Indígenas reivindicavam território em Douradina quando houve ataque: ‘passou por nós e atirou’
Indígena foi alvo de tiros e ficou ferido; Terra reivindicada está delimitada desde 2011
Fábio Oruê –
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Indígenas Guarani e Kaiowá retomavam parte do território de Panambi – Lagoa Rica, em Douradina, na madrugada de domingo (14), quando houve um ataque que deixou um indígena ferido.
Os indígenas da organização Aty Guasu contam que estavam em uma estrada em frente à aldeia. “Não provocamos eles. Estávamos fazendo nosso protesto e o fazendeiro passou por nós e atirou”, publicou o líder Guyra Kambiy Ezequiel.
Alvo da retomada, a Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares desde 2011. Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado por conta de medidas que tentam instituir a tese do Marco Temporal.
Segundo nota da Aty Guasu, em represália à retomada, durante a tarde de domingo, os indígenas foram atacados por fazendeiros da região, que invadiram a comunidade em bando. Durante o ataque denunciado, no tekoha Guayrakamby”i, um indígena foi alvo de tiros, ficando ferido na perna.
“Decidimos retomar”
Há mais de 13 anos aguardando pelo território, os indígenas informaram que iriam começar retomadas de vários territórios. “Após longos anos de espera pela homologação e regularização de nosso território ancestral, sobrevivendo em barracos de lona, sem as mínimas condições de vida, sofrendo ameaças e perseguições por parte do latifúndio que nos cerca com sua produção de grãos, decidimos retomar”, traz nota da Aty Guasu.
Os indígenas também criticaram o presidente Lula, afirmaram que o líder político prometeu prioridade às causas dos povos originários. “Agora faremos várias retomadas e estamos enfrentando derramamento de sangue e morte”, diz o texto, citando os territórios Guyra Kambiy, Potrerito, Arroio-Korá, Laranjeira e Kunumi.
Em 2015, segundo os indígenas, o mesmo grupo de fazendeiros atacou a comunidade de Guyrakamby”i. Na ocasião, o MPF (Ministério Público Federal) interveio no conflito. “Nossa área do Lagoa Rica está delimitada, porém nunca foi entregue a nós. Retomamos para garantir a vida do nosso povo, mas agora estamos temendo a morte”, finaliza.
O Jornal Midiamax acionou, no início da manhã, a Polícia Federal, MPF e DPU (Defensoria Pública da União) questionando sobre as medidas adotadas neste caso, mas até esta publicação não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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