‘Melhor presente de Natal’, comemoram famílias do Mandela ao receber chaves das casas novas
18 famílias da comunidade aguardam por moradia
Jennifer Ribeiro, Taís Wölfert –
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Há exatos quatro meses, a reportagem do Jornal Midiamax visitava moradores da favela Mandela para uma entrevista sensível sobre como as ondas de calor escancaram as desigualdades de quem vive em periferias e favelas de Campo Grande.
Enquanto conversávamos com uma moradora, uma senhora simpática se aproximou dizendo que precisava de ajuda. Mais uma vez a água havia acabado e os netos não conseguiriam tomar banho para ir à escola. O almoço foi feito às pressas, utilizando um pouquinho de água que a vizinha conseguiu guardar antes que a torneira secasse.
“Hoje eu não tenho água, estou sem uma gota de água até para beber. Tenho cinco crianças em casa, que são meus netos. Hoje eles não vão para a escola porque estamos sem água para o banho”.
O lamento era de Maria Aparecida da Silva. Emocionada, falava sobre a precarização do lugar e compartilhava o maior sonho da família: “mudar para uma casa de verdade, viver com dignidade, como todas as pessoas do mundo merecem viver”. Para ela e os netos, esse dia chegou nesta sexta-feira (20).
Entrega de 31 moradias
Uma nova leva de unidades habitacionais foram entregues nesta sexta-feira (20) para 31 famílias que viviam na favela Mandela. A ação iniciou em dezembro de 2023, em resposta ao incêndio que atingiu a Comunidade em novembro daquele ano. Ao todo serão entregues 187 moradias de maneira gradual, um investimento de aproximadamente R$ 15 milhões.
Embora a previsão indicasse que todas as famílias que permaneceram na comunidade receberiam suas casas até dezembro, 18 famílias só conseguirão as chaves tão sonhadas no início de 2025.
Para Maria Aparecida, uma das moradoras mais antigas na comunidade, o dia é felicidade. Nada emociona mais do que a certeza definitiva de que comemorará o Natal com sua família em um lugar seguro.
“É vida nova, né? Tem que aproveitar agora. Fiquei lá após o incêndio e nas últimas semanas meu barraco começou a cair porque a água da chuva passava por ele. Tudo ficou molhado! Vivi 7 anos lá e sou muito agradecida porque este é o melhor presente de Natal, uma vitória em minha vida”, comemora.
Um renovo para as famílias
Para Irenice Rogério Soares, a mudança para a casa nova parece um sonho do qual não quer acordar. Um ano após presenciar seu barraco sendo consumido pelas chamas, este é o alento que precisava para seguir sua vida com alegria.
“É um sentimento muito bom. Deus abençoou e hoje estamos aqui. Depois que o barraco pegou fogo, fiquei na casa de uma filha minha, porque não tinha como a gente ficar lá [Mandela]. Agora tenho minha casa e estou muito feliz”, comemora.
Conforme Greice Ferreira, representante das famílias do Mandela, após comemorar as novas entregas, aguarda a entrega das últimas unidades, na qual também será beneficiada.
“É uma alegria muito grande, sabia? É um sonho realizado porque foi muita luta, muito diálogo com a EHMA, com a Prefeitura, e eles estão cumprindo o papel deles, né? Infelizmente aconteceu o incêndio, mas eles tomaram providência”, pontua.
Invisibilidade
Apesar da felicidade em ver tantas famílias conquistando seus espaços, Greice chama atenção para a invisibilidade que sofrem os moradores que permaneceram no Mandela. Se por um lado houve uma mobilização intensa com doações após o incêndio, agora, as famílias amargam por não conseguirem suprir necessidades básicas, como higiene e alimentação.
“Fico um pouco triste porque moro na comunidade com outros moradores e parece que a gente não está mais lá”, comenta. “É como se todos estivessem dentro de suas casas e não existisse mais a favela. Então, por um lado é ótimo que tantas famílias estejam dentro de suas casas, mas por outro, temos nós que permanecemos na favela, mas não recebemos nada em doações. Muitas pessoas acham que todos já foram realocados, outras, que estamos lá porque queremos. Se estamos lá, é porque ainda não recebemos nossas casas”, acrescenta.
A representante explica que serão cinco entregas. A que ocorreu nesta sexta é a quarta. As famílias que permanecem no Mandela receberão suas moradias em fevereiro ou março.
Entregas das moradias
Conforme Cláudio Marques, diretor-presidente da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários, a prefeitura iniciou a construção das casas logo após o incêndio. A prioridade era viabilizar as moradias em um terreno próximo ao bairro da comunidade, para impactar menos possível a rotina dos moradores.
“Foram muitas batalhas ao longo desse percurso, mas hoje, cumprimos a promessa que prometemos para essas famílias. Algumas famílias não estão recebendo hoje porque não levaram documentação, não priorizaram essa questão documental para poder receber as unidades, mas a grande maioria sim. E hoje a gente completa essa fase com êxito, com influência”, afirma. O diretor-presidente pontua que o objetivo é entregar as moradias já em janeiro.
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