Maio Amarelo: Mortes no trânsito têm aumento de 11% em Campo Grande neste ano

Principais vítimas nas estatísticas, 16 motociclistas perderam a vida em acidentes

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acidente
Acidente de Trânsito (Henrique Arakaki, Midiamax)

Criada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, a campanha do Maio Amarelo completa neste ano a 11ª edição em Mato Grosso do Sul, para criar mais conscientização entre os condutores. Apesar da frequente discussão, houve um aumento de 11,1% nas mortes no trânsito de Campo Grande, comparado de janeiro a abril de 2023.

Os dados do GAAT (Grupo de Análise de Sinistros de Trânsito), da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), indicam que as principais vítimas das estatísticas são os motociclistas. No ano passado, 11 morreram em colisões, enquanto em 2024 foram 16 vítimas fatais na via urbana.

Quanto aos ciclistas, os números são semelhantes, com duas vítimas fatais em 2023 e duas em 2024 vitimadas em sinistros. O balanço ainda mostra um dado atípico nos últimos anos – março bateu recorde de mortes em 2024, com sete motociclistas e um ciclista, enquanto no ano passado o mês registrou acidentes fatais de três motociclistas, um ciclista, dois pedestres e um condutor.

Quanto aos dados do BPtran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito), o número de acidentes com mortes e feridos é semelhante. Em 2021 e 2022 foram registradas 76 vítimas fatais, enquanto em 2023 foram 57 mortes. Já os sinistros com feridos totalizaram 4.387 em 2021, 4.388 em 2022 e 4.579 em 2023.

Tenente-coronel do BPtran Augusto Regalo, cita que o comportamento imprudente dos condutores é o principal fator que resulta em acidentes.

“As pessoas tentam atribuir os acidentes à falta de sinalização, à questão de conservação dos veículos, mas, na verdade, o grande potencializador dos acidentes ainda é o comportamento humano. O excesso de velocidade é algo controlável, você pode através da sua atitude de uma direção defensiva poder conter”.

Respeito no trânsito salva

Segundo a chefe da divisão de educação no trânsito da Agetran, Ivanise Rotta, este ano a campanha tem foca na paz e gentileza para gerar mais empatia no trânsito. Durante o mês o calendário conta com ações educativas em escolas, blitz, orientações em postos de saúde e mutirões em ruas da cidade. A campanha liga 39 órgãos de saúde, educação, fiscalização e engenharia.

“A paz começa por você. Ou seja, a paz que leva quando você estiver transitando, de não xingar, de não fechar, de querer prevalecer sobre o direito do outro… Esse movimento realmente de paz, de gentileza, começa por nós. Quando se faz uma análise histórica, em 2011 morreram 132 pessoas, em 2023 morreram 58, uma redução de 47%. (Ainda são muitas mortes), mas se não tivesse feito nada, em vez de 132, a gente teria 260 óbitos. A campanha não pode trabalhar sozinha. Não é porque maio é um mês que trabalha a prevenção que não vai ter a fiscalização”.

‘Era cuidadoso no trânsito’

Raimunda de Oliveira conta que Hudson de Oliveira Ferreira era o filho mais velho, estava prestes a completar 40 anos e não tinha sofrido nenhum acidente de trânsito antes. O motoentregador morreu em uma colisão com um Porsche em alta velocidade na Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande.

Com o impacto da batida, Hudson caiu no chão e sofreu fratura exposta na perna direita. Ele chegou a ser socorrido e levado para a Santa Casa, mas morreu na madrugada de domingo, dia 24 de março, por embolia pulmonar, politraumatismo, ação contundente devido à colisão automobilística.

“Ele tinha tirado a habilitação com 18 anos. Ele amava andar de moto, nunca tinha sofrido um acidente sequer antes dessa tragédia. Era muito cuidadoso no trânsito, atento. Ele trabalhava junto com o pai antes de começar a fazer entregas. Se tornou autônomo e já estava nas entregas há uns oito anos”.

A mãe detalha que até hoje, um mês após o acidente, não teve coragem de ver os destroços da moto. A família segue com um processo para responsabilizar o empresário envolvido na colisão.

“Quando soube do acidente, minha nora só me contou no dia seguinte, ela não queria deixar eu e pai dele assustados, porque temos problemas de saúde. Eu também não consegui, não tive coragem de ver meu filho na Santa Casa, de ver ele naquele estado. Agora, a gente só espera por justiça. Meu filho não foi a primeira vítima dele no trânsito. As pessoas têm que se responsabilizar pelos atos no trânsito e que tiram a vida”.

Mortes no trânsito

No último sábado (27), Giovane Souza Santos, de 23 anos, morreu ao colidir com outro motociclista no cruzamento da Rua Antonio Maria Coelho, esquina com Rui Barbosa, em Campo Grande. O SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) foi acionado às 23h09 e deslocou-se até o local. Ao chegar o local, já encontrou a vítima sem vida, tendo constatado óbito às 22h35.

Entre as vítimas estão um bebê ainda dentro da barriga da mãe e dois motociclistas que morreram praticamente no mesmo local. Carlos Eduardo Freitas de Melo, 19 anos, o motociclista que morreu na manhã deste sábado (27) após perder o controle do veículo e bater em um poste de ferro no Residencial Oliveira, em Campo Grande. Com o forte impacto ele foi arremessado a 7 metros de distância. 

Na noite de sexta-feira (26) Luciana Nere Amorim, de 39 anos, e Matheus Oliveira Benites, de 22, morreram depois de bater a motocicleta em que estavam contra um carro na BR-262 em Campo Grande. A suspeita é de que um pneu da moto tenha estourado e provocado a batida.

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