Todo início de período de ano letivo é o mesmo: pais, professores e responsáveis por crianças em idade escolar sabem que viroses e doenças contagiosas, popularmente conhecidas como crechite ou escolite, podem acabar atingindo os pequenos e se espalhando entre eles.

Mas, será que é possível evitar esses surtos? O que fazer para driblar infecções bacterianas e virais no ambiente escolar?

Para tirar essas e outras dúvidas, o Jornal Midiamax conversou com a médica pediatra Natacha Dalcolmo, especialista em Nutrologia Infantil pela Universidade de Boston. Ela explica que crechite é um termo popular usado para um conjunto de doenças que vêm principalmente das escolas e das creches.

Contudo, nem sempre as doenças são decorrentes de sintomas virais, podendo ser bacterianos, também. “É que na maior parte das vezes, nossas doenças são causadas, sim, por vírus. De toda forma, é esse conjunto de doenças que pode acontecer proveniente das escolas”, detalha a médica.

Prevenção é desafio para pais

Dalcolmo destaca que pais e responsáveis não têm uma medida totalmente efetiva para evitar essas transmissões. “É natural que a criança seja exposta a bichos em geral, vírus, bactérias e outros mais. É que o sistema imunológico deles ainda não está pronto, por isso, eles acabam ficando mais doentes que os adultos”, explica.

Assim, a cada doença contraída por eles, o sistema imunológico vai “aprendendo”, amplia a médica.

“Por isso, o primeiro ano de escolinha é o mais difícil em termos de número de doenças. E com o passar dos anos, a situação vai se amenizando. À medida que a criança chega aos cinco, sete anos, ela quase já não fica mais doente porque o sistema imunológico dela já aprendeu”, exemplifica a especialista.

Quais os melhores cuidados? 

A pediatra sugere que a melhor coisa a se fazer é ter uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes e verduras, e priorizar o descanso. Dalcolmo ainda explica que existem dois grandes grupos de doenças escolares: o quadro gripal, que vem com tosse e coriza; e o quadro intestinal, com diarreia e vômito.

Médica pediatra, Natacha Dalcolmo. (Reprodução Arquivo Pessoal)

“No caso dos quadros gripais, a melhor coisa que as famílias têm a fazer quando os sintomas começam é lavar o nariz da criança com soro fisiológico e entrar em contato com seu médico de confiança para que ele possa orientar e saber se há algum remédio que possa ser usado ou não, e ficar em observação”, orienta. 

Quando buscar ajuda? 

Segundo a especialista, ir até o pronto atendimento médico deve ser uma medida a ser tomada somente quando a criança apresenta febre persistente há mais de dois dias completos. 

“Todo quadro infeccioso pode começar com febre, mas é uma febre menor de 39°C. A criança fica bem nos intervalos, ela está se alimentando e se hidratando, não tem esforço respiratório, etc, então, sendo assim, a gente espera essas 48 horas”, detalha a médica.

Foi a medida que a mãe Aline Ferreira, de 38 anos, adotou com a filha Sara Ferreira Machado, de 5 anos. Ela e o esposo tiveram febre, vômito e diarreia na última semana, e logo a filha deles apresentou sintomas. 

A pequena teve diarreia e dor na barriga na última quarta-feira (6). No entanto, os pais preferiram observar a evolução do quadro antes de levá-la até uma unidade de saúde.

“Estão relatando muitos casos de covid, então fiquei preocupada em levar e ela voltar com algo mais do hospital. Como ela não perdeu o apetite e não apresentou febre, achei que ela não estava tão mal a ponto de precisar de atendimento médico, e de fato não precisou. Um dia depois ela estava ótima, na sexta-feira (8) foi até para a escola”, detalha a mãe.

Momento certo de buscar atendimento 

A busca por ajuda médica, segundo a pediatra, deve ocorrer diante de cenários mais preocupantes. “Se a febre persiste há mais de 48 horas, a criança está fazendo esforço para respirar ou está muito abatida, aí está na hora de procurar o pronto atendimento no pronto-socorro ou o médico de confiança com rapidez”, esclarece Dalcolmo. 

Já no caso da criança apresentar quadro intestinal, a preocupação é com desidratação. “Se a criança está vomitando muito, não está conseguindo parar, não há remédio que a faça parar, ou está tendo muito episódio de diarreia, é necessário que a família entre em contato com o médico, leve para atendimento, para ver se a criança não está desidratando”, alerta a pediatra.

“A hidratação aqui é fundamental, nem que seja um pouquinho, várias vezes ao dia”, finaliza a médica.