No ano passado, mais de 8,5 mil trabalhadores de Mato Grosso do Sul se afastaram de suas atividades laborais por doenças de cunho mental. Episódios depressivos e de ansiedade são os fatores que mais levaram trabalhadores a concessão de benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) no INSS (Instituto Nacional do Serviço Social).
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2024, foram 2.516 trabalhadores afastados das atividades por transtornos de ansiedade. Outros 2.408 pediram afastamento do trabalho por episódios depressivos. Os demais afastamentos de dão por transtorno depressivos recorrentes, transtorno bipolar, estresse grave, esquizofrenia e outros.
Nesta segunda-feira (10), o G1 publicou um especial sobre saúde mental, onde mostra que os afastamentos de Mato Grosso do Sul em 2024 representam mais que o dobro dos dados de Mato Grosso. Por lá, foram 4.069 afastamentos por saúde mental no ano.
Os dados da reportagem também mostram que o perfil de trabalhadores afastados por saúde mental é de mulheres (64), com idade média de 41 anos e sintomas de ansiedade e depressão.
Empresas terão que avaliar riscos psicossociais
A partir de 26 maio de 2025, as empresas brasileiras terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A exigência é fruto da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024.
A mudança destaca que riscos psicossociais, como estresse, assédio e carga mental excessiva, devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores como parte das medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.
Riscos psicossociais estão relacionados à organização do trabalho e às interações interpessoais no ambiente laboral. Eles incluem fatores como metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais e falta de autonomia no trabalho. Esses fatores podem causar estresse, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental nos trabalhadores.
Sobrecarga que afeta mulheres
A sobrecarga e múltiplas tarefas que afetam as mulheres são fatores que mais levam elas ao afastamento do trabalho por saúde mental. A situação está atrelada ao trabalho de cuidado, relacionado a casa, filhos e outros familiares.
Segundo a pesquisa “Esgotadas: o empobrecimento, sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres” da ONG Think Olga, a rotina de jornada dupla em casa e fora tem levado elas ao esgotamento mental. A pesquisa de 2022 revela que 86% das brasileiras consideram ter uma carga de responsabilidade, sendo 57% das com 36 a 55 anos responsáveis pelo cuidado de alguém.
Nesse contexto, a maioria dos lares brasileiros está liderada por mães solos e mulheres negras – as principais responsáveis financeiras e pelo cuidado do lar.
“A gente tem um recorte muito crítico para a realidade da mulher negra, às vezes com menor condição escolar e de remuneração. Logo, muitas vezes precisa-se fazer trabalhos extras para conseguir ser uma chefe de família e sustentar seus filhos, seus pais. É uma realidade muito endurecida, com uma rede de apoio muito menor pela condição social e econômica que a população negra se encontra no nosso país ainda, em condições, normalmente, de realidades muito violentas, traumáticas, de insegurança, de sobrecarga mental muito grande”, finaliza a socióloga.
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