As recomendações para cirurgia bariátrica foram atualizadas e ampliaram o acesso ao procedimento em todo o país. Adolescentes com 14 anos ou mais, em casos graves de obesidade, podem fazer a cirurgia, e o IMC foi reduzido, aumentando o número de potenciais pacientes. Quem trabalha com o setor acredita que as mudanças atendem à demanda da sociedade.
Mato Grosso do Sul tem somente 25,8% da população no peso considerado ideal. Os dados, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, mostram que quase 2% estão abaixo do peso e mais de 70% da população apresenta algum grau de sobrepeso ou obesidade.
A situação não é diferente entre os jovens. Segundo o Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, Mato Grosso do Sul tem número de adolescentes com obesidade. Em escala grave, o estado está acima da média nacional.
Os dados de 2025 apontam haver 5,7 mil adolescentes com obesidade, representando 12,3% da população. A média nacional é de 11,3%. Assim, a obesidade grave atinge 1,8 mil adolescentes de Mato Grosso do Sul ou 4% da população.
A estatística se repete em Campo Grande, onde a população com obesidade grau 1, 2 e 3 atinge percentuais acima da média nacional. Nesse contexto, com as novas regras, pacientes com IMC entre 30 e 35 passam a ser elegíveis à cirurgia bariátrica, caso sejam diabéticos do tipo 2 ou apresentem outras comorbidades.
Número crescente de bariátricas
Em todo o ano passado, 126 procedimentos cirúrgicos ocorreram na rede estadual, segundo dados da SES (Secretaria de Saúde de MS). Este ano, o número de bariátricas já soma 17 intervenções. O programa estadual de redução de filas incorporou o procedimento em 2024 — desde então, o total de bariátricas já é de 248 cirurgias.
Atualmente, há 366 pacientes aguardando o agendamento do procedimento. Em Mato Grosso do Sul, as cirurgias bariátricas via SUS (Sistema Único de Saúde) ocorrem no Hospital Universitário, no Hospital Regional Rosa Pedrossian e no Hospital Adventista do Pênfigo em Campo Grande. No interior, ocorrem no Hospital Regional da Costa Leste Magid Thomé e Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Três Lagoas.
Em 2024, os pacientes que passaram por cirurgias bariátricas tinham entre 22 e 65 anos. Porém, dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostram que a grande maioria das cirurgias ocorrem em hospitais particulares, com custeio por planos de saúde.
HU é referência em bariátrica
Gabriel Martin Lauar é cirurgião bariátrico e membro da equipe cirúrgica do Hospital Universitário de Campo Grande, uma das pioneiras no procedimento no Estado. Por lá, cerca de 100 pacientes por ano passam pela redução de estômago, com técnicas de vídeo e nas modalidades sleeve gástrico e bypass gástrico.

Assim, o médico especialista acredita que a nova resolução do CFM contribui para ampliar o acesso dos pacientes à bariátrica, que é uma ferramenta importante no combate da obesidade.
“Isso é muito importante, principalmente para os pacientes com a doença metabólica, relacionada ao diabetes, além do acesso maior aos pacientes adolescentes a partir dos 14 anos. Esses casos têm que ser muito bem estudados para indicar cirurgia, mas agora também esses pacientes teriam acesso”, explica.
Ainda conforme o médico, a resolução possibilita o uso de técnicas cirúrgicas ainda mais modernas e menos invasivas, como o balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica. “Acredito que essa resolução é muito positiva e fico muito satisfeito de ver que contempla o Hospital Universitário, que dispõe de uma equipe multidisciplinar excelente”, destaca.
Assim, a recomendação para a cirurgia, bem como o pós-operatório, tem acompanhamento por diversos profissionais, entre área médica, enfermagem, nutrição, educação física e outros. “O paciente passa por uma transformação muito grande antes, durante e após a cirurgia, quando ele é acompanhado por cerca de mais dois anos após o procedimento com a nossa equipe da cirurgia bariátrica”, afirma o médico.
Bariátrica x canetas emagrecedoras
Nesse contexto, em meio à popularização do uso de canetas emagrecedoras, uma pergunta fica no ar. Elas podem substituir a cirurgia bariátrica? O nutricionista de Campo Grande Emerson Duarte explica os prós e contras das modalidades de emagrecimento.
A principal diferença entre as formas de emagrecimento rápido é o acompanhamento. Diferentemente das canetas, encontradas facilmente nas farmácias, com retenção de receita ou não, a bariátrica exige equipe multidisciplinar.

“Até a pessoa conseguir fazer uma cirurgia bariátrica, precisa passar por seis especialistas diferentes, em que a gente emite laudos para esse paciente, realmente provando que ele precisa. Só faz a cirurgia se realmente está com agravos muito relevantes para a saúde dele”, explica Emerson.
Já as canetas podem ser encontradas até fruto de contrabando, com preço baixo, mas sem informações básicas de procedência e armazenagem. “Agora, a caneta, qualquer um está podendo comprar, sem ter patologias necessárias suficientes para poder usá-las. E a caneta é igual a uma droga, está tendo tráfico; enfim, ela está trazendo muito mais problemas do que solução para a saúde da pessoa”, destaca o nutricionista.
Além disso, sem recomendação e acompanhamento médico, o uso das canetas emagrecedoras pode gerar muitas consequências. O efeito sanfona, que é o reganho de peso, é o menor deles. Os efeitos colaterais incluem desde náusea e diarreia, até problemas renais e câncer.
✅ Siga o @midiamax no Instagram
Fique por dentro de tudo que acontece em Mato Grosso do Sul, no Brasil e no mundo! No perfil do @midiamax você encontra notícias quentinhas, vídeos informativos, coberturas em tempo real e muito mais! 📰
🎁 E não para por aí! Temos sorteios, promoções e até bastidores exclusivos para você!