O Jornal Midiamax voltou ao bairro Mata do Segredo, região do Jardim das Cerejeiras, para saber o tamanho da destruição causada por incêndio que atingiu uma grande área entre esta terça (23) e quarta-feira (24).

Até o início da tarde desta quarta, equipes do Corpo de Bombeiros estavam no local para conter as chamas. A devastação se estende da Rua Isaque Pereira da Silva até a Rua Brisa de Zaragoza, numa extensão de cerca de 1,5 km.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo atingiu 50 hectares. Para o controle das chamas foram usados soprador, abafador e pinga-fogo. O combate foi realizado nesta terça e, na tarde desta quarta, retornaram à Avenida Pref. Heráclito Diniz de Figueiredo para novo combate, usando fogo contra fogo.

Segundo moradores, as chamas começaram ontem, por volta das 21h, e terminaram por volta de 13h30 de hoje. Isso pelo menos na região localizada em frente a vários prédios na Rua Brisa de Zaragoza.

No entanto, em outro ponto da área, na Rua Isaque Pereira da Silva, moradores alegam que focos de incêndio foram vistos pela primeira vez mais cedo, no fim da tarde de ontem.

O Corpo de Bombeiros foi até o local à noite, por volta das 20h, e iniciou o combate às chamas. Entretanto, apesar de contidas as chamas, ficaram indícios de focos de incêndio, segundo moradores, tanto que na madrugada o fogo voltou a ficar ativo.

Prejuízo contabilizado

O empresário Josimar Luciano Cavalcante, de 35 anos, é dono de uma fábrica de carrocerias localizada no bairro. Ele contou ao Midiamax que duas carrocerias de clientes que estavam guardadas em um lote utilizado por ele foram atingidas pelas chamas e destruídas. Ele estima um prejuízo de R$ 15 mil. 

Segundo ele, em 2022 a área também foi atingida por queimada, mas em proporção bem menor. Naquela época, ele também teve prejuízo, que foi de R$ 8 mil.

Abalado e preocupado, ele detalha que as carrocerias estavam em sua empresa para conserto. “Agora é trabalhar, parcelar com o cliente, e pagar. É muito triste, mas não tem o que fazer”, compartilha o empresário.

Sebastião Francisco da Silva, de 44 anos, é o gerente da fábrica de Josimar. Ele trabalha no local há 3 anos e também testemunhou o incêndio de 2022.

Localização da região afetada por chamas no bairro Mata do Segredo e Jardim das Cerejeiras. (Reprodução: Google Maps)

Segundo ele, o incêndio começou no final da tarde desta terça e, assim que perceberam, ele e outros funcionários da fábrica pegaram ‘batedores de fogo’, abafadores improvisados feitos com borrachas de caminhão, para o combate. 

Eles ficaram no local por cerca de 4h, até o momento em que os bombeiros deixaram o local, por volta das 21h. 

Entretanto, quando foi por volta das 5h da manhã desta quarta, ele acordou e foi verificar a situação, e notou que o fogo estava ativo de novo. Ele chamou funcionários, o patrão, e todos voltaram ao local para tentar conter as chamas. 

Além dos abafadores, eles também usaram um cortador de grama para tirar a vegetação em volta das carrocerias na tentativa de evitar que o fogo as atingisse, no entanto, não adiantou.

O prejuízo só não foi maior porque outras 4 carrocerias que estavam na área usada pela empresa foram retiradas antes de também serem destruídas.

“Nunca vi isso antes”

Uma mulher que mora exatamente em frente ao local onde as carrocerias estavam contou o susto com a queimada. Dinga de Arruda, de 51 anos, é dona de casa e mora há 15 anos no bairro.

“Nunca tinha visto isso antes. É a primeira vez que queima desse jeito”, afirma. Outra moradora confirma a situação.

Ivanilde Souza Ramos, de 67 anos, aposentada, mora há 14 anos no local, e compartilha a tristeza em ver o cenário. 

“É comum pegar fogo, mas nunca dessa maneira. Nunca pegou fogo desse jeito porque nunca esteve tão seco. Fiquei bem preocupada, além do que isso é muito triste”, completa.

Profissionais que trabalham em uma obra na região acreditam que o vento tenha contribuído para o espalhamento das chamas, provocando uma destruição nessa dimensão.

Testemunhas disseram que a fumaça era vista de longe e que ficou muito difícil de respirar na região. Até o fechamento desta reportagem, a fumaça já havia diminuído drasticamente, mas ainda era possível ver pequenos focos em diferentes pontos da vegetação no local.

Ainda é possível notar focos de incêndio no local (Henrique Arakaki, Midiamax).