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Cotidiano

1º de abril: Fake news une grupos com visões similares sobre realidades distorcidas

Apesar de muita gente levar o 1º de abril na brincadeira, desinformações espalhadas sem critério podem prejudicar a sociedade como um todo
Schimene Weber -
Imagem Ilustrativa (Reprodução, Agência Senado)

Prepare o desconfiômetro. No dia 1º de abril, o tradicional Dia da Mentira, ninguém estará a salvo das pegadinhas que desafiam nossa capacidade de duvidar – seja em escritórios, reuniões familiares, grupos de WhatsApp e todo e qualquer ambiente virtual.

O problema é quando as mentiras ultrapassam a data e perdem o tom jocoso e acabam até mesmo criando sentidos paralelos à realidade. É o caso das fake news, notícias falsas cada vez mais sofisticadas, e podem ter consequências nefastas.

E tudo vem da mentira, a habilidade discursiva de subverter o real. Apontada por segmentos científicos como um motor da humanidade, por desenvolver até mesmo o instinto de sobrevivência da espécie, a mentira também pode ser carregada por um sentido moral negativo.

São fatos: na sociedade ocidental e cristã, mentir é pecado. Em culturas orientais, pode ser até mesmo justificada quando evita conflitos e protege a honra. Na ciência, é tida como parte intrínseca do “eu” e propulsor da sobrevivência das espécies – inclusive a humana. Mas tudo isso tem um ponto: se na atualidade mente-se tanto, é porque, de alguma forma, é fácil nos enganar.

Isloany Machado, Mestre em Psicologia pela (Universidade Federal de ), psicanalista e escritora, trata a mentira como uma parte da história da humanidade.

“É importante ressaltar que o ser humano é um ser de linguagem. Isso, talvez, seja a nossa principal diferença em comparação aos outros animais. Voltando no tempo, quando desenvolvemos um sistema de linguagem, quando já é possível dar nome às coisas, quando representá-las com palavras, já pode existir um breve descolamento da realidade”, explica.

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A profissional explica que quando o ser humano descobre que pode nomear algo, como o caso da pedra, ele pode começar a criar histórias, dando sentido a uma realidade material.

“Mas há o além. O rio, a árvore, o céu. Então, conseguimos criar narrativas, que também podemos chamar de ficção. Como a gente constrói a nossa própria história, a partir do que a gente ouve e vê, é muito singular. A partir disso, podem surgir essas mentiras que, muitas vezes, para nossa cabeça, não são mentiras”, resume.

É por isso que, muitas vezes, de acordo com Isloany, cada um tem uma interpretação de uma determinada situação. Uma brincadeira de dia da mentira que, para uma pessoa, pode parecer inofensiva, para outra, pode significar algo mais sério.

É nesse contexto que as fake news ganham espaço e, com elas, os danos recorrentes tanto da informação desqualificada ou enganosa, como na credibilidade das instituições, como a imprensa.

Compreendendo o fenômeno das fake news

Camila Andrade Zanin, doutoranda em Comunicação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), estuda processos de desinformação, em que está inserida a fake news.

“O problema é grande e os assuntos parecem ser complexos, mas a única forma para sobreviver a essa situação é tentando compreender o que é a desinformação, o modus operandi, como se propaga, qual o contexto em que é produzida e como atualmente circula no mundo on e off”, relata.

Zanin também destaca que a prática da desinformação é antiga, e que a mentira era usada como uma arma política na Grécia e Roma antigas, com difamações entre aqueles que estavam nas disputas pelo poder.

“Quando a gente estuda a história, percebe que situações semelhantes envolvendo estratégias de discursos vazios se repetem constantemente em todos os períodos, e em todas as partes do globo. O que a gente precisa compreender e precisa ficar claro: o fenômeno da desinformação tem uma dimensão política inevitavelmente, porque tenta manipular a realidade para despertar determinados efeitos nos receptores da mensagem, na audiência, ou seja, em nós. Com o intuito de manipular, intoxicar e distrair a opinião pública e o desenvolvimento de políticas públicas”, pontua.

Ainda segundo Zanin, no nosso ecossistema comunicacional digital, associado principalmente a dispositivos digitais móveis, e as mídias sociais digitais, houve mudanças no debate na esfera pública, como: desintermediação das fontes, excesso de conteúdo e a possibilidade de qualquer pessoa produzir e disseminar conteúdos.

“As fake news, especificamente em sua forma de conteúdo falsos, mimetizam uma notícia jornalística dos pontos de vista estético e estilístico, ou seja, disfarçados de linguagem jornalística, que são conteúdos que tendem a ir de encontro às emoções dos indivíduos, voltadas a validar narrativas e crenças pré-estabelecidas e fortalecer uma determinada posição no contexto polarizado”, sintetizou.

Fenômeno antigo ganhou força na atualidade

Ainda sobre as fake news e o fenômeno da desinformação que, embora antigo, continue presente na atualidade, conforme Zanin, a verdade é que vivemos uma “crise da verdade” que precisa ser combatida continuamente.

“A população começa a desconfiar e descreditar as instituições que eram estabelecidas como campos da verdade – mídia, instituições judiciárias, formuladores de políticas públicas, ciência e universidades. E esse ecossistema acaba produzindo delírio coletivo e polarizado, onde eu preciso atacar o outro para me garantir, para continuar seguro do que eu sou e acredito. Não é à toa que a desinformação e o discurso de ódio se retroalimentam, porque a desinformação usa narrativas alarmistas, que confundem e ajudam a reforçar crenças e preconceitos, sendo que muitas delas são construídas a partir de discursos odiosos que tentam justificar a brutalidade, agressividade contra determinados grupos (racismo, homofobia, xenofobia)”, finalizou.

A pesquisadora ressalta que a melhor forma de fugir da desinformação é com pequenas atitudes diárias:

  • Verifique a fonte;
  • Analise o conteúdo;
  • Desconfie de informações genéricas;
  • Cuidado com lideranças políticas, religiosas e influenciadores digitais;
  • Cuidado com imagens e vídeos;
  • Nunca compartilhe nada sem verificar;
  • Tenha uma observação crítica do conteúdo que você vê;
  • Use ferramentas de verificação, como a Agência Lupa;
  • Faça uma reflexão do conteúdo que você está consumindo.

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