Herança da quarentena, teletrabalho se consolida em MS com setor que tem até 25% dos funcionários em casa

Na semana do Trabalhador, confira como as empresas e funcionários lidam com o teletrabalho no Estado

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Bruno Siqueira, 26 anos, analista de customer care (Foto: Arquivo pessoal)

Em todo o mundo, o teletrabalho emergiu como uma solução para manter a produtividade e as relações de trabalho. Tanto indivíduos quanto empresas encontraram nele uma solução conveniente, que pode se manifestar de diversas formas, incluindo modelos híbridos que combinam trabalho no local de trabalho com trabalho em casa.

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em outubro de 2022, aproximadamente 7,4 milhões de pessoas estavam envolvidas em teletrabalho, considerado um subgrupo do trabalho remoto.

O termo teletrabalho refere-se à prática de realizar atividades laborais remotamente, utilizando TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação). Isso engloba o uso de dispositivos como computadores, tablets, telefones fixos ou móveis para a execução das tarefas profissionais.

Em Mato Grosso do Sul, são diversos os casos em que o teletrabalho foi implementado na pandemia e mantido mesmo depois dela, tanto em órgãos públicos como em empresas da iniciativa privada.

Na semana que contempla o Dia do Trabalhador, comemorado em 1º de maio, o Jornal Midiamax apresenta uma série de reportagens sobre aspectos relacionados ao tema. Nesta apresentamos de que forma o teletrabalho se tornou uma realidade no mundo do trabalho, inicialmente em resposta aos impactos da pandemia da Covid-19 e, depois, se consolidando como uma modalidade desejada pelos profissionais e com resultados efetivos comprovados.

Trabalho remoto é realidade em MS

Em uma das principais empresas de tecnologia do Estado, a Digix, o teletrabalho iniciou em março de 2020. Segundo a empresa, o fato de trabalharem com tecnologias facilitou o processo do trabalho remoto e de adaptação, já que os profissionais desta área estão acostumados com esse modelo de trabalho. 

Na empresa, os colaboradores podem escolher entre trabalhar na sede ou a distância, com exceção de poucas funções determinadas que precisam desempenhar o trabalho na sede. São 791 colaboradores, sendo 174 que atuam na sede e 617 colaboradores terceirizados. No trabalho remoto estão ao todo 144 pessoas.

Dessa forma, destaca ainda que um ponto positivo é que esse modelo de trabalho permite a contratação de talentos brasileiros em qualquer lugar do mundo. Atualmente, há colaboradores em 17 estados. 

Para os trabalhadores, o modelo pode representar maior bem-estar, podendo afetar diretamente a motivação e a produtividade. Bruno Siqueira, 26 anos, analista de customer care, afirma que aprendeu a valorizar o home office e que a experiência tem sido positiva. 

“No começo, foi desafiador me adaptar, mas com o passar do tempo, fui encontrando meu ritmo. Agora, consigo enxergar benefícios, como o conforto de trabalhar em casa, a liberdade de escolher onde trabalho, evitando o estresse e o tempo perdido no trânsito. Além disso, consigo otimizar meu tempo e garantir um maior foco no desenvolvimento das minhas atividades”, contou.

O teletrabalho permite ainda o surgimento de nômades digitais, que são pessoas que optam por um estilo de vida itinerante, no qual exercem sua profissão em diferentes lugares por meio da internet e outras ferramentas tecnológicas. É o caso de Gabrielle Garcia, 28 anos, analista de inteligência de mercado.

“Eu gosto muito do trabalho híbrido, porque me permite ter flexibilidade na vida pessoal. Já trabalhei de diversas cidades dentro e fora do Brasil por conta do trabalho remoto. Já trabalhei de lugares como casa da família, cafés, coworkings, etc. É ótimo poder estar onde você quer e levar o estilo de vida do jeito que mais faz sentido. O trabalho se encaixa na vida e não o contrário”, revela a profissional.

Gabrielle Garcia, de 28 anos, analista de inteligência de mercado, é uma ‘nômade digital’.

Além da iniciativa privada, a iniciativa pública também tem aderido ao modelo de teletrabalho. Segundo dados do Painel de Implementação do PGD (Programa de Gestão de Desempenho), 77,62% de todos os órgãos realizam alguma forma de teletrabalho.

Em Mato Grosso do Sul, órgãos federais, como o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), possuem programas de teletrabalho, assim como órgãos estaduais, a exemplo do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Tribunal de Justiça, Ministério Público e muitos outros.

Números do teletrabalho

A pesquisa do IBGE também revelou que o setor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas registrou cerca de um quarto (25,8%) das pessoas ocupadas em teletrabalho, em pelo menos um dia durante o período de referência da pesquisa. Em seguida, aparece o setor de atividades por administração pública (11,1%), seguido pela educação e saúde.

Além disso, a pesquisa apontou que mais mulheres ocupadas realizavam teletrabalho (8,7%) do que homens (6,8%). Em termos de distribuição por cor ou raça, as pessoas brancas em teletrabalho eram a maioria (11,0%), seguidas por pretos (5,2%) e pardos (4,8%). Quanto à faixa etária, o maior percentual ficou com o grupo de 25 a 39 anos, com 9,7%, acima da média nacional. A menor proporção de trabalhadores nessa situação era de adolescentes entre 14 e 17 anos, com 1,2%.

A pesquisa apontou ainda que a maioria dos teletrabalhadores possuía ensino superior completo (23,5%). O rendimento médio da população ocupada no país que realizava teletrabalho também era maior que a média nacional. Se a média geral em 2022 foi de R$ 2.714, entre aqueles que realizaram pelo menos um dia de teletrabalho no período de referência, o valor chegou a ser 2,4 vezes maior do que essa média: R$ 6.479.

É relevante notar que os trabalhadores informais, autônomos, jovens e com menor qualificação tiveram menos acesso ao teletrabalho. Além disso, em regiões com baixa adoção geral de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) e grandes disparidades tecnológicas, a disseminação do teletrabalho não foi uniforme entre os diferentes grupos de trabalhadores.

Antes da crise, o teletrabalho era considerado uma alternativa para equilibrar vida familiar e profissional. Diante das restrições impostas pela Covid-19, ele se tornou uma parte essencial da realidade laboral. Após a pandemia, apenas os resultados positivos alcançados pelo modelo sustentam a manutenção do teletrabalho nas organizações públicas e privadas.

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