Açúcares e melaços estão entre os 4 principais produtos vendidos por Mato Grosso do Sul ao mercado internacional. Como China e Estados Unidos são os dois maiores compradores de produtos agropecuários do Estado, o setor sucroalcooleiro de Mato Grosso do Sul vê com preocupação o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
De janeiro a junho deste ano, Mato Grosso do Sul vendeu US$ 253,9 milhões em açúcares e melaços, o que equivale a cerca de R$ 1,4 bilhão e a um volume de 567.571 toneladas.
Os dados são da Carta de Conjuntura do Setor Externo de Junho, divulgada neste mês de julho pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), com base em dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Conforme o levantamento, os cinco principais produtos exportados pelo Estado neste período foram celulose, soja, carne bovina fresca, açúcares e melaços e, por fim, farelo de soja.
Impactos da taxação no setor
Para a Biosul, entidade que representa as usinas de açúcar e etanol que operam no Estado, o momento é de preocupação para o setor diante do anúncio de taxação de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida deve começar a valer no dia 1º de agosto.
“A Biosul acompanha com atenção os desdobramentos das medidas anunciadas pelos Estados Unidos em relação às exportações brasileiras, incluindo a abertura de investigação e a aplicação de tarifas adicionais”, disse a entidade, por nota.
Atualmente, os Estados Unidos não compram etanol de Mato Grosso do Sul e apenas 2,2% do açúcar embarcado por MS teve como destino os EUA.
Apesar disso, o tarifaço fecha esse mercado para a indústria sucroalcooleira no Estado e, em nível nacional, a medida trumpista enfraquece o setor.
“Embora esse volume seja relativamente pequeno, a aplicação da tarifa adicional de 50%
pode inviabilizar o envio do produto ao mercado americano. Além disso, trata-se de um tema
relevante para o setor de bioenergia no âmbito nacional, com impacto mais sensível especialmente
na região Nordeste”, diz a Biosul.
Segundo a entidade, a expectativa é de que os países consigam dialogar para reverter o cenário. “Reforçamos a importância do diálogo técnico e diplomático entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, com vistas à construção de soluções equilibradas e que reconheçam o papel estratégico do etanol para a transição energética e o desenvolvimento sustentável.”
Lei da Reciprocidade
Na terça-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) regulamentou a Lei da Reciprocidade Comercial (ou Econômica) em publicação no DOU (Diário Oficial da União).
O Decreto n° 12.551 permite a suspensão de “concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional”.
A Biosul explica que, atualmente, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol importado dos Estados Unidos. Medida que, para a entidade, “é legítima e fundamentada”.
“Trata-se de um instrumento de política comercial que busca garantir isonomia competitiva, proteger a produção nacional e preservar a previsibilidade de um setor essencial para a segurança energética do país e a redução das emissões de carbono”, finaliza a nota.
Produção de etanol em MS
Atualmente, Mato Grosso do Sul tem 22 unidades em operação que garantem uma produção de 4,3 bilhões de litros de etanol e 2 milhões de toneladas de açúcar, conforme a safra 2024/2025, finalizada em março deste ano. São 33 mil empregos formais gerados pelo setor no Estado.
A produção de cana-de-açúcar de MS foi de 48,3 milhões de toneladas. Com isso, a cana tem participação de 15% na matriz elétrica do Estado. Em 2023, foram 2.200 GWh exportados, o equivalente ao consumo residencial de todo o Estado por um ano inteiro.
*Matéria editada às 11:05 do dia 18/07 para correção sobre volume de açúcar exportado aos EUA.
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