A passos lentos — é assim que os comerciantes descrevem a execução do projeto de requalificação da área pública do terminal rodoviário Heitor Eduardo Laburu, mais conhecido como a antiga rodoviária de Campo Grande. O contrato de revitalização, firmado em 13 de junho de 2022 com a empresa NXS Engenharia Eirelli (CNPJ: 08.013.483/0001-70), previa conclusão em 360 dias; no entanto, quase três anos depois e mais de R$ 24 milhões liberados, apenas 44% do projeto foi executado.
Segundo dados do Portal da Transparência da Prefeitura, a administração municipal assinou o contrato por R$ 16.598.808,77. Ao longo da execução, a Prefeitura ativou R$ 7.673.422,21 em aditivos, totalizando R$ 24.272.230,98 destinados à requalificação da área pública do prédio. Até o momento, empenhou R$ 14.865.585,08.
Com 56% do projeto ainda pendente, o contrato com a NXS Engenharia Eirelli está perto de vencer. A vigência segue até 29 de julho deste ano, contudo, a Prefeitura pode prorrogá-lo e realizar novos aditivos; afinal, conforme a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), ainda há muito o que fazer.
A pasta responsável pelo projeto informa que, atualmente, a obra está na fase de instalação de piso e de acabamentos e que ainda falta construir acessos, calçadas externas e fachada. Sobre o atraso, a Sisep justifica a “necessidade de se fazer a reprogramação do projeto para alguns ajustes como, por exemplo, na obra da fundação”.

Tapumes escondem comerciantes
Enquanto a revitalização não termina, comerciantes da região sofrem. Escondidos atrás de tapumes, usados para isolar a obra, pequenos empresários anseiam pela entrega do projeto. Entre eles, a expectativa é de que os trabalhos sejam concluídos entre setembro e outubro de 2025, mas a Prefeitura ainda não definiu uma data exata.
“Estão andando a passos de tartaruga. Falam que vão entregar entre setembro e outubro, mas sempre adiam a entrega, então, ninguém sabe mais quando vão realmente terminar. Enquanto isso, a gente continua aqui, esperando que concluam logo, para que as coisas possam melhorar para nós”, afirma um empresário que atua no local há três anos.
Além da indefinição sobre o prazo de conclusão, outra questão perturba os comerciantes: os tapumes usados para isolar a obra. Ainda que sem intenção, a estrutura metálica esconde os comércios ativos no local. Entre muitos, esse é o caso da comerciante Giovana Ajala, que administra a empresa de transportes da família.
“Estamos aqui há 15 anos, mas, com esses tapumes, ninguém mais vê que continuamos aqui. Isso atrapalha muito. Muitos clientes deixaram de vir porque ficamos muito escondidos aqui. Nossa esperança é que terminem para que possamos ter de volta o movimento que tínhamos”, desabafa.

Esperança se mistura com nostalgia dos bons tempos
Os comerciantes da região acreditam que a revitalização do prédio pode trazer dias melhores para a economia local, que, assim como a obra, avança lentamente.
“Acredito que essa reforma pode trazer de volta os bons tempos, de quando a gente conseguia manter a família. Hoje, quando vendo muito, é R$ 70 no dia. Tenho sorte de não depender dessa renda, porque tem dias em que não vendo nada. Eu só não fecho porque aqui é meu. Tenho duas salas comerciais e não quero ficar parado em casa, sem fazer nada”, justifica o empresário, que mantém o comércio há 36 anos.
Comerciante e síndico, Paulo Pereira também deseja a conclusão da obra. “Estamos esperando que a Prefeitura conclua. Aqui é um lugar bom para trabalhar e para comprar. Estamos trabalhando para que as pessoas entendam isso”, frisa.
A esperança dos comerciantes tem fundamento. A revitalização busca atrair investimentos e aumentar a circulação de pessoas no entorno da antiga rodoviária, que fechou as portas há quase 16 anos.

Revitalização
O município é responsável por 5,1 mil dos 30 mil metros quadrados da área. Na Rua Joaquim Nabuco, entre as antigas plataformas de embarque e desembarque dos ônibus do transporte municipal, a Prefeitura construirá um novo espaço para a Guarda Civil Metropolitana e instalará a sede da Funsat (Fundação Social do Trabalho).
Na outra área pública que margeia a Rua Vasconcelos Fernandes, onde funcionava o antigo terminal de ônibus do transporte coletivo, a administração municipal implantará um estacionamento que operará em horário comercial.
Além disso, de acordo com o projeto, as equipes nivelarão o piso para transformá-lo em um espaço para eventos. O projeto também prevê a instalação de blocos intertravados, semelhantes aos que foram usados na revitalização da Rua 14 de Julho.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura não respondeu sobre o prazo para conclusão do pojeto. O espaço segue aberto para manifestações.
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