Idoso faz morada em ponto de ônibus no Aero Rancho após término de casamento de 13 anos

Contando com a liberação da aposentadoria, idoso em situação de rua diz que vive com a solidariedade de pessoas que passam

Karina Campos, Clayton Neves – 16/05/2024 – 12:03

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Idoso
Idoso diz que está há seis meses na rua (Nathalia Alcântara, Midiamax)

O ponto de ônibus na Rua Raquel de Queiroz, no Aero Rancho, tornou-se abrigo para um idoso de 65 anos em situação de rua. Ao lado do banco de concreto, um cantinho acomoda um colchão sujo e um “armário” para as roupas. O cenário de vulnerabilidade completa, nesta quinta-feira (16), cerca de sete meses, quando o idoso decidiu fazer da rua seu “lar” após terminar um casamento de 13 anos.

Não há nenhum luxo no lugar escolhido. João* diz que morava com a ex-companheira nas proximidades, que até passa pelo local com certa frequência, mas o ignora. Eles teriam rompido há um ano. Então, sem família ou amparo, ele decidiu dormir no canto do ponto de ônibus.

Enquanto conversa com a reportagem, João* chega a rir, contando que ele trabalhava na região pantaneira, mas retornou para Campo Grande. Ele teria sofrido um acidente e quebrado a perna. Assim, não consegue mais trabalhos.

idoso
Canto em que idoso dorme (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Sobre precisar de ajuda, ele disse que tentou ficar em abrigos da cidade, mas reclama da insegurança. “Não gostei. Roubaram minhas duas bicicletas. Eu queria voltar a trabalhar, mas não consegui. Dei entrada na minha aposentadoria e vou vivendo assim, pedindo e comendo marmitas”.

idoso
Idoso diz que conta com solidariedade de quem passa (Nathalia Alcântara, Midiamax)

‘Invisível’ para vizinhos

O cheiro forte de urina e das sacolas plásticas do cantinho incomodam, porém, apesar disso, João* parece invisível para os comerciantes vizinhos. Questionados sobre a permanência dele no local, os comerciantes se limitam a dizer “nem percebi”.

Acolhimento

Caso encontrar alguém em situação de rua que precisa de abrigo, a orientação é entrar em contato com a SAS pelo telefone (67) 99660-6539 ou 996600-1469.

* João é identificado como nome fictício para preservar a identidade do entrevistado.

Conteúdos relacionados