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Dia do Orgasmo: desejo sexual depende de muitos fatores, mas medicamentos podem ser ‘entrave’

Criado em 1999, o Dia do Orgasmo é comemorado no dia 31 de julho
Karina Campos -
libido
"Não é só sobre sexo. Libido é sobre vitalidade" (Ilustração, Freepik)

Criado em 1999, o Dia do Orgasmo é comemorado no dia 31 de julho, na , para promover vendas em sex shops e como estratégia para tentar aumentar a comercialização de produtos eróticos. A data também funciona para outros fins: segundo o CEFI (Centro de Estudos da Família e do Indivíduo), celebrar o êxtase sexual também é importante, já que orgasmos são funções biológicas benéficas e indicativos de vários aspectos do desempenho sexual.

Da Inglaterra para os trópicos, a data também ganha espaço no Brasil e é oportunidade de tocar no assunto que, em muitas famílias, pouca gente comenta — seja por vergonha, seja por tabu.

E nesse sentido, engana-se quem acredita que o orgasmo está somente ligado a um ápice momentâneo de uma resposta do corpo. A sexualidade é uma parte essencial para uma melhor qualidade de vida e bem-estar. Contudo, em geral, o impacto do apetite sexual considera diversos fatores, como a idade, rotina das pessoas, psicológicos e o desequilíbrio hormonal.

Reflexo de fármacos

Um desses fatores é o uso de fármacos, que também podem afetar o desejo sexual de homens e mulheres. Maria Auxiliadora Budib, médica ginecologista, obstetra, professora adjunta da Faculdade de Medicina da (Universidade Federal de ) e vice-presidente da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), ressalta que a abordagem sobre os efeitos dos medicamentos e os seus impactos na saúde sexual é uma forma de cuidado integral com o paciente.

“Diversos psicofármacos, especialmente os antidepressivos e antipsicóticos, têm como efeito colateral frequente a redução da libido e outras disfunções sexuais. Isso se dá por sua ação nos neurotransmissores que regulam tanto o humor quanto o desejo e resposta sexual, como serotonina, dopamina e norepinefrina”.

Principais classes de medicamentos implicadas:

  • ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina): fluoxetina, sertralina, escitalopram – altamente associados à anorgasmia, retardo ejaculatório e diminuição do desejo.
  • IRSN (Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina): venlafaxina, duloxetina – menos frequentemente, mas também podem interferir.
  • Antipsicóticos (especialmente os típicos e risperidona) – podem elevar a prolactina e causar disfunção erétil, anorgasmia e amenorreia.
  • Estabilizadores de humor (ex: lítio) – interferem no prazer sexual e libido.
  • Ansiolíticos (benzodiazepínicos) – podem reduzir o interesse sexual por ação depressora do sistema nervoso central.
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Homens e mulheres apresentam sintomas sobre a falta de libido (Ilustrativa, Freepik)

Sintomas de ‘problemas’ sexuais

Assim, mulheres com disfunções sexuais mais comuns relacionadas ao uso de psicofármacos podem notar a ausência ou dificuldade de atingir o orgasmo, diminuição de libido, ressecamento vaginal e dificuldade de excitação. Enquanto isso, os homens podem apresentar disfunção erétil, retardo ou ausência de ejaculação, e também a redução da libido ou anorgasmia.

Contudo, Budib ressalta que algumas disfunções podem persistir mesmo após a suspensão do medicamento, a condição conhecida como PSSD (Post-SSRI Sexual Dysfunction), embora ainda controversa e pouco reconhecida oficialmente.

Portanto, o manejo ideal é multidisciplinar, pois envolve tanto a saúde mental quanto a saúde sexual e física. As principais especialidades envolvidas são:

  • Psiquiatria para o ajuste de dose, troca medicamentosa, prescrição de alternativas com menor impacto sexual.
  • Ginecologia/urologia para uma avaliação física e hormonal, tratamento de disfunções sexuais específicas.
  • Endocrinologia para investigação de alterações hormonais associadas ao uso de psicofármacos.
  • Sexologia médica ou terapeuta sexual para averiguar intervenções psicossociais e psicoterapêuticas específicas para disfunções sexuais.
  • Psicologia clínica para o apoio emocional, especialmente em casos de baixa autoestima, culpa ou impacto relacional.

O tabu que trava o cuidado

Dra. Amalia Kanomata, ginecologista especializada em terapia sexual, descreve que, apesar de assuntos relacionados à sexualidade estarem expostos nas mais variadas mídias, ainda é um tema extremamente envolto por tabus entre homens ou mulheres. Isso porque envolve uma série de questões multifacetadas e extremamente íntimas.

Além disso, o termo “libido” parece técnico ou distante para alguns pacientes. Contudo, a palavra descreve algo simples, o desejo. Kanomata explica que a origem da palavra é do latim e significa o “anseio, vontade, aquilo que move a gente por dentro”.

“Não é só sobre sexo. Libido é sobre vitalidade. É aquela faísca que acende o interesse, o toque, a intimidade, o prazer de estar presente no próprio corpo”.

“Quando a gente está bem, a libido flui naturalmente no olhar, no toque, no pensamento, no vínculo com o outro. Mas quando ela some, a gente sente. Às vezes, nem percebe de cara, mas algo muda: o corpo fica distante, a vontade desaparece, a conexão com o parceiro(a) fica mais fria… ou a gente simplesmente se sente ‘apagada’ por dentro”.

Libido é desejo

A especialista ainda menciona que existem inúmeras causas para a diminuição de libido e, geralmente, não existe um único fator envolvido. Entre as possíveis causas, os remédios podem mexer com a nossa libido.

“Antidepressivos, anticoncepcionais, ansiolíticos e vários outros que usamos no dia a dia podem afetar diretamente o desejo e, muitas vezes, isso nem é conversado nas consultas”.

“Lembrando que a doença que exige a utilização de determinados remédios também pode afetar diretamente a libido. Portanto, antes de simplesmente interromper seu uso pelo impacto negativo na vida sexual, é de extrema importância que se converse com seu médico sobre as possibilidades de tratamento. Ou busque auxílio de um médico especialista em saúde sexual para, em avaliação multidisciplinar, possa encontrar um melhor caminho para a sua dificuldade”.

Portanto, a boa notícia é que dá para cuidar. Libido não é um botão que permite ser “ligado ou desligado”. O desejo responde ao nosso corpo, às emoções, à rotina, aos hormônios, e merece atenção como qualquer outro sinal que o corpo dá.

“Não é frescura, não é ‘coisa da sua cabeça’, nem ‘fase normal’. É o seu corpo pedindo cuidado”, conclui a especialista.

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