Sem dinheiro para pagar fornecedores, a Santa Casa de Campo Grande teve a reposição de diversos materiais hospitalares suspensos, conforme denunciado por um funcionário de uma das empresas contratadas. Segundo o funcionário, responsável por cerca de 90% dos insumos usados em procedimentos de trauma, as reposições foram suspensas desde a última quinta-feira (31), devido à falta de pagamento.
A situação compromete o andamento dos atendimentos, principalmente na unidade de pronto-socorro do hospital, que atualmente atende, em média, 110 pacientes por dia, dos quais a maioria necessita de medicação imediata e cuidados contínuos, conforme apurado com o hospital.
Ainda conforme informado pelo funcionário, a Instituição também estaria enfrentando dificuldades para custear a aquisição de medicamentos básicos, insumos para cirurgias e insumos necessários para atender a ala de ortopedia.
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Hospital confirmou falta de insumos
Na última semana, a Santa Casa confirmou que alguns itens específicos do estoque hospitalar estão temporariamente em falta. O hospital alega que a situação persiste em decorrência de fatores relacionados principalmente ao subfinanciamento do SUS (Sistema Único de Saúde), que leva a grave déficit financeiro.
Conforme relato da funcionária do hospital, que denunciou a falta de insumos à reportagem, o hospital estava sem estoque de soro hospitalar de 100 ml, o que levou a equipe a utilizar as unidades de 1.000 ml. “Além disso, o soro está sendo liberado para antibiótico. Quem tem dor precisa tomar tramadol [analgésico]”, disse.
Santa Casa alega dificuldade financeira
Segundo apurado com a Santa Casa, a unidade enfrenta escassez de recursos e desafios operacionais. Além disso, o hospital relatou ao Jornal Midiamax que o contrato vigente com a Prefeitura Municipal está há mais de dois anos sem reajuste, o que compromete o financeiro da instituição, diante das demandas crescentes do SUS.
“A normalização dos serviços depende do equilíbrio econômico-financeiro, uma vez que isso garante o pagamento em dia aos prestadores de serviços, aos fornecedores, e, consequentemente, a chegada de materiais indispensáveis para a prestação de serviços de forma adequada. A instituição reforça que atravessa um momento delicado, que exige atenção e diálogo por parte dos gestores públicos para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços prestados”, diz a Santa Casa.
Por sua vez, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) declarou que a Prefeitura firmou, em fevereiro, um contrato com a Santa Casa de Campo Grande, o qual garante um repasse fixo mensal de R$ 1 milhão, totalizando R$ 12 milhões até o final de 2025.
“O compromisso teve início em fevereiro deste ano, como forma de fortalecer o custeio da unidade e assegurar a continuidade da assistência hospitalar à população. A Sesau reforça que a responsabilidade pela aquisição de insumos e medicamentos é da própria unidade hospitalar”, respondeu a Secretaria.
CPI da Santa Casa
Autor do requerimento para abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) a fim de investigar a Santa Casa, o vereador Rafael Tavares (PL) disse que a Procuradoria da Câmara deve apresentar a resposta sobre possíveis entraves jurídicos em agosto.
A Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Campo Grande recebeu oficialmente o requerimento para a abertura da CPI da Santa Casa da Capital no começo de junho.
Sendo assim, o requerimento se justifica na falta de transparência da entidade filantrópica, que afirma operar com um déficit de R$ 13 milhões mensais nos atendimentos via SUS.
Entre os objetivos da CPI, estão a apuração de irregularidades, problemas administrativos e financeiros, além da proposição de soluções.
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