Onça que teve patas queimadas em incêndio deve voltar ao Pantanal em 30 dias

Há duas onças em recuperação após serem feridas nos incêndios do Pantanal; no início do mês, a onça Gaia não escapou do fogo e morreu

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Onça Miranda em recuperação. Foto: Saul Schramm

A onça-pintada Miradan, que foi resgatada na semana passada em Mato Grosso do Sul, com ferimentos nas patas provocados pelos incêndios no Pantanal, deve retornar à natureza em 30 dias, informou o Governo do Estado, nesta terça-feira (20). Na mesma semana, outra onça, o macho Antã, também foi resgatada nas mesmas condições. Vale lembrar ainda que, no início deste mês, a onça Gaia morreu fugindo dos incêndios.

As duas onças-pintadas, Miranda e Antã seguem em recuperação no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande. Com o atendimento veterinário adequado e o tratamento das queimaduras realizado com pomadas específicas e ozônio, a previsão dos veterinários é de que uma das onças-pintadas, a Miranda, possa voltar ao habitat natural em até um mês. 

Segundo as equipes do CRAS, as duas estavam com as patas bastante comprometidas, em função dos incêndios do Pantanal. Miranda é uma fêmea de dois anos e o Antã é um macho de oito anos.

Resgates das onças

Foto: Divulgação/Saul Schramm

Miranda, que recebeu o nome em homenagem ao município onde ela foi encontrada, chegou ao CRAS na quinta-feira (15), pouco mais de 24 horas após ser avistada por trabalhadores de uma fazenda, que observaram o animal mancando.

Já o macho, Antã, foi resgatado no sábado (17), na região do Passo do Lontra. Debilitado, ele praticamente não reagiu ao resgate, informou a equipe de resgate.

Entretanto, os dois animais já se recuperam bem, inclusive se alimentam de maneira satisfatória e apresentam melhoria geral nos ferimentos das patas. O tratamento é feito com pomadas específicas para queimadura, além do uso de ozônio que contribui para a regeneração mais rápida da pele.

“A Miranda recebeu o primeiro atendimento no resgate. E no sábado fizemos exames nela. Mesmo tirando os curativos das patas, ela arrancou tudo, a gente observa que já está bem melhor. Vamos fazer uma nova bateria de procedimentos nela ainda esta semana. Já o Antã, atendemos também como o ozônio ontem (19), e apesar de ser um caso mais delicado, também está progredindo bem”, explica a médica-veterinária e a coordenadora do CRAS, Aline Duarte.

Alimentação e tratamento dos animais

Por dia, ambos são alimentados com aproximadamente 13 kg de carne bovina e de frango — e devem começar a receber refeições a base de peixe —, entre 5 e 8 kg para ele e entre 3 e 5 kg para ela.

“Estes animais, quando estão na natureza, não comem todos os dias. Por semana eles consomem entre 35 e 40 kg de carne, mas caçam. E quando foram resgatados, ambos estavam debilitados, pois a área onde estavam tinha queimado e possivelmente a oferta de alimento estava escassa”, disse a médica-veterinária Jordana Toqueto, que acompanha os animais e participou do resgate da onça-pintada Miranda.

O tratamento dos ferimentos é essencial para os animais retornarem ao habitat natural e viverem em segurança.

“Eles estavam com a mobilidade reduzida por conta das patas feridas. Afeta em tudo, especialmente em relação à caça e a fuga, além da alimentação. No caso do macho, o ferimento é de terceiro grau, os ossos da pata estavam expostos. Mas com o tratamento, o mais rápido possível vamos devolvê-lo para natureza, na região onde ele foi encontrado”, explica Jordana.

Preparação para retorno ao habitat

A equipe de médicos-veterinários que acompanha os animais, ainda prevê realizar outros exames, mas com foco na rápida reabilitação de ambos, uma verdadeira força-tarefa é montada para garantir que todo o atendimento seja feito com rapidez e eficientemente.

Por isso todo o atendimento aos animais ocorre de maneira que eles tenham o mínimo de contato possível com os seres humanos.

“A gente toda todos os cuidados, até de cobrir o recinto caso necessário, para não terem contato visual. Eles são animais selvagens e queremos que continuem assim”, disse Aline.

Os dois resgates foram realizados pela equipe do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), com apoio da PMA (Polícia Militar Ambiental) e do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente). As ações integram as iniciativas coordenadas e em cooperação da Operação Pantanal 2024.

Onça Gaia não conseguiu escapar e morreu

Onça-pintada Gaia – Foto: Onçafari

No início de agosto, o Onçafari anunciou por meio das redes sociais a morte do onça-pintada Gaia, que era monitorada desde o seu nascimento. Gaia era filha da onça Esperança, nasceu em 2013 e morreu tentando fugir das chamas em meio aos incêndios no Pantanal.

“Ela não teve tempo de escapar do fogo. Infelizmente, ele veio com muita intensidade e absolutamente cruel, veio lambendo tudo. A gente fala que o fogo lambe e acaba com tudo”, disse a bióloga Lili, umas das integrantes do Onçafari, por vídeo no Instagram.

Gaia era irmã de mais duas onças e gerou pelo quatro filhotes que tenham sido monitorados. A onça de pequeno porte, que pesava entre 50 e 60 kg e sempre estava em cima das árvores, ficou conhecida por deslumbrar centenas de hóspedes.

Infelizmente, o fogo interrompeu essa linda jornada e é impossível não sentir profundamente a sua perda”, disse o Onçafari pelas redes sociais.

Queimadas no Pantanal

Entre janeiro e agosto, quase 1,5 milhão de hectares do Pantanal foi destruído pelos incêndios, mostram os dados do LASA-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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