As UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande registraram uma baixa procura por atendimento em Campo Grande, na tarde desta sexta-feira (16). Na UPA Coronel Antonino, poucas pessoas aguardavam por atendimento na recepção, cenário diferente do encontrado pela reportagem no início da semana, quando a unidade estava com pacientes esperando até na calçada.
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Uma mulher, que precisou buscar atendimento após a filha sofrer uma crise alérgica, comentou que não demorou muito para a bebê ser consultada e medicada. “Até estranhamos, porque normalmente a unidade está cheia”, descreve.
Um bebê de um ano também havia acabado de receber alta, após ficar internado por causa de um quadro de pneumonia. Segundo relato da mãe, ela conseguiu todos os medicamentos de graça na unidade, e o tratamento irá continuar de casa, com antibióticos e inalação.
Na UPA Leblon, a reportagem conversou com uma mulher, que estava acompanhando o irmão de 63 anos, o qual está internado na unidade de saúde, após receber o diagnóstico de infecção urinária. Ela informou que eles aguardam a transferência para algum hospital, para dar sequência ao atendimento. “O meu irmão está sendo medicado, estão fazendo o que está a alcance deles.
A unidade estava com a recepção cheia, mas, conforme relato dos pacientes, o atendimento estava rápido. Também foi observado que a maioria dos pacientes aguardando atendimento eram adolescentes.

UPAs operam próximo à capacidade máxima
Crianças de 1 a 9 anos compõem a principal faixa etária dos casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) em Mato Grosso do Sul. Conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), só este grupo somava 584 casos confirmados.
A alta incidência dos casos lota as unidades de saúde de Campo Grande, e diariamente chegam relatos por meio do canal Fala Povo, a respeito das longas horas na fila de espera por atendimento.
Conforme apurado pela reportagem, o atendimento torna-se lento nas unidades porque há muita ficha amarela, ou seja, casos tratados como prioridade. Com tanta gente em situação de emergência, quem busca atendimento para situações menos graves precisa esperar mais. Quem é classificado na ala azul, por exemplo, pode esperar até 5 horas. Além disso, não há leitos, os hospitais estão superlotados.
Assim, embora a escala médica esteja completa, os casos mais graves requerem dedicação de muitos profissionais simultaneamente, o que resulta em atrasos. “É muita gente doente para poucos profissionais”, informa uma profissional que atua na linha de frente de uma unidade de saúde de Campo Grande.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), atualmente as UPAs operam próximas de sua capacidade máxima, o que levou a saúde a recorrer ao Plano de Contingência, após a publicação do Decreto de Situação de Emergência.
“O plano tem como objetivo reorganizar os fluxos assistenciais, ampliar os pontos de atendimento, em conformidade com os protocolos estabelecidos pelas regulações estadual e municipal. Todos os pacientes estão sendo acolhidos e encaminhados conforme o grau de urgência, garantindo atendimento no local mais apropriado às suas necessidades”, diz a nota encaminhada à imprensa.
Apesar da superlotação, ainda não há previsão da abertura de novos leitos. “A Sesau informa que mantém tratativas com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, com o objetivo de expandir a oferta de leitos no município”.

Superlotação na Santa Casa
Os atendimentos da Santa Casa permanecem suspensos, e isso acaba impactando a busca por atendimentos nas unidades de saúde. Conforme a direção do hospital referência, a situação está “abrandada”, porém não há data para que as atividades no setor sejam restabelecidas.
Em nota, a Santa Casa afirmou que a decisão de suspensão dos atendimentos “atinge em especial os pacientes ortopédicos”. Até que a situação seja normalizada, serão admitidos “apenas casos de urgência e emergência de referências exclusivas”.
Os atendimentos foram suspensos no sábado (10), em razão do desabastecimento grave de insumos no centro cirúrgico; risco iminente de desassistência grave; e potencial risco de agravamento clínico e óbito. Conforme a Santa Casa, cerca de 60 pacientes aguardam por cirurgias de urgência dentro do hospital. Cerca de 350 pacientes aguardam por marcação de cirurgia eletiva.
Com os atendimentos suspensos, mantêm-se apenas as emergências da neurocirurgia e IAM (infarto agudo do miocárdio) com Supra de ST, além do acompanhamento contínuo dos pacientes já internados ou em estado crítico sob cuidados da Santa Casa e suspeitas de SRAG (síndrome respiratória aguda grave), que tem afetado principalmente as crianças.
USFs operam em horário estendido
As USFs (Unidade de Saúde da Família) do Bairro Universitário, Los Angeles e Noroeste vão funcionar em horário estendido, até as 23h, com o intuito de promover mais facilidade e acesso da população campo-grandense ao atendimento.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, a estratégia foi adotada após um estudo realizado pela Sesau, que elenca em quais locais da cidade há uma maior busca por atendimento após o horário de expediente. “Assim, são abertas unidades chaves, com horário estendido, que irão atender o maior número possível de pacientes”, complementa.
A Sesau destaca que a medida visa atender casos de menor complexidade, como situações que, se encaminhadas às unidades 24 horas, receberão a classificação verde ou azul e terão um tempo de espera superior ao da unidade de saúde.
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