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Cotidiano

Franquias crescem, mas atendimento personalizado sustenta academias menores

Com ‘boom’ das academias de rede, empreendimentos menores buscam soluções para manter as portas abertas
Idaicy Solano -
academias academia
Com 'boom' das academias de rede, empreendimentos menores buscam se reinventar (Madu Livramento, Jornal Midiamax)

Nos últimos anos, tem testemunhado o fenômeno de expansão das academias de rede na cidade. Com investimentos milionários em estrutura e equipamentos, as franquias atraem a atenção dos consumidores, fazendo com que os empreendimentos menores do setor precisem se reinventar para driblar a concorrência. 

Conforme dados da Jucems (Junta Comercial de ), em 2024 houve o registro de 107 empreendimentos no setor de atividades físicas. Segundo os números analisados, o setor demonstra um movimento de crescimento desde o ano de 2020, em que atingiu a marca de 76 registros, seguido pelo ano de 2021 (77), 2022 (92) e 2023 (88). Este ano, até o momento houve o registro de 42 empreendimentos.

O presidente do CREF11/MS (Conselho Regional de Educação Física da 11ª Região – Mato Grosso do Sul), Joni Guimarães, comenta que a presença das academias de rede pode ser positiva para a população, pois a estrutura e planos oferecidos atraem pessoas que não têm o hábito de praticar exercícios físicos.

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Ele estima que o tempo de permanência dos consumidores nas academias de rede seja, em média, de até sete meses. Após esse período, ele avalia que a tendência é que os alunos procurem academias menores, que oferecem atendimento de melhor qualidade e são menos lotadas. Outro ponto positivo é a geração de empregos. 

“Quando as pessoas começam a se interessar pelo exercício físico e começam a ver a importância da orientação de um profissional, elas procuram as academias menores onde o atendimento é muito melhor, porque elas não conseguem isso nas academias de rede. E tanto essas academias como as academias menores, têm seu papel na sociedade. Essas academias de rede que estão chegando empregam muitos profissionais, então, isso também traz um benefício para a população”, avalia o presidente do Conselho.

Joni destaca que é natural que, ao abrir uma franquia, os alunos migrem para as grandes redes. No entanto, o presidente destaca que a concorrência pode ser boa, no sentido de incentivar os empreendimentos menores a se reinventarem. 

‘Impacto’ de academias franqueadas

O personal trainer Rafael Santos, de 37 anos, dono da Academia RP, comenta que é impossível as academias menores não sentirem o impacto da chegada das franquias. O principal motivo é o investimento milionário em equipamentos, estrutura e climatização.

Outro impacto é em relação à flexibilidade de pagamento das mensalidades. Enquanto franquias oferecem crédito recorrente e descontos em planos anuais e semestrais, as academias menores dependem de que o cliente pague a mensalidade todo mês. 

“Um prestador de serviço de médio e pequeno porte se desdobra muito mais para conseguir manter o seu empreendimento em pé. Ele não tem investimento, não tem investidores, então ele demonstra em cima da qualidade do serviço que ele presta. Nós, academias menores, estamos focados nisso”, expressa Rafael.  

No entanto, o empresário Igor Araújo, de 37 anos, dono da Academia G.A, enxerga o ‘boom’ das academias de rede como um fator positivo. Ele explica que com a chegada das franquias, muitas pessoas passaram a se interessar pela atividade física, e, consequentemente, procurarem as academias. 

“Os clientes acabam indo até as redes, e quando eles chegam lá, têm um alto padrão de equipamentos, porém, não tem qualidade de atendimento. Isso faz com que eles busquem outras academias, onde terão um atendimento e uma atenção maior”, explica. 

academia academias
Academias menores sentem impacto, mas buscam soluções (Henrique Arakaki, Arquivo Jornal Midiamax)

Empreendimentos apostam em pacotes e atendimento personalizado 

Ao perder ‘território’ para a concorrência, o dono da Academia Runners, Élcio de Oliveira Paiva, de 47 anos, decidiu sair da zona de conforto. A chegada das franquias fez ele perder em torno de 30% dos alunos. Para contornar as vantagens das franquias, o empresário decidiu apostar no formato de atendimento semipersonalizado. Além disso, também investiu em equipamentos de primeira linha, aumentou a equipe e ofereceu convênios e pacotes de aulas. 

“Cuidamos do cliente o mais de perto possível. Atualizamos os modelos de treino exclusivos, informatizamos com sistema apropriado para o ramo de academia. Investimos em redes sociais e mudamos toda a nossa estrutura física”, detalha Élcio.

Para Igor Araújo, criar um quadro de profissionais altamente capacitados e serviços exclusivos com metodologia própria foi a peça-chave para driblar a concorrência. O empresário diz que a vantagem das academias menores está na possibilidade de oferecer um serviço mais atencioso e personalizado. O que importa é fazer com que os alunos permaneçam matriculados. 

“Nas redes, você vai encontrar bons equipamentos, de última geração, porém não tem nenhum profissional auxiliando. Então é aí que as academias dos bairros têm vantagem. Você vai ter um professor para no máximo dez alunos. Então vai ter uma qualidade de serviço melhor do que qualquer rede em campo grande”, garante o empresário. 

Rafael Santos explica que não tem como competir com a estrutura das redes. O jeito é se reinventar e focar no objetivo dos alunos: qualidade de treino e resultado. O foco é voltado à qualidade na prestação dos serviços, para os alunos indicarem a academia para possíveis futuros alunos. 

“Nosso foco é a qualidade de atendimento. É externar a alunos os objetivos e as variedades de treinamentos que ele pode fazer na academia para alcançar os resultados. Enquanto ele estiver treinando conosco, a gente vai ficar forçando ele a melhorar”, garante Rafael. 

Academias investem em atendimento personalizado (Reprodução. Academia Runners)

Atendimento supera equipamentos modernos

A psicóloga Aline Vieira, de 36 anos, conta que o que mais lhe atraiu nas academias de rede foi a estrutura e a localização. A expectativa de mais comodidade e qualidade no treino, no entanto, foi bem diferente da realidade para ela. 

“A minha percepção da Academia de Rede é que é um atendimento mais frio, mais distante. Ali o aluno é mais um número, então não é a preocupação deles dar atenção. Foi bem decepcionante a minha experiência, porque você não tem suporte nenhum. Você chega, eles montam o seu treino e aí seja o que Deus quiser”, detalha.

No final, a psicóloga afirma que a qualidade no atendimento venceu a estrutura climatizada e com aparelhos modernos. “O professor está perto de você, orienta, monta o aparelho para você, explica como faz, fica cuidando para ver se você não vai fazer errado. Para mim, o que nenhuma academia de rede vai conseguir oferecer é isso, é o atendimento. Pode não ter a mesma estrutura como tem uma academia de rede, mas o atendimento faz toda a diferença”. 

O Nikollas Pellat, de 38 anos, relata que o que mais lhe atraiu nas academias de rede foi a flexibilidade de horário e estrutura. Para ele, a experiência negativa foi em relação à quantidade de instrutores não ser o suficiente para atender a quantidade de alunos durante o treino. Ele relata que nas academias de bairro os gestores são mais atenciosos com os alunos e se esforçam para que eles tenham um treino assistido. 

“Nas academias de rede você tem que saber o que faz e o que vai fazer, a não ser que contrate um personal particular. Na academia onde treino os fazem questão de conhecer os alunos. Eles estão sempre cuidando para não haver risco de alguém executar um exercício errado ou causar alguma lesão”.

Nikollas optou por uma academia menor por causa da qualidade de atendimento (Arquivo Pessoal)

Alunos prezam flexibilidade nas mensalidades e horários 

Aline Vieira expressa que um dos principais atrativos nas academias de rede são as modalidade de pagamento mais flexíveis. Além disso, ela cita os pacotes de treinamento, onde os alunos podem pagar um valor diferenciado em planos anuais, semestrais, trimestrais ou bimestrais. 

Para ela, as academias de bairro deveriam investir nesses pacotes para os alunos e em modalidades de pagamento como o crédito recorrente, por exemplo. “Ter um ar-condicionado ou não, acho que muitas vezes não faz a diferença para quem realmente busca fazer seu treino e ir embora. Mas a questão do pagamento seria uma boa ideia, e gradualmente, ir estruturando”. 

Já para o advogado Nikollas Pellat, as academias menores deveriam investir em equipamentos quando necessário e oferecer mais flexibilidade de horário. “As pessoas optam por treinar de noite porque a academia vai estar vazia e não está mais tão calor como nos períodos matutino e vespertino”.

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