A organização do I Workshop Internacional ‘Conflitos com Grandes Felinos: Riscos, Causas e Soluções’, fará convite aos representantes de comunidades ribeirinhas para compor um dos painéis do evento. A novidade foi informada pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), após repercussão das críticas dos povos ribeirinhos ao evento, no Jornal Midiamax.
Conforme anunciou o Instituto, pelo menos três representantes deverão participar do evento, sendo que um deles ainda será convidado para compor o painel 7, intitulado ‘Estratégias Integradas para a Coexistência com Grandes Felinos: Caso Corumbá‘. Os convites, bem como a logística para trazer os convidados, já que as comunidades vivem em áreas remotas no Pantanal, já estão em andamento.
O Instituto afirma que o convite ‘tardio’ se deu ao fato de que, inicialmente, o evento havia sido pensado para ser mais técnico, trazendo apenas profissionais com ‘muita experiência no assunto’.
“Após o relato imediatamente nos reunimos com o comitê organizador e decidimos trazer, com recursos do evento, ao menos 3 representantes de ribeirinhos e comunidades tradicionais. Ao decorrer da construção do evento, percebemos que abrir para atores locais que lidam com estes conflitos seria uma maneira ainda mais enriquecedora e inclusiva”, destacou Gustavo Figuerôa, diretor de comunicação do IHP.
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Entenda
Sem mencionar a presença de comunidades locais que convivem em regiões com maior incidência e perigo de ataques de onças, autoridades ambientais anunciaram que Campo Grande vai sediar um evento que irá debater a preservação e a prevenção de ataques de grandes felinos.
O evento, inédito no Brasil, será realizado entre os dias 26 e 27 de agosto, a fim de discutir estratégias e soluções para garantir tanto a segurança da população quanto a conservação de grandes predadores da fauna brasileira, além de ações estratégicas para prevenir ataques e promover a convivência segura com esses animais.
Apesar de positiva a iniciativa, ribeirinhos criticaram o foco exclusivo na onça, justificando que a discussão deve levar em conta todo o ecossistema do bioma, e solicitaram a inclusão de comunidades locais nas decisões sobre o Pantanal.
Ribeirinhos pedem voz nas decisões ambientais
A artesã e presidente do Renascer Pantanal, Associação de Artesãs da Barra do São Lourenço, Leonida Aires de Souza, de 59 anos, revela que a comunidade nunca foi procurada para participar dos debates acerca do cotidiano de quem, realmente, convive com a vida selvagem diariamente. “Nunca fomos ouvidos, na verdade”.
A comunidade ribeirinha Barra do São Lourenço está localizada em Corumbá, na margem esquerda do Rio Paraguai, próximo à confluência com o Rio Cuiabá, na fronteira entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para chegar lá, só por barco ou avião. Isolados, até o acesso à internet é um desafio, considerando que o sinal não chega a muitas casas.
A artesã reforça, ainda, que a população local também faz parte do bioma, merecendo ser respeitada e levada em consideração na tomada de decisões ambientais.
“A gente se sente bem entristecido, decepcionado, porque a gente gostaria muito que eles [autoridades] nos levassem mais a sério. Não estou falando que eles não estão fazendo nada, mas eles poderiam estar mais presentes nas comunidades, ajudando a comunidade de alguma forma. E isso não está acontecendo. E, se vêm aqui, só vêm repórter e alguns pesquisadores, não tem nada concreto. Aí eles fazem reuniões entre eles, e a gente acaba ficando de fora. Isso é uma situação que nos deixa muito tristes”, expressa Leonilda.

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