Símbolo da memória campo-grandense, a Morada dos Baís deve, enfim, reabrir ao público em 2025. A previsão é que a retomada ocorra no 2° semestre deste ano, como programação do aniversário de Campo Grande, celebrado em 26 de agosto. Tombado como patrimônio histórico, o casarão amarelo localizado na Avenida Afonso Pena está há quatro anos fechado.
Apesar da expectativa pela reabertura, o local segue visivelmente deteriorado. Da pintura descascada à fachada incompleta, onde já não se lê com clareza o nome do local, quem passa por ali reconhece os sinais de abandono de um local que já foi o principal ponto de cultura da Capital e morada da artista plástica Lídia Baís.
Em nota, a Secult (Secretaria Executiva de Cultura) esclareceu que a Morada dos Baís ainda está passando por reparos e finalizações em sua estrutura. As intervenções visam garantir condições adequadas de segurança e preservação do patrimônio. Paralelamente, o processo de cedência das obras da artista Lídia Baís, que compõem parte importante do acervo permanente do local, já está na etapa final de tramitação, em andamento junto aos órgãos responsáveis.
“A previsão é que a reabertura da Morada dos Baís ocorra no segundo semestre deste ano”, disse em nota.
Reabertura estava prevista para após o Carnaval
Em fevereiro deste ano, o secretário municipal de Cultura, Valdir João Gomes de Oliveira, havia anunciado que a Morada dos Baís seria reaberta em até três meses. A retomada ocorreria logo após o Carnaval. No entanto, o prazo se esgotou sem que qualquer mudança efetivada.
Na ocasião, o secretário explicou que o imóvel passava por obras estruturais, necessárias após raízes de uma árvore comprometerem parte da construção. Também houve vazamentos no prédio, o que exigiu reparos adicionais.
Em 2024, a Secretaria de Cultura e Turismo informou que mesmo fechada, o prédio anexo seguia aberto à comercialização de artesanato local.
Possíveis parcerias
Desde o fim da parceria entre o Sesc Cultura e a Prefeitura de Campo Grande, em 2021, o centenário casarão — que resistiu ao tempo e às transformações da cidade — passou a integrar a lista de espaços culturais em desuso na Capital.
“Infelizmente, a pandemia de Covid-19 trouxe consigo diversos obstáculos, especialmente quanto à realização de eventos abertos ao público, inviabilizando as ações culturais previstas para a Morada dos Baís”, informou o Sesc em nota divulgada naquele ano.
Considerando que a instituição foi responsável pela gestão do espaço durante vários anos, o Jornal Midiamax questionou o Sesc sobre a possibilidade de retomar a parceria com a Prefeitura ou com outras entidades.
Em resposta, o Sesc MS afirmou reconhecer a relevância simbólica e afetiva da Morada dos Baís para a população de Campo Grande, assim como seu papel histórico na promoção da cultura e no fortalecimento da cena artística local.
“Acreditamos que espaços públicos como este devem ser preservados, valorizados e mantidos acessíveis, cumprindo sua função social com qualidade e segurança. O Sesc MS permanece aberto ao diálogo. Priorizamos parcerias institucionais que viabilizem ações conjuntas voltadas à cultura, ao lazer, à educação e ao bem-estar da comunidade”, destacou a instituição.
Embora a gestão, manutenção e reabertura desses espaços seja responsabilidade do poder público, o Sesc esclareceu que, sempre que houver condições adequadas de infraestrutura e um projeto sólido de cooperação, a instituição estará disposta a avaliar formas de colaboração que contribuam para a revitalização e o uso pleno de pontos culturais como a Morada dos Baís.
107 anos de Morada

Fundada em 1918 pelo primeiro intendente (prefeito) de Campo Grande, Bernardo Franco Baís, a Morada nasceu marcando um importante capítulo na história da cidade. O local foi o segundo sobrado do contexto urbano e o primeiro construído em alvenaria.
Além de sua importância arquitetônica, a Morada também foi o epicentro da cultura de Campo Grande. Foi lá que residiu Lídia Baís. Pintora, compositora e escritora que, com sua visão artística audaciosa, confrontou o conservadorismo arraigado na cidade, mas que ainda ecoa nos dias atuais.
Em 1938, Bernardo Baís, que sofria de problemas de audição, morreu após ser atropelado por uma locomotiva da Noroeste do Brasil, ferrovia que ajudou a construir. Com a morte do patriarca, o prédio foi então alugado a Nominando Pimentel, que estabeleceu ali a Pensão Pimentel.
A pensão operou no local, com diferentes proprietários, até 1979. Anos antes, em 1974, um incêndio de grandes proporções devastou o prédio. O fogo destruiu toda a estrutura de madeira do telhado, bem como as telhas de ardósia e os pisos.
Ao longo de seus 106 anos de história, o edifício passou por inúmeras transformações, servindo a diversos propósitos, como uma sapataria, escola de rádio e televisão, casa lotérica e alfaiataria, antes de cair em um período de abandono e depredação.
Em 4 de julho de 1986, o Decreto n° 5390 oficializou tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural de Campo Grande. A medida ocorreu durante a gestão do Prefeito Juvêncio César da Fonseca.
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