Problemas nos rins e fígado: uso incorreto de Whey Protein e Creatina pode prejudicar a saúde

Nutricionista e médico de MS explicam como deve ser feita a ingestão desses suplementos proteicos populares em academias

Thalya Godoy – 14/01/2024 – 10:40

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Suplementos são usados por quem faz atividade física. (Scott Webb, Pixabay)

O uso dos suplementos proteicos Whey Protein e Creatina é popular entre aqueles que fazem atividade física, especialmente entre adeptos de academia, praticantes de musculação. Energia, disposição e melhora na massa muscular são alguns dos benefícios que atraem o público e fazem com que esses produtos sejam incorporados na dieta. 

A estudante Rafaela Alvarenga, de 25 anos, faz uso dos dois suplementos há quase três anos e conta que foi perceptível a mudança no rendimento e resultados em comparação com 2017, quando iniciou na musculação. 

“Se eu comparar minha força e o ganho muscular que tive, principalmente, usando a creatina, a diferença é bem notória. A função dela é justamente promover aumento de força e da quantidade de músculo, e realmente usufruo desses dois principais resultados”, relata. 

Ela toma diariamente a creatina mesmo quando não vai para a academia, enquanto o whey é reservado para os dias de musculação. A estudante conta que nunca teve problemas de saúde relacionados aos produtos, mas já leu sobre os efeitos colaterais em alguns usuários.

“Já ouvi dizer que creatina dá pedra no rim, queda de cabelo, mas nunca tive nenhum problema quanto a isso. Atualmente, a dosagem que tomo é a indicada pelo meu nutricionista”, aponta. 

Suplementos são para todos?

Esses suplementos podem ser ingeridos sem restrições? Especialistas ouvidos pelo Jornal Midiamax explicam que o consumo deve ser feito com moderação e, a depender do caso, com acompanhamento médico.

O Whey Protein é um suplemento derivado do soro do leite e tem entre os benefícios a preservação e melhora da massa muscular. Já a creatina é um aminoácido utilizado como fonte de energia para as fibras musculares. 

Conforme explica o médico urologista João Juveniz, os dois produtos são indicados para pessoas fisicamente ativas, e desejam melhorar o desempenho muscular, desde que não tenham nenhum grau de comprometimento da função hepática ou renal.

Produtos ajudam na performance da atividade física. (Scott Webb, Pixabay)

“O consumo destas substâncias sem atividade física regular faz com que o músculo não capte essa substância, aumentando a disponibilidade para o metabolismo do fígado. Os derivados como amônia e ureia sobrecarregam a função hepática e renal, podendo causar complicações”, explica.

Assim, o excesso de creatina ou de Whey Protein por pessoas sedentárias, ou que praticam pouca atividade física, pode sobrecarregar o metabolismo hepático. Entre os prejuízos estão:

  • Complicações da ordem colestática como lama biliar, cálculo de vesícula biliar, hepatopatias e alterações pancreáticas;
  • Sobrecarga renal, complicando com aumento na formação de cálculo renal, redução de função renal e até insuficiência do órgão;
  • Aumento na formação de acne e desordens na pele;
  • Alterações intestinais.

Outra restrição é para quem tem desordens disabsortivas como doenças inflamatórias intestinais ou SII (Síndrome do Intestino Irritável). Esse grupo pode fazer o uso desde que não tenha alergia a nenhum dos componentes e tenha o acompanhamento de um nutricionista.

“A dose de uso diário precisa ser controlada e exames periódicos precisam ser feitos para avaliar a função renal e hepática. Como pode mudar a flora microbiana, sempre avaliar mudanças no hábito intestinal para evitar constipação ou diarreia em excesso”, explica o médico. 

Qual a dose recomendada de Whey e Creatina?

A nutricionista clínica estética, Isabella Alves da Silva, ajuda a diferenciar Whey de Creatina. O primeiro é uma proteína em pó que auxilia no ganho de força e massa muscular e regeneração das fibras musculares. 

Ele também seria um ótimo suplemento usado para o emagrecimento, pois aumenta a saciedade, melhora a resistência à insulina e a saúde óssea pela concentração de cálcio. 

Já a creatina é um aminoácido utilizado como fonte de energia para as fibras musculares, que melhora a força, resistência, fadiga durante o treino e recuperação pós-treino. Além disso, tem um papel fundamental na função cognitiva. 

“Se você tivesse que investir em uma única opção, indicaria a creatina, pelo aumento imediato de força e energia. No caso do Whey, é apenas uma opção de fonte de proteína em pó para recuperação da massa muscular. Sendo assim, com mais praticidade para o dia a dia, podendo utilizar várias receitas”, orienta.  

Ela explica que os suplementos podem ser usados por todo tipo de público, com exceção de pacientes com doenças graves ou crianças que precisam de orientações de um nutricionista. 

Já sobre a dose recomendada de cada produto, a profissional explica que a dose de Whey é individualizada para cada pessoa, conforme o plano alimentar e o cálculo de necessidade proteica. “Para a creatina depende do objetivo do paciente. Porém, a dose mais utilizada é 0,03 gramas por kg de peso corporal”, conclui. 

Conteúdos relacionados