“Preciso da ajuda de vocês!” É assim que Raisa da Silva Barros, mãe de um menino de 3 anos, começa a mensagem de texto enviada ao Jornal Midiamax. Esse é um pedido cansado de quem, há meses, tem buscado atendimento para o filho nas unidades de saúde públicas de Campo Grande, após receber o diagnóstico de hérnia escrotal e hidrocele (água no testículo).

Como explica Raisa, a suspeita de que algo na saúde do filho não estava bem começou quando ele passou a reclamar de dor na virilha. Ela avaliou e percebeu que havia um caroço provocando o desconforto da criança. Entre idas e vindas, melhoras e pioras no quadro, a manicure chegou a buscar por unidades de saúde cerca de quatro vezes, sem sucesso na busca por um diagnóstico preciso.

Como o filho chorava de dor e ela não conseguia encaminhamento médico, Raisa buscou uma clínica particular para fazer um ultrassom. Pelas imagens, foi levantada a hipótese de hidrocele e hérnia escrotal, mas ele teria que passar por um especialista em urologia pediátrica que pudesse avaliar os resultados apontados no exame.

Com as imagens em mãos, a manicure foi até a USF (Unidade de Saúde da Família) do Jardim Noroeste, na tentativa de conseguir que um especialista avaliasse o documento. Mais uma vez, sem sucesso. No dia 20 de março, última vez que ela levou a criança até a unidade de saúde, foi informada de que precisaria aguardar 120 dias para que um médico especialista pudesse avaliar o filho.

Segundo ela, todas as vezes que leva o pequeno até uma unidade de saúde, os médicos passam uma dosagem de dipirona e dispensam a criança. Sem saber como contornar a situação, buscou novamente uma clínica particular.

“A gente não tem dinheiro. O primeiro ultrassom foi R$ 170. Agora ele precisa fazer exames de sangue e terá que passar por cirurgia”, explica. “Tem um doutor que se prontificou a realizar outro ultrassom. Ele falou pra mim que meu filho precisa passar por cirurgia urgente, mas antes precisa passar por um médico que analise o laudo, para saber como deve proceder essa cirurgia”, explica.

Raisa pontua que o último médico radiologista a realizar os exames de imagem indicou um especialista que talvez pudesse colaborar com a análise do ultrassom, mas ainda não conseguiu uma devolutiva. Ela afirma que não sabe como conseguir a cirurgia, já que não consegue custear o procedimento.

O que diz a Sesau?

Procurada pela reportagem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que o paciente tem registro de passagem por unidades de urgência sem a necessidade de transferência para uma unidade hospitalar, conforme avaliação da equipe de saúde que realizou o atendimento.

Já no dia 20 de março, última vez que Raisa levou o filho até a USF Noroeste, houve a inserção de uma solicitação para regulação ambulatorial, ou seja, não foi apontada uma urgência no quadro clínico.

A Secretaria apontou que, caso haja agravamento clínico, a criança deverá ser levada a uma unidade de urgência para estabilização e atualização da solicitação em questão.

Outro apontamento feito pela Sesau é de que o tempo de espera varia conforme a gravidade e quadro clínico do paciente, bem como a oferta de vagas para determinado tipo de procedimento/atendimento. O encaminhamento como urgência também vai depender do quadro momentâneo, conforme a avaliação do profissional.

Ou seja, o tempo de realização de qualquer procedimento, sobretudo os chamados eletivos e de menor gravidade – como este caso -, é variável.

Hérnia escrotal

A hérnia escrotal acontece como uma consequência da hérnia inguinal, caracterizada pelo surgimento de um caroço e de dores na região da virilha.

Quando as hérnias inguinais são congênitas, volumosas ou grandes, pode acontecer de descerem em direção aos testículos do paciente, afetando o escroto, recebendo o nome de hérnia escrotal.

Esse tipo de hérnia é mais comum em adultos, mas pode acontecer em bebês e crianças devido ao não fechamento do canal testicular.

Os sintomas da hérnia escrotal são semelhantes ao da hérnia inguinal:

  • Aparecimento de protuberância ou inchaço da região da virilha, ou testículos;
  • Dor ou desconforto na região ao carregar peso, ou se levantar;
  • Sensação de peso na região dos testículos ao caminhar.

A depender da gravidade e especificidade da hérnia, o paciente pode ter ainda vômitos, náuseas, distensão abdominal e ausência de fezes.

O tratamento definitivo da hérnia escrotal é cirúrgico. Caso seja pequena ou não apresente os sintomas, um acompanhamento médico pode bastar, mas a tendência é que com o tempo, o paciente passe a sentir fortes dores e incômodos, sendo inevitável o procedimento cirúrgico.

Hidrocele

Já a hidrocele testicular é uma alteração no tamanho dos testículos, causado por um acúmulo de fluidos na bolsa escrotal. O diagnóstico é mais comum em crianças e recém-nascidos.

Normalmente, a condição é percebida pelos responsáveis da criança durante os banhos e troca de fraldas. A hidrocele costuma ser indolor, mas pode causar desconforto dependendo do quão inchado fique ou se há alguma inflamação na região.

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