Na rodovia de acesso ao Pantanal, cemitério de animais é sinal de que fogo não é o único problema

Em poucos quilômetros pelo Pantanal na BR-262 é possível avistar dezenas de animais mortos queimados e atropelados

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Jacaré morto nas margens da BR-262 (Foto: Henrique Arakaki/ Jornal Midiamax)

O Pantanal sul-mato-grossense voltou aos holofotes de todo o país em razão dos incêndios que avançam na região, mas não é preciso ir até o centro do bioma, com 250 mil km², para se deparar com sinais da degradação ambiental. Na BR-262, rodovia que dá acesso a Corumbá, dezenas de animais mortos atropelados na pista são o retrato de que a interação entre homem e natureza está distante do equilíbrio que se espera.

Pela estrada, cercada por vegetação nativa, placas de trânsito alertam sobre a presença de quem sempre esteve ali. ‘Dirija com atenção, risco de animais na pista’, alerta a placa, em vão. Reportagem do Jornal Midiamax percorreu o trecho de 450 km entre Campo Grande e Corumbá nesta quinta-feira (20), rumo ao Pantanal sul-mato-grossense.

Assim, saindo do município de Miranda com destino a Corumbá, um tamanduá-bandeira, morto a 300 metros de uma placa de alerta, evidencia brecha nas ações de proteção à fauna. No quilômetro 686, seis javalis mortos no acostamento torna-se cena ‘comum’ pelos quilômetros que seguem até Corumbá, coração do Pantanal.

Aliás, no trajeto, anta, quatis, urubus e carcarás mortos, juntam-se às ossadas de animais que já nem é possível identificar devido à ação do tempo.

Rodovia no Pantanal e animais atropelados

Mato Grosso do Sul registrou a morte de 1.456 animais por atropelamento na BR-262 no trecho entre Campo Grande até a Ponte do Rio Paraguai, em Corumbá. A pesquisa é do Projeto Bandeiras e Rodovias, no período de maio a dezembro de 2023, no trecho com cerca de 350 quilômetros. 

O projeto visa compreender e propor ações que possam reduzir o atropelamento da fauna silvestre do Pantanal em rodovias de Mato Grosso do Sul. As colisões colocam em risco a vida dos animais, dos motoristas e passageiros. 

Assim, como a colisão contra um animal pode ser fatal para ele e para os ocupantes do veículo, a PMA (Polícia Militar Ambiental) reforça que manter a velocidade indicada pela sinalização da via.

Também é preciso redobrar a atenção em estradas que cortam reservas florestais ou vegetações densas, pode diminuir em até 70% o risco de atropelamento de animais.

Portanto, a polícia recomenda que, em casos de acidentes sem vítimas, a pessoa deve retirar o animal morto da estrada para evitar outras ocorrências ou acionar o BPMRv (Batalhão da Polícia Militar Rodoviária). Quando o animal estiver apenas ferido, a PMA deve fazer o resgate e recolhimento de animais do Pantanal.

(Foto: Henrique Arakaki/ Jornal Midiamax)

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