Aos 61 anos e após ter enfrentado e vencido dois cânceres, Joilda Julieta Meire, descobriu mais um tumor. Dessa vez, era o fígado afetado pela doença. Confiante, forte e alegre, a idosa viu a situação como mais uma fase, mas havia um complicador: a necessidade de medicamento de alto custo não disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).
Em 1° de outubro de 2024, um médico do Hospital do Câncer de Campo Grande que a atendia emitiu um laudo sobre suas condições de saúde e solicitando o medicamento Fulvestranto, como tratamento eficaz e menos tóxico que a quimioterapia. Pelo histórico de câncer de mama, pulmão e metástase nos ossos, o tratamento tradicional não fazia mais efeito.

O documento é claro em dois pontos: “indicação baseada em bula, com estudo bem desenhado e coerente com a indicação da paciente” e “caso não inicie o medicamento o mais breve, existe risco de progressão da doença e consequente óbito”.
As filhas de Joilda agiram rápido e, em novembro, entraram com pedido de solicitação do remédio na Justiça, via Defensoria Pública. Elas reuniram toda a documentação e estavam otimistas com o medicamento. Nove meses se passaram, o remédio não chegou, dona Joilda morreu.

Espera dolorida
Foram meses de ansiedade, angústia, correria e esperança que deram lugar ao luto e à revolta. Três dias após enterrarem a mãe, as filhas Josiane e Gabriela receberam o Jornal Midiamax para falar sobre o caso.
Dona Joilda enfrentou os outros tumores com muita força e resiliência. Mas sem o medicamento adequado, o câncer avançou rápido e, em meses, as filhas viram a mãe sucumbir.
Ela conta que a mãe sempre teve esperança de conseguir o remédio, que aguardava ansiosa, tamanha sua vontade de viver. Mas, em julho, já muito debilitada, precisou de internação. Após 12 dias no hospital, não resistiu e faleceu em 4 de agosto de 2025.
“A gente se sente negligenciado, porque é um atendimento desumano, desqualificado”, disse Josiane, ainda muito abalada. “É um abuso psicológico com a família e o paciente, muito difícil”, diz Gabriela.
Processo interminável
O processo de pedido de remédio na Justiça, iniciado em 31 de outubro de 2024, segue até hoje, sem a liberação efetiva do medicamento ou dos valores necessários para aquisição. Desde então, foram dezenas de movimentações por parte da defensoria, justiça e Estado, sem resultado.
Em fevereiro deste ano, a justiça emitiu uma decisão com mandado de segurança para aquisição do medicamento ou sequestro de bens. A família comemorou, acreditando que seriam dias até a decisão final.
Mas o Estado recorreu da decisão, questionou sobre a eficácia do medicamento e os custos. E no vai e vem processual, a saúde de Joilda não aguentou. Agora a família quer que a população saiba do caso, para que outras pessoas não passem pelo mesmo.
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