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Cotidiano

Frio está longe de ser ‘tempinho bom’ para mãe que perdeu filho por ter barraco rachado em Campo Grande

Moradores vivem angústia do frio antes de receberem as casas após incêndio na Favela do Mandela, em Campo Grande
Evelin Cáceres, Clayton Neves -
Zilmara Ana carrega filho de 1 ano no colo e teme nova onda de frio (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Em meio à lama e vielas da Favela do Mandela, Zilmara Ana, de 29 anos, carrega o filho de 1 ano e um mês bem agasalhado nos braços, e também uma dor irreparável no coração. Para quem perdeu o filho por causa das frestas no barraco, frio não significa ‘tempinho bom’ em .

A cerca de 200 metros do córrego que corta a favela e deixa a sensação de frio mais intensa, Zilmara mantém seu barraco o mais protegido possível por conta de um trauma do passado. Há três anos, seu outro bebê de dois meses morreu em decorrência de uma bronquiolite.

“Também fazia muito frio, como agora. Eu fechei o barraco o melhor que consegui, mas fazia muito frio e ele morreu. Esse meu filho tem bronquite. Se não é a chuva, é o tempo seco que ataca. Nessa noite, o que consegui fazer foi juntar tudo o que tinha pra gente se cobrir e dormir junto no colchão, para esquentar ele”, relata.

Isso porque Campo Grande amanheceu mais gelada nesta terça-feira (9), com sensação térmica de 8,3°C durante as primeiras horas do dia. Após mais de 40 dias sem chuva, a cidade registra neblina, chuva e umidade do ar em 93%.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), por volta das 2h, a sensação térmica foi de 7,4°C. Já a temperatura mínima foi de 12,4°C para 11,6°C às 6h, ou seja, ainda frio.

Angústia da espera no frio

Além do trauma passado, Zilmara vive o drama compartilhado por outros moradores do Mandela: a expectativa de mudar para os loteamentos onde a administração pública constrói casas após o incêndio que quase exterminou a favela, no ano passado.

“Fui sorteada para ir para o loteamento II, mas até agora não começaram as obras. A gente vai vivendo essa angústia, de não ter para onde ir, de não ter como se proteger, né? Fui lá há duas semanas e o pessoal que trabalha lá disse que iam começar a construir”, conta.

“Fico feliz, mas gera expectativa na gente. Quero sair daqui logo. Tento tapar com as lonas, mas elas não são resistentes e rasgam o tempo todo com o vento, são fracas”, finaliza.

Maria Elisa Martins, de 60 anos, mora na favela há 9 com três adultos e quatro crianças, que ficam com ela para as mães trabalharem. “A noite a gente junta os colchões no chão e dorme um junto do outro para se esquentar. Tem muita rachadura no barraco, entra vento. Mesmo juntos, foi uma noite muito fria”.

Sobre a nova casa, a promessa é que mude em agosto para o loteamento. “Meu barraco estava bem no limite dos que queimaram e não. Enquanto a gente espera a casa, fica na expectativa para o frio ir embora logo, para que a gente consiga se proteger melhor”, diz.

Problemas do frio

Luiz Henrique dos Santos, de 65 anos, conta que teve alta na última sexta-feira com pneumonia. “Meu barraco queimou, agora moro de favor em um lava jato de um amigo meu. Como acabei de ter alta, minha filha me arrumou um espaço na casa dela até passar o frio. Vim só buscar umas coisas para levar”, relata.

Ele também é um dos beneficiados com as novas casas. “Meu loteamento é o Iguatemi também, não começaram as obras. Enquanto isso a gente só torce para o frio passar”, finaliza.

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