Moradores amargam prejuízos causados por incêndio que atingiu quatro bairros de Campo Grande

“O fogo foi muito intenso, fiquei muito assombrado. Quando vi as chamas se aproximando, tentei jogar um pouquinho de água lá, mas não foi suficiente”, disse um morador

Jennifer Ribeiro, Victória Bissaco – 05/09/2024 – 12:00

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Casas quase foram atingidas por incêndio (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

O incêndio que atingiu quatro bairros de Campo Grande na última quarta-feira (4) deixou rastros de destruição e prejuízo por onde passou. Para os moradores e empresários que presenciaram a tragédia, o que resta é o medo de que as chamas voltem e consumam aquilo que restou das propriedades, assim como seus pertences.

Josias Cardoso, 83, é morador do bairro Vila Morumbi há 40 anos e reside perto do local em que o incêndio começou. Para a reportagem do Midiamax, o idoso explica que na madrugada de terça-feira (3) um pequeno foco havia aparecido em um terreno bem próximo de sua casa, mas o Corpo de Bombeiros foi acionado e a chama contida.

No entanto, na quarta o fogo voltou e se alastrou rapidamente devido aos ventos fortes. Josias conta que de frente para a sua residência, em uma área de fazenda, construiu sete casas para seus filhos e netos. Lá, o fogo chegou intenso e por muito pouco não atingiu as moradias. Toda a vegetação, antes verde, agora está preta e tomada por cinzas.

“O fogo foi muito intenso, fiquei muito assombrado. Quando vi as chamas se aproximando, tentei jogar um pouquinho de água lá, mas não foi suficiente. Durante o incêndio tive muita dor de cabeça, por causa da fumaça, então voltei e fiquei dentro de casa para tentar me proteger. Eu sentia meus olhos doerem”, conta.

Incêndio atingiu bairro Vila Albuquerque

Após atingir os terrenos na Vila Morumbi, o fogo seguiu para a região do bairro Vila Albuquerque. Lá, as chamas atingiram um ferro-velho e um condomínio.

José Fogaça, irmão do proprietário do ferro-velho, conta que a cunhada ligou para ele por volta das 11h da quarta, avisando que o fogo estava se alastrando e se aproximando da empresa. Cerca de 8 pessoas, entre clientes e funcionários, estavam no local.

Conforme José, não houve prejuízo significativo porque muitos moradores se mobilizaram e afastaram materiais e veículos que poderiam servir de combustível ou então, que fossem de valor para a empresa.

“Tudo aconteceu muito rápido. Além do ferro-velho, o fogo atingiu um condomínio aqui atrás. Quando vimos já ligamos para a brigada de incêndios. Depois, ele se alastrou para o outro lado da rua onde temos mais materiais e queimou algumas coisas”, explica.

Apesar do susto, não houve feridos e os trabalhos foram retomados nesta quinta-feira. Segundo os funcionários, ainda hoje estão aterrando pequenos focos de incêndio que persistem em meio às cinzas.

Incêndio atingiu quatro bairros em Campo Grande (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Moradores precisaram sair das casas devido à fumaça

Marlene da Silva Martinez, síndica de um condomínio na Vila Albuquerque, também compartilha do medo que outros moradores sentiram ao ver a altura que as chamas alcançaram. Conforme a moradora, ela percebeu o incêndio por volta das 13h porque ouvia uns estalos altos.

Ela explica que muitas crianças e idosos moram no condomínio e que por isso, muitas famílias, principalmente dos blocos atingidos, não dormiram no prédio devido ao cheiro intenso de fumaça.

Conforme a síndica, o incêndio destruiu a estrutura da caixa d’água do condomínio, que precisará ser trocada, e também derreteu a cerca elétrica. Ela ainda não calculou o prejuízo, mas sabe que em outro condomínio próximo o incêndio quebrou janelas e destruiu até ar-condicionado.

Na manhã desta quinta ela precisou ir até a vegetação que fica ao lado para apagar focos de incêndio que persistiram. “Ficamos com medo de voltar. Ontem à noite um morador me mandou foto de uma chama alta na vegetação, ficamos preocupados”, explica.

Vídeo mostra ‘antes e depois’ de área afetada por incêndio:

Incêndio no bairro Betaville

O terceiro bairro atingido foi o Betaville. Lá, o verdureiro José Sales Bezerra, de 70 anos, viu suas ferramentas de trabalho, fruto de anos árduos na lavoura, sendo consumidas pelo fogo.

À reportagem ele explica que estava trabalhando em sua lavoura, no bairro Pioneiros, quando começou a sentir um pressentimento muito ruim e decidiu voltar para a chácara em que mora, no Betaville. Por volta de 13h ele percebeu o fogo se aproximando de sua residência.

“Foi muito rápido! Quando vi o fogo alto se aproximando, corri para molhar a minha casa, pra não chegar nela. Mas eu estava com todas as minhas ferramentas de trabalho entre o terreno que pegou fogo e a minha chácara. Perdi minha máquina de engenho de R$ 12 mil, novinha. Também queimou minha pá, carrinho de mãos, arreio, bicicletas… Muita coisa!”, lamenta.

José Sales Bezerra lamenta ferramentas queimadas por incêndio (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Conforme o genro de seo José, o verdureiro inalou muita fumaça enquanto tentava retirar seus pertences da área atingida. Nesta tarde, a filha do idoso acompanhará o pai até uma unidade de saúde para avaliar se sua saúde foi prejudicada.

“Eu já chorei muito, nem consegui dormir essa noite. Fiquei aqui tentando apagar os focos que permaneceram. Foi um susto grande. Há uns anos já perdi tudo em um incêndio que teve no ferro-velho. Agora tenho que me reerguer novamente”, conta.

Para ajudar José Sales, a família realiza uma vaquinha solidária. O dinheiro arrecadado será utilizado na compra de novos materiais de trabalho. Para saber como ajudar, basta entrar em contato com a filha do morador, Adrielly Bento, pelo número (67) 99166-6047.

Conteúdos relacionados

tempo