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Cotidiano

Problema antigo, mau cheiro piora na região do Nova Campo Grande e tira sono de moradores

Moradores relatam que odor forte seria proveniente de frigorífico e que pôde ser sentido durante a madrugada
Thalya Godoy -
Cheiro vindo de frigorífico teria piorado nos últimos dias. (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Um forte mau cheiro na região do Nova tem literalmente tirado o sono de moradores nos últimos dias. Problema antigo do bairro, eles alegam que o odor fétido seria proveniente da unidade do da JBS, localizado na Avenida Duque de Caxias, na saída de Campo Grande para .

A promotora de vendas Simone Santos, de 35 anos, retornou para o bairro há um ano e meio depois de ter vivido na região entre 2018 e 2020. Toda a experiência no Nova Campo Grande foi acompanhada pelo fedor, mas nos últimos dias a situação piorou, tirando o sono e fazendo com que acordasse nas primeiras horas de quarta-feira (14). 

“Não é sempre que fica o cheiro, fica sempre durante o dia, mas ontem ficou muito pior, parecia uma fumaça, névoa muito fedida […] o cheiro já estava forte às 23h e ficou mais evidente às 2h, tinha que trabalhar no dia seguinte”, relembra.

Ela reside bem próximo ao frigorífico e afirma que o cheiro ficou insuportável nos últimos dias. Ela até ficou com medo de afetar a saúde do filho pequeno. “Moro a cerca de 200 metros de distância de onde é a turbina. Cheguei a passar mal com a fumaça que às vezes sai escura, às vezes acinzentada para o branco. Ela sai de uma turbina bem atrás da fábrica, o pessoal diz que é na hora da quebra dos ossos”, relata. 

Cheiro atrapalha até para almoçar e receber visitas

“Às vezes, a gente tá almoçando e é muito fedor. É todo dia, tem dia que está mais forte e tem dia que está mais fraco, fica até chato receber alguém em casa, nem ventilador vence”. 

O sentimento de Simone de não poder receber visitas em casa para uma refeição é compartilhado por outros moradores. O mau cheiro virou tema de debates em redes sociais e grupos de conversas. O atendente de mercado, Gilvando Santos Teixeira, de 40 anos, mora no Nova Campo Grande há seis anos, e diz que o fedor piorou muito neste ano e se tornou recorrente diariamente.

“Todo mundo reclama, dá até vergonha de trazer uma visita para e almoçar. Antes tinha horário e com o calor nem tem como fechar a casa que fica toda com mau cheiro”, relata. 

Problema antigo

A servidora pública Fábia Britez, de 48 anos, compõe a diretoria da Associação de Moradores do Bairro Nova Campo Grande. Reside no bairro há 24 anos e a memória do fedor a acompanha há muito tempo. 

“O mau cheiro aqui no bairro sempre foi algo terrível, o que, inclusive, prejudicou a valorização dos imóveis. Quem mora na parte do fundo do bairro, que é mais próximo da lagoa do frigorífico [perto da Avenida 5], sofre muito mais com esse odor”, relata. 

A moradora relembra que o ar, na última quarta-feira (14), ficou insuportável com o “cheiro podre de osso queimado” e que até ruas mais afastadas do frigorífico foram atingidas com o odor fétido. 

“Há outros lugares no país e, certamente, no mundo, onde também existem frigoríficos e curtumes, mas que não são inundados por fedentina. Aqui no bairro existem pessoas que moram, que comem, que recebem visitas, que fazem churrascos, e que, principalmente, pagam impostos e que merecem ser tratadas com respeito. A pergunta ‘de milhões’: se estivesse incomodando moradores de bairro nobre, a situação seria a mesma?”, questiona. 

Ela relembra que participou anos atrás de uma reunião com a empresa JBS, na gestão passada da Associação de Moradores, para discutir sobre o assunto, mas não houve mudanças significativas por parte da empresa. 

O Midiamax solicitou uma nota da JBS sobre o assunto, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto para manifestações.

O Jornal também entrou em contato com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para perguntar sobre o tema. Em resposta, o órgão informou que não recebeu denúncia a respeito, “mas vai averiguar a situação”.

Frigorífico já foi multado

O assunto não é novidade no Jornal Midiamax e virou reportagem em dezembro passado sobre uma série de acordos com MPMS (Ministério de Público de Mato Grosso do Sul) e de meio milhão que não acabaram com ‘fedor sem fim’. 

A situação foi denunciada diversas vezes aos órgãos fiscalizadores competentes pelo menos desde 2009. No entanto, foi firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que não resolveu nada.

De lá para cá, 14 anos depois, o problema continua. Nesse intervalo, o gigante frigorífico não “ajustou conduta alguma” e chegou a pagar uma multa de R$ 500 mil como indenização por danos causados ao meio ambiente.

Nos TACs firmados com o MPMS, vários pontos que devem ser resolvidos pela empresa estão ligados ao sistema de esgoto das instalações do frigorífico, que são as lagoas de tratamentos de efluentes. A indústria frigorífica utiliza muita água em seus processos de abates e, por isso, gera grande carga de resíduos com alta carga orgânica, que emite forte odor.

Nessas lagoas, é feito o tratamento desses dejetos para que a água possa ser devolvida, neste caso, no córrego Imbirussu.

Para saber mais informações sobre o assunto, clique AQUI e confira a reportagem.

*Matéria atualizada às 10h23 de 15 de fevereiro de 2024 para adicionar a resposta do Imasul.

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