O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses tem reposicionado o Brasil como um fornecedor estratégico no comércio global de soja — especialmente para a China, maior compradora mundial do grão. Essa movimentação impacta diretamente os estados produtores do grão, como Mato Grosso do Sul, 5° maior produtor do país.
Segundo a Aprosoja/MS, o momento é ideal para que Mato Grosso do Sul amplie sua presença nos mercados internacionais. A entidade destaca que o Estado colheu mais de 12 milhões de toneladas de soja na safra 2023/2024 e projeta uma produção superior a 13 milhões de toneladas para 2024/2025, com base nos dados mais recentes do Projeto SIGA-MS.
“O Estado tem condições de escoamento, qualidade de produção e regularidade de fornecimento para atender a crescente demanda chinesa”, disse em nota.
Desafios climáticos

Até 4 de abril, 96,4% da área plantada em Mato Grosso do Sul já havia sido colhida, o que representa cerca de 4,3 milhões de hectares. As regiões Sul (97,5%) e Centro (96,8%) lideram a finalização dos trabalhos no campo.
Apesar do panorama positivo, a safra 2024/2025 em Mato Grosso do Sul enfrentou desafios climáticos. O Projeto SIGA-MS aponta que cerca de 2,3 milhões de hectares (52% da área total) foram afetados pelo estresse hídrico, principalmente as lavouras implantadas entre setembro e meados de outubro, que sofreram com a escassez de chuvas, especialmente em janeiro, um período crítico para o enchimento dos grãos.
No entanto, a resiliência do setor e as condições climáticas mais favoráveis em outras regiões do Estado contribuíram para uma perspectiva geral de crescimento. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima um aumento de 3,1% na área plantada em Mato Grosso do Sul, alcançando 4.253,4 mil hectares na safra 2024/25, ante os 4.124,3 mil hectares da safra anterior.
Além disso, a produtividade apresentou um incremento significativo de 12,6%, passando de 2.825 kg/ha para 3.180 kg/ha. Com isso, a produção total esperada para o Estado é de 13.525,8 mil toneladas, um salto de 16,1% em relação à safra 2023/24.
Guerra comercial entre China e EUA
A guerra comercial entre China e Estados Unidos provocou um aumento expressivo nas compras chinesas de soja brasileira. Conforme a Bloomberg, somente na última semana, a China contratou 2,4 milhões de toneladas do grão vindo do Brasil — quase um terço do volume mensal normalmente processado pelo país.
A soja é fundamental para a alimentação de suínos e aves na China, o que reforça a urgência por fornecedores confiáveis. Apesar disso, especialistas ponderam que a produção brasileira não substitui integralmente a dos Estados Unidos. Isso porque, enquanto o Brasil exporta mais no primeiro semestre, os EUA lideram os embarques no segundo semestre do ano, após a colheita americana.
Para a Aprosoja/MS, esse cenário reforça o protagonismo brasileiro no comércio internacional da soja.
“O aumento das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses pode beneficiar o mercado nacional, como fornecedor estratégico de soja para a China. À medida que países impactados pelas taxações americanas buscam fornecedores alternativos, o Brasil passa a ocupar um espaço cada vez mais relevante no comércio internacional”.
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