Mortes e acidentes em balneários acendem alerta sobre a segurança de locais de turismo em MS

No início do mês, um acidente em um local de turismo de Campo Grande resultou na morte de um homem de 29 anos

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Salva-vidas
Salva-vidas (Ilustrativa)

Um momento de lazer em família acabou em tragédia em um balneário de Campo Grande. No primeiro sábado do mês (7), Carlos Henrique dos Santos, de 29 anos, morreu após descer um toboágua em pé com uma criança, perder o equilíbrio e bater a cabeça no brinquedo. Na semana anterior, um turista teve uma costela quebrada ao descer de um tobogã em outro ponto turístico de Mato Grosso do Sul.

Os episódios revisitaram o debate sobre a fiscalização e as condições de segurança nos pontos turísticos de Mato Grosso do Sul: enquanto famílias buscam diversão e descanso, falhas na fiscalização e na manutenção dos equipamentos podem transformar essas experiências em pesadelos.

Questionado sobre as exigências mínimas de segurança para que uma atração turística de aventura seja considerada adequada, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) informou que as exigências incluem a elaboração do PSCIP (Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico), a presença de equipamentos adequados de segurança contra incêndio e pânico, ART (Atestados de Responsabilidade Técnica) que comprovem que as estruturas estão seguras conforme as normas técnicas, além da sinalização das áreas de risco e disponibilidade de pessoal capacitado para emergências.

O CBMMS também esclareceu que realiza fiscalizações regulares em locais de turismo e atende a denúncias de irregularidades encaminhadas ao telefone de emergência 190. O Corpo de Bombeiros não se manifestou sobre a morte e o acidente ocorridos em locais de turismo nas últimas semanas.

Morte em toboágua

No último dia 7, um homem de 29 anos morreu após sofrer um acidente no toboágua, em um Balneário de Campo Grande. Ele teria descido o equipamento de pé, com uma criança, quando sofreu uma queda e bateu a cabeça no próprio brinquedo.

Conforme as informações da esposa da vítima, relatadas no Boletim de Ocorrência, no momento do acidente, o homem estava com uma menina de 7 anos, filha de um casal de amigos. A mulher disse que ele desceu o toboágua em pé, caiu, bateu a cabeça no próprio equipamento e parou na água.

(Ilustrativa)

A criança que estava com a vítima chamou o socorrista e disse que ele estava no celular. No B.O, consta ainda que havia apenas um socorrista, que tentou fazer reanimação da vítima. Em seguida, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) esteve no local.

Com um impacto da queda, o homem sofreu um ferimento na cabeça e teve muito sangramento. No clube aquático, os profissionais fizeram os primeiros atendimentos. Depois, a vítima foi encaminhada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Santa Mônica, mas não resistiu e morreu.

O caso está registrado como morte a esclarecer na Depac/ Cepol. A ocorrência encerra com a informação de que a Polícia Civil não foi acionada a comparecer ao local do acidente.

Turista teve costela quebrada

Uma semana antes, em 30 de novembro, uma confraternização com mais de 300 pessoas se transformou em um pesadelo para uma bióloga de 43 anos e seu marido, de 55, que havia viajado de Bonito para passar o dia na Fazenda Piana, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande.

Na ocasião, o homem sofreu uma fratura na costela ao descer de um tobogã. A queda aconteceu por volta das 13 horas, quando ele descia do escorregador e foi atingido por um adolescente que seguia logo atrás e caiu na piscina com os pés nas costas dele.

Acidente em tobogã (Arquivo Pessoal)

Após o incidente, a esposa foi chamada ao local e encontrou o marido no chão, deitado sobre uma maca de madeira. Ela então questionou se o Corpo de Bombeiros já havia sido acionado, mas foi informado que ela mesma poderia ligar para os socorristas.

“Pensei, ‘como assim, eu mesma?’, até porque ficamos sem saber quais procedimentos adotar. Tentei ligar, mas na fazenda não há sinal de telefonia”, disse, indignada, em entrevista ao Jornal Midiamax.

Em meio ao impasse, o turista acabou sendo encaminhado ao hospital de Sidrolândia apenas às 15 horas, onde aguardou atendimento médico e, posteriormente, transferido para Santa Casa de Campo Grande. Além da demora no socorro ao marido, a bióloga questiona a falta de orientação, supervisão e preparação no local. Segundo ela, não havia nenhum funcionário para fornecer orientações aos turistas.

Em contrapartida, a Fazenda Piana alegou que o atendimento ao turista ocorreu dentro da normalidade. “Os bombeiros foram acionados e chegaram em 40 minutos. Esses são os fatos. Os primeiros socorros foram prestados pelos nossos salva-vidas, e, em seguida, a ambulância chegou”, informou.

O que diz a Fundação de Turismo?

Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundtur (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul), lamentou a morte de Carlos Henrique dos Santos, mas esclareceu que a fundação não tem a responsabilidade de fiscalizar os empreendimentos turísticos privados.

“Cabe a nós alertarmos as pessoas que utilizam equipamentos turísticos ou de lazer, como parques aquáticos, que busquem saber se os mesmos adotam normas de segurança estabelecidas pela ABNT, pois os empreendimentos devem utilizá-las”, explicou.

Segundo ele, atividades com potencial de risco, como os toboáguas, devem ter suas estruturas e procedimentos conforme as normas da ABNT.

“Esperamos que os empreendimentos onde ocorreram os casos e todos os que recebem turistas e demais pessoas em busca de lazer, estejam adequados e prestem todo o suporte necessário às famílias e que casos como esses não voltem mais a ocorrer”, disse.

O Estatuto da Fundação de Turismo de MS define suas principais atribuições como fomentar, incentivar e promover o desenvolvimento do turismo no Estado. Entre suas funções, destacam-se:

  • Identificar, selecionar e divulgar oportunidades de investimento
  • Viabilizar a exploração econômica dos recursos turísticos e divulgar as atrações do Estado;
  • Induzir o desenvolvimento e a implantação de serviços de infraestrutura em áreas de
  • Prestar orientação técnica aos empreendimentos turísticos

Além disso, o estatuto determina que cabe a Fundtur registar e fiscalizar empresas dedicadas à exploração do turismo, quando houver convênio com o Ministério do Turismo. Essa fiscalização, entretanto, está limitada à competência exigida por lei ou delegada por convênio, afetando uma atuação condicionada ao suporte federal.

Regulamentação

(Foto: Reprodução/Eco Park)

Embora os toboáguas não sejam classificados como atividades de turismo de aventura, sua prática ainda exige cuidados. No Brasil, existem 32 normas publicadas que estabelecem boas práticas para atividades turísticas de aventura, como caminhada, escalada, cicloturismo, mergulho, arvorismo e rafting. As normas servem como base de referência para entidades certificadas de agências de turismo.

Conforme o Ministério do Turismo, as entidades que estão autorizadas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) a fazer a certificação são: ABNT Certificadora e Instituto Falcão Bauer da Qualidade.

Atualmente, 7 empresas brasileiras contam com sistema de gestão da segurança certificados em turismo de aventura. Segundo a Associação Férias Vivas, que presta orientação a práticas seguras no turismo, ao aderir às normas ABNT, as empresas passam a ter vantagens como melhor aceitação e credibilidade no mercado, comunicação mais eficiente com os clientes e proteção e diferenciação positiva entre os concorrentes.

O Ministério do Turismo sugere ainda que os locais sigam recomendações mínimas e considerem os seguintes aspectos:

  • Implementação de Sistema de Gestão da Segurança em Turismo de Aventura;
  • Disponibilidade, organização e manutenção de equipamentos apropriados (como, por exemplo, capacetes, coletes, salva-vidas, etc.) para a realização das atividades de Turismo de Aventura conforme a necessidade da quantidade de turistas a serem atendidos;
  • Condutores de Turismo de Aventura qualificados, conforme as Normas Técnicas da ABNT;
  • Definição de horários e dias de visitas regulares, levando-se em conta aspectos como a sazonalidade;
  • Definição quantitativa dos grupos de turistas com indicação mínima e máxima de capacidade de atendimento;
  • Política em caso de condições climáticas desfavoráveis;
  • Estabelecimento de canais de comunicação, inclusive para situações de emergência;
  • Articulação e organização dos contatos da rede de serviços;

Para garantir a segurança, o CBMMS orienta que os turistas:

  • Verifique se o local possui CVCBM válido.
  • Confirmem a presença de profissionais treinados nos primeiros socorros.
  • Utilize os equipamentos de proteção fornecidos e siga as sinalizações e instruções dos responsáveis.
  • Informe-se sobre os riscos de atividade e as condições de saúde permitidas para realizá-la.

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