Ficar por dentro dos avanços da ciência pode ser um pouco desafiador no meio de tantas informações disponíveis por aí. Para facilitar esse acesso ao conhecimento, há jornalistas que escolheram trabalhar com temas ligados à ciência, ajudando a desvendar os mistérios dessa área usando a comunicação.

É o caso de Theo Ruprecht, jornalista de São Paulo que participou de bate-papo com o Midiamax. Ele é apresentador do podcast Ciência Suja e falou sobre a importância da divulgação de informações científicas para toda a sociedade.

Com mais de 14 mil inscritos no YouTube, 48 mil seguidores no Instagram e centenas de ouvintes nas plataformas digitais, o Ciência Suja aborda histórias e informações sobre diversos temas, sempre do ponto de vista científico.

Para ele, divulgar ciência é quase que a essência do jornalismo. “O jornalismo tenta levar, para o maior número possível de pessoas, fatos que as ajudem a tomar decisões baseadas em informações”, avalia Theo.

“A ciência é um instrumento muito valioso nesse sentido e, o jornalismo que bebe da ciência, certamente ganha em qualidade”, afirma o comunicador.

Mais trocas, mais benefícios

Com muita experiência na bagagem e atuando há décadas no jornalismo de Mato Grosso do Sul, Valter Gonçalves Filho, presidente do Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas de MS), considera que cobrir assuntos científicos é quase um tabu.

“Existe uma dificuldade para o pesquisador em divulgar e, para o jornalista, há a dificuldade de entender. Então muitas vezes existe atrito nessa troca de informação. Por isso é importante o jornalista entender a ciência e saber divulgá-la”, pontua.

Antigas e novas gerações

Para o também jornalista André Mazini, coordenador do projeto MS +Ciência, e que trabalha com divulgação científica por todo o Estado e Brasil afora, existem alguns entraves nessa relação de comunicação.

“Existe uma dificuldade na ciência acadêmica, porque temos uma grande parte de cientistas que não cresceram nessa era digital, então muitos têm dificuldade de saber se comunicar (com a população em geral)”, aponta Mazini.

“A comparação que podemos fazer, por exemplo, é o que aconteceu na pandemia de covid-19. Uma vacina começa a apresentar maior eficácia quando mais pessoas estão imunizadas”, exemplifica o comunicador.

“Quando vemos as fake news e correntes negacionistas, também entendemos que, para a informação científica ser consolidada, a gente precisa de mais gente bem informada”, continua Mazini.

“Daí vem nosso interesse em não só ir até o pesquisador e falar para ele que precisamos nos comunicar mais, mas também falar para o jornalista que a gente precisa entender melhor o universo acadêmico e científico, aprender a interpretar fontes, recorrer a dados mais confiáveis também”, conclui o jornalista.

A importância dessas discussões na internet

Para Theo, a internet, nesse contexto, é fundamental. Ela ajuda a promover essa troca de informações, e a divulgá-las.

“Se a gente não ocupar esse espaço, ele vai ser ocupado por alguém, ainda mais se levarmos em conta os algoritmos que empurram as pessoas para interesses específicos”, analisa. 

“Quando a gente faz um podcast de ciência, por exemplo, mesmo que ele seja segmentado, a gente consegue ampliar o assunto e falar sobre tudo. Até porque ciência não é só biologia”, observa o apresentador. 

“Quando a gente fala de internet, ela ajuda a gente a dar esse campo, a dar oportunidade para que diferentes pessoas possam abordar assuntos diversos. Antes da internet isso era mais difícil, tinha menos canais e tempo para falar desses temas”, finaliza.

Confira essa entrevista na íntegra abaixo: