No Dia do Infectologista, pesquisador da Fiocruz destaca os desafios do país no período pós-pandêmico

Jornal Midiamax entrevistou o professor doutor Rivaldo Venâncio da Cunha, um dos principais nomes da área no Brasil

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Em um currículo de destaque, Rivaldo Venâncio possui diversas publicações, livros e um Prêmio Jabuti (Foto: Peter Ilicciev)

Nesta quinta-feira (11) comemora-se o Dia do Infectologista. Esta data foi escolhida em 2005 pela SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), mesmo dia do nascimento de Emílio Ribas, um dos pioneiros da área no Brasil. A infectologia enquanto ciência é essencial para a proteção da saúde pública, o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento de doenças infecciosas e a promoção de uma sociedade mais saudável e resiliente.

Dentre suas atribuições e campos de pesquisa, destaca-se o controle de doenças infecciosas, no sentido de entender, prevenir, controlar e tratar doenças infecciosas, que podem variar desde infecções comuns, como resfriados, até pandemias globais, como a Covid-19. Ela investiga a etiologia (causa), epidemiologia (propagação) e os tratamentos eficazes para uma ampla gama de patógenos.

Nesta data comemorativa, o Jornal Midiamax conversou com o professor doutor Rivaldo Venâncio da Cunha, uma das principais autoridades da área no Brasil, que destacou os principais desafios da infectologia atual, neste período pós-Covid-19.

Ele foi responsável técnico pelo Escritório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Mato Grosso do Sul de junho de 2008 a dezembro de 2016. Desde julho de 2017, responde pela Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência da Fiocruz. Além disso, é docente em diversos cursos de pós-graduação no País, em instituição como a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e colaborador da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).

Autor de diversos livros e capítulos de livros, foi finalista do 58º Prêmio Jabuti, na categoria Ciências da Saúde de 2016 e vencedor do 2º Prêmio ABEU na categoria Ciências da Vida, com seu livro “Dengue: teorias e práticas”.

“Neste período pós-pandemia da Covid-19 enfrentamos desafios diretos e outros agravados pelo contexto, mas não exclusivamente oriundos dele. Entre os desafios imediatos, destaca-se a baixa cobertura vacinal contra a Covid-19, especialmente entre adolescentes e jovens, resultando em aumento da morbimortalidade. O desrespeito aos conhecimentos científicos persiste, com prescrições inadequadas de medicamentos, como a ivermectina, para tratar a Covid-19”, disse o pesquisador.

Ele destacou ainda que as baixas coberturas vacinais para doenças preveníveis, como a poliomielite, e a emergência da resistência antimicrobiana são preocupações. As mudanças climáticas também ampliam a incidência de doenças infecciosas transmitidas pela água e mosquitos, como a dengue.

Ressaltou ainda que as desigualdades socioeconômicas do Brasil prejudicam o combate à estas doenças. “No campo da infectologia, conviver com doenças do passado, como tuberculose e doença de Chagas, enquanto lidamos com emergentes, como a Covid-19 e possíveis surtos de gripe aviária, é desafiador. Determinantes sociais e ambientais, como desigualdade social, desemprego e condições precárias de habitação, exacerbam esses problemas”, afirmou.

Há doenças do passado que tem reaparecido, a despeito de já existirem conhecimentos necessários para seu controle. “Destaca-se ainda a persistência de doenças preveníveis, como a sífilis congênita, apesar das medidas conhecidas para seu controle. O enfrentamento desses desafios requer uma abordagem ampla e coordenada, envolvendo a sociedade e políticas de saúde eficazes”, explicou.

A importância da infectologia para o País

Diante deste cenário, torna-se o papel do infectologista e da pesquisa na área cada vez mais importante para a saúde pública do País. Isso porque é ela que contribui com a formulação de políticas de saúde, diretrizes de prevenção e intervenções para limitar a disseminação de doenças infecciosas. Estas são fundamentais para conter surtos, epidemias e pandemias, protegendo assim a saúde de comunidades inteiras.

Já na pesquisa e desenvolvimento de vacinas e tratamentos de doenças infecciosas, impulsiona a inovação em biotecnologia, farmacologia e imunologia, assim como permite o desenvolvimento de estratégias eficazes para combater doenças.

Como essas podem se espalhar rapidamente além das fronteiras nacionais, a infectologia desempenha um papel vital na vigilância global de doenças, no compartilhamento de informações entre países e na cooperação internacional para enfrentar ameaças à saúde global.

Desta forma, infectologistas educam o público e os profissionais de saúde sobre medidas de prevenção, sintomas de doenças infecciosas e a importância da vacinação e higiene adequada. Isso ajuda a promover uma compreensão mais ampla e uma resposta mais eficaz a surtos e epidemias.

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