Seca extrema afeta até girassóis e prejudica atração anual do campo-grandense

A falta de chuva e o calor extremo prejudicaram o desenvolvimento da lavoura de girassóis mais conhecida da cidade

Jennifer Ribeiro – 04/09/2024 – 12:56

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Plantação de girassol (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Visitado anualmente por centenas de campo-grandenses, este ano o campo de girassóis, localizado na saída para Sidrolândia, recebe seus espectadores de maneira diferente, um pouco mais tímido. É que com a seca histórica que assola Mato Grosso do Sul, as flores, que sempre foram motivo de contemplação, em 2024, não se desenvolveram tão bem.

O amarelo vibrante ainda encanta, mas, para quem já visitou em anos anteriores, a surpresa acontece logo na entrada da Fazenda Cinco Estrelas. Se antes as flores alçavam tamanhos superiores a 1 metro de altura, hoje, elas estão menores, com as pétalas bem murchas e muito mais espaçadas. Tudo é resultado de um ciclo de plantio que, por 75 dias, não recebeu chuva.

Para o Jornal Midiamax, o proprietário da Fazenda, João Carlos Libreloto Stefanello, explicou que os ciclos de plantio estão críticos desde o final de 2023, quando plantaram soja. Segundo ele, desde que comprou a fazenda em 1982, nunca havia presenciado uma seca tão radical.

João Carlos Libreloto Stefanello (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

“Antes do girassol, plantamos soja. Nessa fazenda, especificamente, quando a soja estava pronta para colher no começo do ano, já sofrida pela seca, colhemos 30% e começou a chover 15 dias sem parar. Não foi uma chuva contínua, mas todo dia caía uma água. Somando deu uns 200 milímetros. Sem dia de sol para passar a máquina, perdemos uns 30% da safrinha que já nem estava boa”, explica.

“Depois, o sol voltou, o solo ficou úmido e ótimo para plantio do girassol. Só que depois disso não choveu por mais 75 dias, foi chover só agora nessas duas últimas ondas de frio. Esse girassol passou metade da vida, que é de 130 dias, sem ver água”, acrescenta.

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Plantio de girassol não foi como o esperado

Na fazenda o solo não é regular, por isso os girassóis se desenvolveram de maneiras distintas em cada parte do terreno. No início dele, onde o solo é mais seco, muitas plantas cresceram e morreram; algumas demoraram a nascer e cresceram pouco; e muitas cresceram, mas não como o esperado.

Mais ao fundo, perto da usina e da propriedade, o solo é mais alto e naturalmente úmido. Conseguindo reter por mais tempo a água da última chuva, as flores se desenvolveram bem e até rememoram a imagem que temos de safras anteriores, com flores de caules mais longos.

Conforme João Carlos, 90% da plantação só floriu porque o plantio foi realizado em solo úmido. Caso isso não tivesse ocorrido, provavelmente não haveria colheita. Isso, claro, pode impactar nos lucros do empresário.

“A soja plantada antes, mais ou menos pagou a despesa. Já o girassol, se der uma chuva nos próximos dias, vai ajudar bastante. Se não chover mais em setembro, certamente teremos prejuízo. Se chover, talvez custeie os investimentos no plantio. Com certeza o lucro não será alto, tudo dependerá também da oferta e procura, porque não sabemos, por quanto conseguiremos vender”, lamenta.

Plantação está mais espaçada, se comparada aos anos anteriores (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Seca impacta na saúde e desenvolvimento dos girassóis

O proprietário explica que nos 400 hectares de fazenda, atualmente há girassol – em maior quantidade – trigo, centeio e cevada. Recentemente João também plantou painça, mas com a seca, não vingou. Lá duas variedades de girassol são plantadas: uma para consumo humano e para passarinhos, e outro, para passarinhos e fabricação de óleo.

“O girassol precisa de pouca umidade se comparado a outras plantas. Se fosse milho ali, teríamos prejuízo. Elas estão nascendo assim porque, quando a planta começa a se desenvolver com pouca água ela encolhe, se fecha e cresce lentamente, para gastar pouca água, economizando energia para produzir grãos. É uma maneira de defesa dela”, explica.

Conforme o produtor, se não bastasse a incerteza de um lucro significativo, pela falta de água, muitas flores desenvolveram fungo na base, deixando os girassóis pretos por baixo.

“Quando o ciclo começa a encerrar, as folhas ficam amarelas, não pretas. Aquilo é um fungo que afeta diretamente as sementes, caso subam. Então, tivemos que usar fungicida duas vezes, mais um prejuízo”.

A entrada de visitantes continua liberada?

Sim! Visitar o local para garantir bons cliques está liberado, porém, respeitando a propriedade e o plantio. Os campo-grandenses que quiserem visitar têm até 10 de outubro, porque após a data, a colheita será realizada.

“Cuidando, todos podem ir. Inclusive este ano está até mais fácil para fazer as fotos porque, nos anos anteriores, era tudo muito juntinho e os girassóis passavam de 1 metro. Agora não, eles estão mais baixos e espaçados, fica mais fácil para as pessoas passarem entre eles”, pontua.

Apesar do cenário crítico, João garante: ano que vem tem mais!

Cuidados ao visitar a propriedade

  • Tenha atenção ao estacionar e respeite o perímetro em que as flores estão. Não estacione de qualquer jeito, de forma que danifique as flores;
  • O mesmo vale ao caminhar pela trilha. Evite pisar nas flores;
  • Não colha as flores.

O que você não pode deixar de levar

Assim como em qualquer passeio pela natureza, ao visitar a plantação de girassóis é importante que você esteja preparado para fazer um passeio de forma confortável. Aos alérgicos, principalmente, não deixe de levar um repelente. Devido às flores, a presença de diversos insetos, inclusive abelhas, é inevitável. Não se esqueça de uma garrafa de água e claro, do protetor solar, mesmo que a ideia seja fotografar no pôr do sol.

Precisa de permissão para entrar?

A resposta é não. Embora seja uma propriedade privada, não se paga nada para entrar, e o acesso é liberado para qualquer pessoa que queira contemplar a vista. No entanto, é indispensável preservar toda a plantação e não atrapalhar os negócios da fazenda.

plantação de girassol
Plantação mais robusta, com flores maiores, em 2023 (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Dicas de fotografia

É claro que além de contemplar, você não vai deixar de registrar a beleza natural do lugar. Então, aqui vão algumas dicas de fotografia para você garantir fotos belíssimas.

  • Com certeza o melhor horário é durante o nascer e o pôr do sol, então priorize esses horários.
  • Escolha roupas confortáveis e dê preferências para as claras e harmônicas, combinando e valorizando o ambiente. Mulheres podem usar os cabelos soltos e aproveitar o vento para conseguir lindas fotos. Maquiagem leve é a escolha perfeita para as fotos no campo.
  • Evite as fotos posadas. Fotos espontâneas, do grupo rindo, brincando e se divertindo, são sempre as melhores opções.
  • Se você for fotografar com o celular, não se esqueça de limpar sua lente e conferir o foco da câmera. São eles os responsáveis por fotos nítidas, sem borrões e com boa qualidade.

Como chegar lá

O acesso à estrada que leva a Fazenda Cinco Estrelas fica no lado direito da BR-060, entre Campo Grande e Sidrolândia, apenas 7 quilômetros após a rotatória do anel rodoviário da saída para Sidrolândia. Depois é só dirigir por mais 6 quilômetros pela estrada de terra até a Subestação Imbirussú e logo você verá, a esquerda, a imensa plantação.

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