Moradores da Coophamat, Tijuca e região relatam “cheiro insuportável” vindo de frigorífico neste domingo

Moradores que integram grupo de aplicativo de mensagens instantâneas reclamam do mau cheiro na noite deste domingo (22)

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Moradores reclamam da situação em grupo de WhatsApp (Reprodução)

Equipe de reportagem do Jornal Midiamax recebeu, na noite deste domingo (22), denúncia de moradores do Tijuca e de outros bairros da região Sul e Sudoeste de Campo Grande, reclamando do “cheiro insuportável” vindo do frigorífico da JBS, instalado na região.

De acordo com Edinaldo Viana, Militar da Aeronáutica aposentado, morador da Coophamat, o mau cheiro começou a se espalhar na região por volta das 16h. “Nada é feito pelos órgãos competentes e a população está sofrendo com essa situação, que já se arrasta há um bom tempo”, explicou.

“Tenho várias reclamações registradas nos grupos de WhatsApp do bairro e da região. O pessoal acha que é cheiro de carniça, mas isso tudo vem dos cortumes do frigorífico”, disse.

Patrícia Valéria Pereira Cardoso Rodrigues, de 32 anos, dona de casa e moradora do Tijuca, entrou em contato para fazer a mesma denúncia. “Está um fedor de carniça no ar, vindo do frigorífico. Isso é um descaso com a população em pleno domingo”, relatou.

“Tenho três filhos maiores e um bebê de quatro meses e esse cheiro insuportável faz mal para a saúde das crianças. Só queremos que isso seja solucionado”, encerrou.

O Jornal Midiamax entrou em contato com o frigorífico, a SEMADUR e, também, a Ouvidoria do Ministério Público Estadual. Até o fechamento da reportagem, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Frigorífico também enfrenta denúncias na Vila Nova Campo Grande

A Justiça de Mato Grosso do Sul segue com as ações movidas por moradores da região do Bairro Nova Campo Grande por conta do mau cheiro exalado pelo curtume da JBS, em Campo Grande. Somente nesta semana foram designadas 16 audiências de conciliação entre as partes.

Conforme o advogado Wellington Biava, que atua em parte das ações, as audiências não devem acontecer. “Não terá audiência. Eles não querem conciliação”, diz ao Jornal Midiamax. Recentemente, em outra ação semelhante, a JBS afirmou não ter interesse em audiência de conciliação.

No caso, a Justiça chegou a marcar uma audiência de conciliação para o dia 30 de janeiro de 2025. Porém, a gigante frigorífica que obteve lucro de R$ 3,9 bilhões (no 3º trimestre deste ano) alegou que não tem interesse.

Conforme consta nos autos do processo, o frigorífico alegou que não tem interesse na audiência “em razão do grande volume de ações que possuem a mesma causa de pedir, pedidos e partes e em razão da impossibilidade de conciliação, diante do próprio desinteresse da parte autora“.

Caso a JBS também não tenha interesse nessas audiências, deve peticionar o desinteresse. Entretanto, as datas das conciliações ainda não foram marcados pelo juiz. O número de ações pedindo indenização por prejuízos causados pelo mau cheiro pode chegar a 200.

Os moradores são representados pelos advogados da Siqueira e Biava Advogados. Já a JBS, segundo Biava, é representada pelo advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, um dos alvos da Operação Ultima Ratio – Operação da Polícia Federal que apura suposto esquema de venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Indenizações

O valor pedido pelos moradores variam de R$ 25 mil, R$ 50 mil, R$ 75 mil ou R$ 150 mil a depender da quantidade de pessoas que entraram contra o frigorífico no mesmo processo. Além disso, também é pedido indenização por desvalorização dos imóveis da região.

MPMS pede novo laudo ao Imasul

Desde que a situação se agravou no início do ano, o MPMS (Ministério Público de MS) conduz inquérito para tentar resolver o problema relatado há mais de dez anos por moradores.

No entanto, nova denúncia de forte odor foi oficializada por um morador ao MPMS: “Hoje, dia 6 de novembro de 2024, às 23h30, passamos a sentir um odor terrível de fezes, proveniente da produção da empresa JBS […] Já é a segunda vez na semana que isso ocorre, e está insuportável. Não podemos permitir que uma empresa torne refém toda uma população do mau cheiro de sua produção”, diz a denúncia feita por morador devidamente identificado.

Ainda no bojo do Inquérito Civil, instaurado em maio deste ano, a promotora Luz Marina Borges Maciel Pinheiro solicitou parecer do Imasul sobre o PAM (Plano de Monitoramento) apresentado pela JBS. “Se já foram analisados e, em caso positivo, quais as conclusões obtidas”.

A reportagem acionou a JBS para se manifestar sobre a situação, mas não obteve resposta até esta publicação. Mas, o espaço segue aberto para posicionamento.