Aos 55 anos, o chargista Milton César encerrou sua trajetória sendo exemplo de artista e pensador crítico, para muitos ilustradores de Mato Grosso do Sul. Passar 20 anos produzindo charges diariamente e vivendo da própria arte é uma conquista e inspiração para quem hoje lida com as “ameaças” da IA (inteligência artificial).
Jornalista e ilustrador, Norberto Liberator afirma que Milton César era “grande inspiração para chargistas do Mato Grosso do Sul e também do Brasil” e classifica a morte como uma perda enorme para a arte, o jornalismo e o pensamento crítico.
Membro-fundador da Revista Badaró, Norberto recorda uma história do colega. “Meu pai tem uma oficina e eles sempre assinaram jornais para os clientes lerem enquanto esperavam, principalmente quando não existiam smartphones. Ele sempre trazia porque sabia que eu gostava das charges”, disse ele.
Talvez pela proximidade e pelo exemplo, Norberto aprendeu cedo a reconhecer o traço de Milton e já pensava que era isso que queria fazer como profissão.
O chargista Ricardo Mayeda corrobora e diz que “Milton foi inspiração muito antes de pensar em ser chargista um dia. Acompanhava o trabalho dele dos tempos do jornal impresso”, conta o colega de profissão.
Apesar do pouco contato pessoal, Ricardo afirma que Milton sempre foi humilde, mesmo sendo referência. “Era um cara autêntico, de talento ímpar, que, em vários momentos da minha carreira, me peguei pensando: como o Milton abordaria este assunto?”, disse.

Inteligência artificial e seus desafios
Conforme a inteligência artificial avança, os desafios para artistas também. Criar uma ilustração ou mesmo uma charge está a poucos cliques de distância. Mas será que a IA pode substituir o trabalho manual e o pensamento crítico desses artistas?
Norberto Liberator não acredita que a IA vá acabar com o trabalho de chargistas e ilustradores, mas vai aumentar a régua e exigir mais criatividade, assim como ocorreu com a fotografia, em relação ao desenho.
“Cada vez mais, os profissionais terão que se provar enquanto originais e insubstituíveis, seja pelo traço, pelas ideias ou por ambos, como era o caso do Milton e de outros como o Ique, talvez o maior expoente sul-mato-grossense da área”, destaca o jornalista e ilustrador.
O ilustrador e quadrinista Anderson Barboza concorda e afirma que a IA, apesar das facilidades, não tem o principal do trabalho de um ilustrador ou chargista, que é a sua identidade.
“O artista cria considerando toda sua história de vida, visão de mundo, personalidade, que estão impressos em seus traços e ideias aplicadas em seus trabalhos. Essa personalidade é humana e, por mais perfeita que seja uma ilustração em IA, ela não trará essa característica”, destaca Anderson.

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