Imagens aéreas mostram fumaça e devastação com incêndios no Pantanal de Corumbá

O pôr do sol, singular da região, dá lugar ao céu laranja opaco das fumaças que dominam as cidades na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia

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Fumaça em Corumbá (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Desde o início do mês, moradores de Corumbá, cidade distante 450 km de Campo Grande, convivem diuturnamente com as fumaças dos incêndios florestais que devastam o Pantanal. Nesta semana, equipe do Jornal Midiamax viajou ao município e as imagens aéreas impressionam, com a sensação de um cenário apocalíptico.

O drone que sobrevoa o tradicional Cristo de braços abertos de Corumbá, avista apenas calor e fumaça no horizonte. O pôr do sol, singular da região, dá lugar ao céu laranja opaco das fumaças que dominam as cidades na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia.

População convive com fumaça dos incêndios

O triste cartão-postal para quem chega a Corumbá é o fumaceiro visto de longe por conta dos grandes incêndios florestais no Pantanal. A grande cortina de fumaça é percebida cerca de 75 km da zona urbana e fica pior a cada quilômetro mais perto.

Reportagem do Jornal Midiamax percorreu o trecho de 450 km entre Campo Grande e Corumbá na quinta-feira (20), rumo ao Pantanal sul-mato-grossense. Se para quem chega já é difícil, imagina para quem convive diariamente com o fumaceiro, que toma conta de cidade.

Por conta da situação, que coloca em risco a saúde e o bolso, corumbaenses precisam mudar a própria rotina para se adaptar à fumaça. Para Silvéria de Oliveira Alves, de 50 anos, a única maneira é ficar fechada dentro de casa.

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Fumaça em Corumbá (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O encontro de Silvéria com a equipe de reportagem aconteceu no Porto Geral, nesta tarde. A corumbaense precisou sair de casa por uma necessidade. Mas, para isso, a máscara foi indispensável.

“É horrível pra respirar, pra lavar roupa, pra limpar a casa; pra tudo”, reclama ela. “Há duas semanas essa fumaça começou a invadir [a cidade] e tomou proporções que saíram do controle”, relata.

Pantanal em chamas

Em Mato Grosso do Sul, os incêndios florestais se espalham sem controle. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que em 20 dias são 1.786 focos de queimadas no Estado. Apenas no dia 19 de junho, foram registrados 250 focos de incêndio.

Os dados do Pantanal são similares. São 1.729 focos de incêndio registrados no bioma em 20 dias de junho, média de 86 focos por dia. O dia 19 de junho foi o mais crítico até agora, com 239 focos em apenas 24 horas.

Corumbá é a cidade do país com mais focos de queimadas. São 1.601 focos em 2024 no município e para se ter ideia da gravidade, a segunda cidade com mais focos de incêndio é Caracaraí, em Roraima, com 886 notificações no ano.

Cemitério de animais

O Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) contabilizou durante levantamento na manhã desta quinta-feira (20) centenas de animais mortos por conta dos incêndios que assolam o Pantanal, em Corumbá.

Os especialistas percorreram a Estrada Parque Pantanal até o Porto Manga, segundo a Coordenadora Operacional do Gretap, Paula Helena Santa Rita, para cobrir a área atingida pelo fogo e identificar fauna afetada.

Paula relata que na Bahia Seca o fogo cercou o local e aqueceu a água. Com isso, dezenas de peixes foram encontrados mortos boiando. Segundo a coordenadora, em 2020 – ano trágico para o Pantanal – os animais dali passaram pelo mesmo.

“Foi identificado um jacaré adulto que tinha 12 animais próximos; lagartos, anfíbios e serpentes”, relata. Mas o que chamou mais atenção de Paula foi uma família de Emas, que andava pelas cinzas em busca de algum alimento, já que não tinham como fugir para outro lugar.

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