Será que o fenômeno culinário chamado “morango do amor” pode esconder perigos que não percebemos à primeira vista? Profissionais do Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), em Campo Grande, apontam que “febres” como essa, geradas pelo aumento repentino na popularidade de um produto, pode gerar ansiedade e outras consequências mentais.
O psicólogo do Humap, Thiago Ayala, especialista em psicologia da saúde e terapia cognitivo comportamental, explica que, essas imagens e opiniões, de tanto se repetirem, fazem as pessoas acreditarem que realmente estão perdendo algo se não entrarem “na onda”.
“Isso ativa um desejo imediato de estar junto, de fazer parte. Não é só sobre o doce, é sobre não ficar de fora”, pontua o especialista.
“O tal do ‘todo mundo está indo’ parece criar uma pressão invisível, e aí você se pega numa fila quilométrica, gastando mais do que devia, só para provar o que viu nas redes sociais. É uma mistura de curiosidade com medo de ficar por fora da conversa. E nem sempre a gente percebe o quanto isso está nos guiando”, completa o psicólogo.
Consumo da moda e a frustração de não ter
Ayala ainda esclarece que, quando esse tipo de comportamento vira rotina, o de ir em busca de cada novidade, de cada “febre” da internet, outros sentimentos surgem como resposta a esse superestímulo, ou seja, a situação começa a ganhar um peso emocional, desencadeando frustrações.
“A questão não é o produto, mas a velocidade com que desejos são fabricados e descartados, como se fossem atualizações de aplicativo, e isso tudo tem impacto na nossa vida. Faz a gente gastar energia com o que é passageiro, deixa um gosto amargo de insatisfação quando aquilo não é tão incrível quanto parecia, e às vezes até atrapalha a saúde, o bolso, ou as relações”, analisa.
“Controlar esse impulso não é sobre se proibir de curtir as coisas, mas sobre pensar: eu quero isso mesmo, ou só quero sentir que estou por dentro?”, questiona o psicólogo.
Impacto calórico
Além dos impactos na saúde mental, “modas culinárias” como essa podem ainda gerar prejuízos à saúde física. Mesmo contendo fruta, não é aconselhável que o consumo do “morango do amor” seja feito em excesso ou com muita frequência.
A nutricionista do Humap, Laura Oliveira Pael, explica que o morango é uma fruta rica em vitamina C, antioxidantes e fibras, no entanto, o doce com o morango pode ter, em média, 300 calorias por unidade, ou mais, dependendo do tamanho.
“O consumo frequente pode causar picos de glicemia, ganho de peso, aumentar a resistência à insulina e agravar quadros de obesidade e levar ao desenvolvimento de diabetes”, alerta a especialista.
“Também pode alterar a permeabilidade intestinal, deixando o corpo suscetível ao desenvolvimento de doenças, como alergias e autoimunes”, completa a nutricionista.
“Além disso, é feito com alimentos ultraprocessados (leite condensado, creme de leite, açúcar refinado) o que vai contra as recomendações do Guia de Alimentação Saudável do Ministério da Saúde e recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, destaca Laura.
Como consumidor com sabedoria
Nas confeitarias, o “morango do amor” já gera a mesma correria que a Páscoa. Mas, para não comprometer a saúde, a especialista sugere o consumo de morango acompanhado de chocolate 70% cacau, creme de ricota ou iogurte natural sem açúcar e adoçante.
“Se for consumir o morango do amor, o ideal é consumi-lo após as principais refeições, nunca em jejum, para evitar pico de glicemia. O morango isoladamente é uma fruta pouco calórica, de baixo índice glicêmico e um aliado para alimentação adequada”, finaliza a nutricionista.
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