
Efeitos percebidos
Desde o implante, se passaram nove meses. Embora tenha percebido alguns efeitos colaterais, Fabiana não se arrepende da sua decisão. “Até agora, minha experiência tem sido muito positiva. Um dos principais benefícios que notei foi o fim da menstruação, o que trouxe muito mais conforto no dia a dia. As cólicas praticamente desapareceram e quando acontecem, são leves e bem pontuais”, pontua.
Fabiana diz que dos efeitos colaterais percebidos, nenhum foi tão expressivo. No entanto, percebeu que, após o implante, ficou mais suscetível ao ganho de peso, algo que ela lida com ajustes na alimentação e na rotina de atividade física. “No geral, me adaptei super bem e estou muito satisfeita com o método”.
O Implanon é bom, mas nem todos os organismos se adaptam
Como pontuado pela especialista, cada experiência é individual e as especificidades das pacientes devem ser consideradas. Embora o Implanon seja um método excelente, há mulheres que não se adaptarão a ele e optarão por removê-lo. Este é o caso de Jhenifer Moreno, de 30 anos.
Por quase dois anos, Jhenifer manteve o implante. No entanto, a menstruação contínua foi um de seus efeitos colaterais, o que tornou o Implanon inviável.
“Basicamente eu estava menstruando todo mês, por vezes mais de uma vez no mês. E como tenho SOP (síndrome do ovário policístico), acabou que não estava ajudando muito”, explica. Além disso, ela percebeu maior retenção de líquido, sensação de inchaço e ganho facilitado de peso.
Há três meses Jhenifer removeu o contraceptivo e migrou para o Nextela, anticoncepcional oral combinado, que tem hormônio similar ao natural. Embora para ela não tenha sido o mais benéfico, ela pontua que “bem indicado, o Implanon tem sua relevância”.
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