Organizações ambientais enviam carta à Unesco pedindo ajuda para o Pantanal após seca histórica

Texto de 10 páginas foi escrito por pesquisadores

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Pantanal de MS em chamas em 2024 (Foto: Gustavo Figueiroa/SOS Pantanal)

Organizações de preservação ambiental de Mato Grosso do Sul, o Instituto SOS Pantanal e a Associação Onçafari enviaram uma carta a entidades internacionais com dados atualizados sobre a situação do Pantanal brasileiro que mostram ameaças que afetam o presente e o futuro do bioma, e pedindo ajuda. 

A carta foi enviada para a Unesco, a agência especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Educação, a Ciência e a Cultura, e IUCN (União Internacional Para a Conservação da Natureza).

Escrito por pesquisadores de duas instituições parceiras do SOS Pantanal, o texto de 10 páginas estabelece, além de dados sobre a realidade do bioma, demandas que as entidades internacionais podem adotar com o intuito de preservar o Pantanal e impedir que o bioma perca o título de Patrimônio Natural da Humanidade.

Entre as ações estão a realização de uma missão de monitoramento reativo sobre a Área de Conservação do Pantanal, além da inclusão do bioma na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, mapeamento da Unesco que promove estratégias para a preservação de sítios ameaçados da perda do título de Patrimônio Natural da Humanidade.

“Como a maior área úmida tropical do mundo, o Pantanal é crucial para espécies ameaçadas e populações humanas e oferece inúmeros benefícios ecológicos e climáticos”, diz trecho da apresentação da carta. 

“No entanto, incêndios devastadores recentes, causados ​​principalmente por atividades humanas, juntamente com a seca exacerbada pelas mudanças climáticas, alteraram e degradaram significativamente essas áreas úmidas”, completa o texto.

Lista do Patrimônio Mundial em Perigo

Caso o pedido seja atendido, a inscrição do Pantanal brasileiro na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo permitirá que um comitê especializado da Unesco aloque assistência imediata do Fundo do Patrimônio Mundial para as áreas ameaçadas do bioma, desenvolvendo e adotando, em consulta com entes governamentais do Brasil, um programa de medidas corretivas com o subsequente monitoramento da situação do Pantanal. 

A iniciativa também promoverá alertas à comunidade internacional, permitindo esforços coletivos que atendam às necessidades específicas da planície e sua biodiversidade, com potencial de ações rápidas e efetivas de conservação.

Cenário atual

Animal morto pelo fogo (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

O texto destaca que o Pantanal vem enfrentando sua pior seca em 70 anos, e que a região está lidando com desafios sem precedentes, que incluem as condições extremas de estiagem exacerbadas pelo avanço das mudanças climáticas e um dos eventos El Niño mais fortes da história.

O documento também destaca que uma soma de fatores deficitários de gestão governamental e legislativa – como políticas públicas insuficientes, flexibilização de leis ambientais e fiscalização incipiente – tem contribuído para a rápida degradação do bioma, com impactos severos para o armazenamento de carbono e a preservação da biodiversidade, da cultura e dos meios de subsistência dos povos indígenas. 

A carta ainda reafirma alerta que tem sido dado por cientistas e pesquisadores há alguns anos: o Pantanal pode deixar de existir como o conhecemos hoje.

Leia a carta na íntegra neste link.

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