Foi ao descobrir o diagnóstico de câncer de uma amiga que Marilza Eleoterio de Barcelos Silva decidiu usar o talento como cabeleireira e megahista para criar cabelos sustentáveis de fibra de banana, em Campo Grande. Há sete anos, a empreendedora da comunidade Lagoa Park transformou o mercado da beleza em Campo Grande.
Quem observa os cabelos, de vários tons, sedosos e macios, não imagina que a produção da fibra natural se tornou um desafio pessoal, com muitos testes caseiros, em 2018. Ela teve a ideia de utilizar a fibra da bananeira ao cortar um cacho de banana, observar alguns fios e se perguntar: será que é possível usá-los como cabelo?
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“Comecei a tirar os fios, fiz testes com produtos caseiros, fui tentando até que cheguei a um resultado em que o cabelo ficou macio, sedoso. Usei em mim, na minha irmã, em vizinhos, em amigos, só para ver o que eles achavam. Não cobrei nada, só para receber o feedback mesmo, se ficava bom, se gostavam, se comprariam”.
Sustentável
Perucas com cabelos orgânicos têm alto custo. Entretanto, Marilza persistiu na proposta, especialmente entre as mulheres negras, que lidam com os desafios de tempo na manutenção do cabelo afro. A empreendedora ainda aperfeiçoou o fio até alcançar um resultado com textura maleável, resistência e com aparência semelhante ao cabelo natural.
“Como eu era megahista, minhas clientes procuravam muito por um cabelo que durasse. O cabelo humano dura, só que ele é muito caro. Então, elas queriam algo mais acessível. Como eu também usava mega hair, fui testando a durabilidade e o que era mais prático de usar, porque a gente acorda cedo e é uma hora, no mínimo, para arrumar o cabelo afro e conseguir deixá-lo do jeito que você quer para sair de casa e ir trabalhar. Esse cabelo veio para ajudar também as mulheres negras nisso: economizar tempo e dinheiro”, conta.

A produção, além de ter baixo custo para as clientes em comparação aos apliques feitos com cabelo humano, um dos maiores trunfos do fio vegetal é a sustentabilidade. Por se tratar de um material biodegradável, ele se decompõe em poucos dias e não representa risco ambiental ao ser descartado.
“Quando a pessoa não quiser mais usar, os fios levam oito dias para se decompor na natureza. Então, ele não agride, e tem também a facilidade de encontrar a matéria-prima, pois, no nosso país, a fibra de bananeira é jogada fora. Então, essa é outra vantagem: a gente encontra fácil, ele se decompõe rápido, tem boa durabilidade e é um produto mais em conta. Temos vantagem em tudo”.
Modelo de negócio
Marilza profissionalizou o produto e criou o negócio “Meus Cabelos, Meus Fios”. Desde o ano passado, ela é acompanhada pelo programa Inova Cerrado, uma iniciativa do Sebrae-MS em parceria com o Governo do Estado, por meio da Semadesc e Fundect, voltada ao fomento de soluções em bioeconomia.
Transformação da ideia em negócio conseguiu dar os primeiros passos rumo à estruturação da ideia. Após receber consultoria especializada, na primeira fase do programa, o trabalho de Marilza foi reconhecido como o segundo melhor projeto participante, com a premiação de R$ 10 mil para investimento no negócio.
Agora, a criadora trabalha para aprimorar as etapas de produção dos apliques e extensões capilares de base vegetal para possibilitar a comercialização. No futuro, ela pretende internacionalizar o negócio.
“Tenho um propósito de exportação. Participei de uma rodada de negócios no Amapá e, quando estive lá, recebi diversas propostas. Vejo que, o meu produto não é só para ficar no mercado interno, há interesse do mercado internacional”, conclui.
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