Duas crianças vieram a óbito em Mato Grosso do Sul, após serem picadas por escorpião. O intervalo entre os casos foi de somente três dias e reacendeu um alerta para prevenção contra acidentes envolvendo animais peçonhentos. Além disso, Mato Grosso do Sul é o estado brasileiro com maior número de acidentes com estes animais, conforme levantamento feito por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
O caso de óbito mais recente foi registrado nesta quarta-feira (6), após Adryan Souza Martins, de 5 anos, ser internado após uma picada do animal. Ele morreu no Hospital Universitário em Dourados, cidade a 226 quilômetros de Campo Grande. O segundo caso ocorreu no dia 3 de agosto e tirou a vida de Valentina Macedo, de 8 anos, moradora da cidade de Chapadão do Sul. A criança chegou a ficar internada em Campo Grande por uma semana, mas não resistiu.
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MS lidera ranking de acidentes no país
A taxa de acidentes com escorpiões por 100 mil habitantes cresceu 3.505,97% em Mato Grosso do Sul, entre 2007 e 2023, segundo dados levantados por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O estudo ainda revela que Mato Grosso do Sul foi o estado brasileiro que registrou o maior aumento proporcional do país nesse período.
O dado chama atenção por se tratar da taxa per capita, ou seja, proporcional à população, tornando o crescimento ainda mais significativo, já que não está ligado somente ao número absoluto de ocorrências.
O estudo abrange todos os estados brasileiros, entre os anos de 2007 e 2023, elaborado entre setembro de 2024 e abril de 2025, pelos pesquisadores Mauricio de Almeida Gomes e Rafael Dettogni Guariento, ambos professores do Laboratório de Ecologia do Inbio (Instituto de Biociências) da UFMS.
Mesmo em meses fora da temporada de calor e chuvas, a população ainda deve ficar em alerta. Conforme a CVSAT (Coordenadoria Estadual de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica) da SES (Secretaria de Estado de Saúde), 3 em cada 4 acidentes com animais peçonhentos são de escorpiões, conforme dados registrados no Estado em 2023 e 2024, com 13.227 notificações.
Ainda segundo a coordenadoria, no período entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, foram registrados 6.101 acidentes com escorpiões. Os municípios com maior número de casos foram Campo Grande (1.888), seguido por Três Lagoas (518), Dourados (261), Brasilândia (183) e Paranaíba (170).
Espécies mais comuns em MS e onde habitam
As principais espécies encontradas no estado são o Tityus confluens (escorpião-amarelo), que provoca acidentes moderados; o Tityus serrulatus (escorpião-amarelo), que pode causar acidentes moderados a graves, com necessidade de internação; e o Tityus bahiensis (escorpião-marrom), também responsável por casos graves, especialmente entre crianças e idosos, que são mais vulneráveis ao agravamento dos sintomas.
Os escorpiões costumam se esconder em locais escuros, úmidos e com fácil acesso a alimento, como baratas. São encontrados com frequência em redes de esgoto, ralos, entulhos, caixas de gordura, bueiros, materiais de construção e também em áreas rurais, onde há acúmulo de madeira, folhas secas e pedras. A capacidade de adaptação a diferentes ambientes exige atenção durante todo o ano, tanto nas cidades quanto no campo.
Como evitar o aparecimento de escorpiões em casa?
A recomendação principal é manter a casa limpa e organizada, eliminando pequenos esconderijos. Os escorpiões costumam se esconder em locais escuros, úmidos e com fácil acesso a alimento, podendo ser encontrados em redes de esgoto, ralos, entulhos, caixas de gordura, bueiros, materiais de construção e também em áreas rurais, onde há acúmulo de madeira, folhas secas e pedras.
Para evitar o acesso destes animais, é recomendado vedar ralos e frestas, assim como o uso de telas em ralos, pias e tanques. Em áreas rurais, é importante preservar os predadores de escorpiões, como lagartos, sapos e aves com hábitos noturnos.
Além disso, é essencial:
- Evitar acúmulo de entulhos, restos de construção, folhas secas e lixo;
- Checar as roupas, calçados e toalhas antes de usá-los;
- Afastar camas e berços das paredes e evitar que os lençóis fiquem em contato com o chão;
- Manter quintais limpos e a grama aparada;
- Consertar rodapés estragados, pois o escorpião pode se manter entre o piso e o rodapé;
- Não pendurar roupas nas paredes;
- Combater a proliferação de baratas, pois são a principal fonte de alimento dos escorpiões;
- Usar água sanitária nos ralos e nas frestas de portas;
- Instalar barreiras mecânicas nas portas;
- Fechar frestas e rachaduras nas paredes;
- Manter o ralo do banheiro fechado após o banho e vedar bem as caixas de gordura;
- Usar luvas e calçados fechados quando for realizar atividades como jardinagem, retirada de entulhos e materiais de construção.

O que fazer em caso de picada?
Em caso de acidente, a recomendação é buscar imediatamente atendimento médico em uma unidade pública de saúde e não aplicar remédios caseiros ou substâncias no local da picada, para não agravar a situação da vítima. Entre os sintomas de picada por escorpião, estão: dor imediata, sudorese, vômitos, tremores e insuficiência cardíaca congestiva.
Como manipular o animal?
Se possível, é recomendado fazer a captura do escorpião, sempre prezando a segurança. A melhor forma de fazer o extermínio é golpear o animal com força, utilizando um objeto rígido e com uma haste longa, para evitar contato direto. Não é recomendado fazer o uso de inseticida ou produto químico para eliminar o escorpião, pois eles são resistentes a venenos.
Ao matar, a CCZ (Coordenadoria de Controle Zoonoses) pede que o morador tire uma foto e a encaminhe à central, para ser feita a identificação da espécie, ou, então, armazená-lo em um pote/frasco com álcool e levar o animal até a CCZ.
Em caso de dúvidas sobre o animal, é possível entrar em contato com o Ciatox pelos telefones: (67) 3386-8655 e 0800-722-6001 e 150. A equipe oferece teleatendimento aos profissionais de saúde, diagnóstico e identificação de animais peçonhentos e plantas tóxicas.
Além disso, a CCZ realiza vistorias em locais com infestação de animais peçonhentos e oferece canais de contato para a população pelos telefones (67) 2020-1796, (67) 2020-1802 ou (67) 3313-5000, e pelo WhatsApp (67) 2020-1796.
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