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Cotidiano

‘Favela vertical’: Moradores do Carandiru continuam na miséria em meio à criminalidade

Famílias carentes sobrevivem sem energia elétrica, esgoto a céu aberto e o "lar" desmoronando
Karina Campos, Clayton Neves -
Carandiru
Estrutura de alvenaria se deteriorando (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Há seis meses, o condomínio “Carandiru”, conhecido assim por fazer referência ao presídio paulista, foi alvo de uma grande operação envolvendo o efetivo da Polícia Civil. Em seguida, as famílias obrigadas a sobreviver em meio à criminalidade receberam atendimento social e de cadastro habitacional, entretanto, permanecem na miséria, na Rua Jamil Basmage, no bairro Mata do Jacinto, em .

O condomínio é o retrato de uma favela em vertical: estrutura em alvenaria está inacabada, os muros estão caindo, a ligação clandestina evidencia o emaranhado da fiação elétrica e há ao ar livre.

Em retorno ao espaço que faz jus ao abandono, moradores detalham a rotina de quem vive com pouco, como Fabiana Santos da Silva, de 35 anos. O risco da ligação clandestina a deixa sem luz no apartamento, até o mínimo de beber água gelada.

“A geladeira não liga, faz barulho, mas não gela. Eu compro gelo na garrafa de dois litros da vizinha para ter água gelada. Comida tem que fazer e comer na hora, não dá para guardar, senão estraga. A rede não suporta [novas fiações]. A gente fica de mãos atadas, não sabe o que fazer. Se sair daqui, perde e não tenho condições de pagar um aluguel, sempre pedem dois aluguéis adiantados”.

Esgoto a céu aberto (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Fabiana mora com nove pessoas na casa, sendo cinco filhos, o menor tem seis meses. Ela desabafa a desesperança de esperar um retorno da assistência pública.

“Não mudou nada, está do mesmo jeito, nem a energia foi religada. Fizeram um cadastro [habitacional], mas não deram previsão e pediram para aguardar. Já tenho cadastro nas agências de habitação há quatro anos”.

De fato, a criminalidade é uma barreira aos que só querem um lar. Pessoas sem condições de arcar com aluguel avançam décadas morando no cenário que faz jus à vulnerabilidade social. Luzenir Santos Silva, de 65 anos, mãe de Fabiana, diz que vive ali há cerca de 18 anos. Ela tem diabete e foi obrigada a parar com o tratamento em casa por não ter local adequado para guardar a insulina.

“Tudo que mais quero é ir embora, não vejo a hora. Se tivesse uma casa ia embora agora mesmo. Estou na idade de descansar e aqui não tem condições. Não tenho nem geladeira para guardar a insulina, já perdi três tubos, tive que parar o tratamento”.

Amaranhado de fiação elétrica (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Ao Jornal Midiamax, a Prefeitura de Campo Grande disse que “a SAS (Secretaria de ) realizou, na ocasião, a acolhida em grupo para as famílias do território após a análise de dados e mapeamento durante a operação Residencial Carandiru”.

“No total foram 23 famílias atendidas e todas já estavam referenciadas no Cras Nossa Senhora Aparecida, cadastradas no CadÚnico e recebendo os benefícios eventuais e socioassistenciais”.

“A Secretaria Municipal de Assistência Social ressalta que as 23 famílias continuam sendo atendidas e acompanhadas pela SAS, por meio do Cras de referência. Importante dizer que estão orientadas sobre a importância de manter a atualização do Cadastro Único para inclusão em programas habitacionais”, prossegue.

Por fim, informou que a (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) “conduzirá uma análise por meio de um estudo de caso, com o intuito de avaliar a viabilidade de fornecer assistência por meio de um programa emergencial de habitação de interesse social”.

30 anos de invasão

O condomínio Carandiru foi ocupado em 1994 depois que a empresa Construtora Degrau LTDA faliu e paralisou as obras devido à falta de recursos.

São três blocos de apartamentos, cada um com 16 unidades habitacionais e que formariam o Residencial Atenas. De acordo com o processo que pede a reintegração de posse dos imóveis pela Construtora Degrau LTDA, aberto em 2013, um dos três blocos foi finalizado e entregue aos compradores, que se mudaram para lá, enquanto outro bloco foi deixado semiacabado e o último apenas nos alicerces.

Conforme relatório elaborado pelo então 1º Tenente Edgard Godoes Almada, Comandante do 5º Pel. Margarida, o Residencial Atenas foi ocupado por 40 famílias, totalizando cerca de 200 pessoas, integrantes do Movimento Nacional em Prol da Luta pela Moradia.

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