Em junho de 2025, Mato Grosso do Sul somou 218.320 pessoas acima dos 60 anos com dívidas em atraso, segundo dados da Serasa Experian informados ao Jornal Midiamax. Ao todo, os idosos de MS têm 749.771 dívidas em atraso, seguindo uma tendência nacional de inadimplência, o que gera prejuízos não apenas financeiros, mas também emocionais.
Entre 2020 e 2025, o número de idosos brasileiros inadimplentes subiu 43,16%. São mais de 14 milhões de pessoas no país, com mais de 60 anos, que possuem dívidas em atraso. O número representa quase 5 milhões a mais que em 2020, segundo a Serasa Experian.
Deixando o cenário ainda mais preocupante, aposentados e pensionistas são alvos frequentes de golpes aplicados até mesmo por financeiras que oferecem garantias inseguras e regras nebulosas.
Além disso, idosos muitas vezes acabam endividados após contratar empréstimos ou não conseguir pagar o cartão de crédito em dia, o que gera impactos na saúde mental dessas pessoas.
Considerando esses desafios, o Jornal Midiamax conversou com a psicóloga Mariene Lucia Ferreira Naegel, que representa o CRP14/MS (Conselho Regional de Psicologia 14ª Região — Mato Grosso do Sul) no CEDPI (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa), como suplente.
Problemas emocionais causados pelo endividamento
Segundo a psicóloga, o acúmulo de dívidas pode gerar diversos prejuízos emocionais, provocando sentimentos como vergonha, estresse elevado, ansiedade, depressão, problemas de sono, irritabilidade, baixa autoestima e dificuldade de concentração.
E os problemas não param por aí. “Em casos mais graves, pode levar ao isolamento social e ao aumento do risco de suicídio”, alerta Mariene.
Além disso, as dívidas podem gerar prejuízos à autoestima das pessoas idosas. “O endividamento pode afetar profundamente a autoestima do idoso, gerando uma sensação de fracasso por não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras”, aponta a psicóloga.
“Isso diminui a autoconfiança do idoso e pode abalar a confiança da família em sua capacidade de gestão. Além disso, a perda da autonomia financeira faz com que o idoso sinta que perdeu o controle sobre suas escolhas e, em alguns casos, até sobre sua própria rotina, passando a depender de outras pessoas”, amplia a especialista.
Dívidas e depressão
Também há relação entre dívidas e depressão. “O endividamento pode agravar transtornos mentais como depressão e ansiedade, elevando os níveis de estresse e preocupação com o pagamento de contas e dívidas”, destaca a psicóloga.
Desta forma, a situação pode gerar sentimento de culpa, comprometimento dos relacionamentos interpessoais e, em alguns casos, levar a comportamentos prejudiciais.
“O uso excessivo de álcool ou envolvimento com jogos de azar, na tentativa de aliviar a dor emocional”, podem se tornar medidas de escape nesses casos, conforme alerta a profissional.
Pressão familiar
Nesse contexto, a dependência financeira excessiva de filhos, netos ou outros familiares pode agravar os prejuízos emocionais vividos pelo idoso.
“Ele pode se sentir explorado, manipulado ou desrespeitado, o que pode gerar conflitos, ressentimentos e desgaste emocional. Além disso, essa situação pode configurar violência financeira e prejudicar o planejamento financeiro do idoso, comprometendo sua qualidade de vida”, pontua, ainda, Mariene.
O cenário pode afetar negativamente, também, o relacionamento familiar, trazendo consequências para todos os envolvidos.
Buscar ajuda
Por isso, a psicóloga destaca a importância de buscar ajuda.
“É fundamental cuidar da saúde física e mental, buscar apoio profissional — como psicólogos e, quando necessário, psiquiatras —, manter atividades prazerosas e evitar o isolamento social”, orienta a especialista.
“Conversar com familiares e amigos também é essencial nesse processo”, finaliza.
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