Vai dar para ver? Observação do raríssimo ‘Cometa do Século’ pode frustrar em MS
Cometa poderá ser visto a olho nu se visibilidade de fumaça e nebulosidade não forem empecilhos
Karina Campos –
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Há uma grande expectativa para observação do raríssimo Cometa do Século, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan–ATLAS). Contudo, há dois empecilhos cruciais que podem frustrar a visibilidade do evento astronômico com potencial de marco para 2024: o aumento de nebulosidade da frente fria e a fumaça das queimadas.
A aproximação do cometa acontece neste domingo (15). O astrônomo do Observatório Nacional, Dr. Filipe Monteiro, diz que a máxima aproximação da Terra será a uma distância de 0,472764 Unidades Astronômicas, ou 70.724.459 quilômetros.
“Desde agosto até a última semana de setembro o cometa ficará ofuscado pelo brilho do Sol, pois está muito aparentemente muito próximo do Sol, dificultando a sua observação. A partir da última semana de setembro, por volta do dia 22, o cometa poderá ser visto no céu ao amanhecer. No entanto, ele voltará a ficar muito próximo do Sol entre os dias 7 e 11 de outubro. Em seguida, ele se afastará novamente e, a partir de então, o cometa poderá ser visto logo após o pôr do sol”.
Vale lembrar que a observação a olho nu de fenômenos astronômicos são imprevisíveis. Portanto, é possível que haja a necessidade de fazer uso de outros instrumentos, tais como binóculos e telescópios.
“Os observadores deverão olhar para o horizonte oeste, na mesma direção do pôr do sol, para ver o cometa. O cometa está visível um pouco antes do amanhecer no final de setembro e logo após o pôr do Sol, quando transitará pelas constelações de Virgem (em setembro), Serpente e Ofiúco (outubro). A maior dificuldade será encontrar um lugar com o horizonte oeste livre, visto que o cometa está muito baixo no céu, numa altura de até 30 graus”, destacou o astrônomo.
‘Limpeza’ da fumaça
Desde a última sexta-feira (13) e sábado (14), o avanço da frente fria favorece a possibilidade de chuva, com destaque para a região sul e sudeste. Logo, essa chuva pode amenizar a quantidade de fumaça na atmosfera.
Com a chuva, outro fenômeno pode ser registrado, a ‘chuva preta’, quando a fuligem e poeira da fumaça são acumuladas nas gotas de água.
O meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinícius Sperling, explica que os modelos de monitoramento, atualizados a cada seis horas, indicam que a chuva vem para o Estado, com maiores chances para a região sul, entretanto, menores possibilidades para a área central, pantaneira e norte do Estado.
Sperling exemplifica que há um cobertor de fumaça sobre o Estado, das queimadas, poluição e poeira. As nuvens ficam acima dessa cortina, consequentemente, a queda da chuva também. Quando começa a chover, as gotas passam pela camada de fumaça e acabam “colhendo” essa fuligem.
“Tem outros fatores também. A atmosfera está muito carregada de material particulado, poeira em suspensão, fuligem das queimadas. A seca prolongada também deixa partículas sólidas de poeira em suspensão na atmosfera, mas, claro, que a chuva preta está mais associada à fuligem das queimadas, mas também essa questão da poeira também é coletada nessas primeiras chuvas, após o período prolongado de seca e queimados”, descreve.
Frente fria aumenta nebulosidade
Apesar da chuva amenizar a fumaça, a frente fria também pode se tornar um filtro para a visibilidade do cometa. Isso porque quanto maior o avanço da passagem do sistema meteorológico, aumenta também as nuvens, logo, cobrindo o céu.
O Cemtec revela que o fim de semana pode ser chuvoso e com aumento de nebulosidade. No domingo, a chance de chuva aumenta devido ao aumento do fluxo de umidade, a presença de um cavado em médios níveis da atmosfera e a frente fria que estará se deslocando no oceano Atlântico.
Com aumento de nebulosidade e possibilidade de chuva na metade sul do Mato Grosso do Sul, os índices de umidade relativa do ar apresentam uma melhora, com valores acima de 40 e 50%.
Por outro lado, nas regiões Norte e Nordeste do Estado, não se espera a ocorrência de chuvas, devido a um longo período de estiagem, caracterizado por altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. Porém, não se descarta aumento de nebulosidade e pancadas de chuvas na região de Três Lagoas.
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