A PMA (Polícia Militar Ambiental) divulgou, nesta segunda-feira (28), o registro da captura de um gambá, encontrado na lavanderia de um salão de beleza do Centro. De janeiro a junho deste ano, mais de 500 animais foram resgatados na área urbana de Campo Grande, com aves liderando os recolhimentos.
Conforme o registro no salão de beleza, a funcionária da limpeza do estabelecimento encontrou o gambá, por volta das 6h, dormindo no lixo da lavanderia. Apesar da cena inusitada, ela é mais comum do que se imagina. Muitos animais silvestres convivem diariamente com as pessoas na área urbana.
A PMA atendeu 1.513 ocorrências envolvendo fauna silvestre na Bacia do Paraguai. Desse total, 277 animais estavam saudáveis e 158 apresentavam ferimentos. As aves lideraram os resgates, representando 53% dos atendimentos.
Em Campo Grande, foram registradas 559 ocorrências, com 176 animais resgatados em boas condições e 131 feridos. As aves também foram maioria, correspondendo a 59% dos casos, seguidas por mamíferos (24%) e répteis (17%). Segundo a PMA, em cerca de 20% dos casos, os animais não precisaram de captura.
Mais comum do que parece
Algumas ocorrências têm suas particularidades. Em abril, foi encontrada em Campo Grande uma serpente embaixo de um veículo, no bairro Parque Novo Século. Era um filhote de sucuri de aproximadamente 50 centímetros, que se abrigou no filtro de ar do carro. O dono do veículo estava retornando da chácara na área rural e acredita que o animal “pegou uma carona” até cidade. A cobra foi resgatada sem ferimentos.
Já em uma loja de utilidades na Avenida Costa e Silva foi encontrada uma filhote de cascavel, de 80 centímetros. Ela estava dentro do estabelecimento e assustou os funcionários e clientes. Também foi capturada com segurança.
Há muitas dúvidas sobre o que fazer quando encontrar um animal silvestre pelas ruas, nas repartições comerciais ou até dentro das residências. A PMA orienta a população a entrar em contato com a instituição, porque nem sempre o procedimento adequado será a captura.

Orientações
Apesar do primeiro instinto de muitos ser de acolher o animal e acionar o resgate, a melhor opção é deixar que o animal siga seu caminho, sem qualquer interferência na sua rotina. Eles saem atrás de alimento e em alguns casos levam também para seus filhotes, em ninhos que podem estar por perto.
O envio de equipe para captura ocorre, na maioria dos casos, quando o animal estiver machucado, precisando de tratamento. Ou se oferece riscos às pessoas ou até a ele próprio, por estar preso em algum local, gerando pânico nas pessoas.
No caso do gambá em um salão de beleza na área central de Campo Grande, os policiais optaram pelo recolhimento, já que não conseguia sair do espaço por conta própria e o local estava cheio, podendo haver uma locomoção inadequada.
“Ele deve ter chegado de noite e não conseguiu sair. Como é algo diferente, as meninas se assustaram, a moça quase passou mal. Então, ligamos primeiro para os bombeiros e eles nos informaram que deveríamos entrar em contato com a PMA. Fizemos a foto do animal, mandamos e depois a equipe veio fazer a captura. Agora já sabemos como funciona o procedimento, caso aconteça novamente”, contou Leonardo Martinez, cabeleireiro do salão.
Não mexa no animal silvestre
Quem coordenou a ocorrência foi sargento da PMA Wagner da Silva Azevedo. “Ao encontrar o animal silvestre nossa recomendação é ligar para corporação. Já orientamos a não mexer no animal. Após pegar as informações, definimos como vamos proceder. Neste caso específico viemos buscar o gambá porque estava preso, em um ambiente comercial cheio, as pessoas se assustam e têm medo de ataque. Nós vamos fazer a reintrodução ao seu habitat. Eles (gambás) tem hábitos noturnos, saem atrás de comida a noite. Não são agressivos, mas se alguém quiser pegar ele, pode morder por um instinto de defesa”.
Se estiver ferido, a PMA encaminha o animal até o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) para o devido tratamento. Contudo, a captura não é a melhor alternativa, até porque o procedimento pode machucar e ferir o animal, sendo melhor deixar ele seguir pela cidade.
Animal silvestre não é pet
Cada vez mais as pessoas estão apegadas aos seus animais domésticos, que são cuidados com todo carinho e atenção. No entanto, a PMA esclarece que um animal silvestre não pode ser tratado como pet. Muitas vezes, ao encontrá-los nas ruas ou vê-los feridos, as pessoas querem pegar e até fazer carinho. Não pode. O ato de dar comida inclusive é considerado crime.
Conforme a PMA, o aparecimento de animais silvestres é algo comum, principalmente perto de reservas florestais, rios e córregos. Muitos têm uma convivência harmônica com os seres humanos. As faunas vivem em área urbana e os animais estão adaptados, como é o caso dos próprios gambás, capivaras e quatis.
Caso tenha uma residência perto destes locais, a recomendação é evitar deixar rações espalhadas ou comida pelo quintal, que podem atrair estes animais. Evita inclusive incidente com os pets (gatos e cachorros), que ao encontrá-los pode gerar um confronto.
Períodos
A população também deve saber que existem períodos sazonais, como a reprodução de aves a partir de setembro, em que filhotes se machucam quando estão aprendendo a voar. Algumas vezes, não é necessário interferir neste processo, por isso cada caso que envolve a possível captura será avaliado pela PMA.
Já foram encontrados animais silvestres em locais de difícil acesso, como telhados, forros de imóveis ou comércio. É importante esclarecer que os policiais ambientais estarão no local, com o devido equipamento para fazer a captura, mas não são responsáveis por destelhamento, abertura de forro, ou qualquer ação deste tipo. O proprietário terá que contratar profissionais para realizar este procedimento.
A PMA está disponível para chamadas no telefone (67) 9 9984-5013.
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