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Cotidiano

Em meio à tragédia, vítimas de enchente se unem para reconstruir lar tomado por lama

Agora, famílias esperam decisões do poder público para responsabilização e ressarcimento de prejuízo
Karina Campos -
nasa park bloqueio
Diversas estruturas foram atingidas após o rompimento da barragem. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“Meu pai não se conforma de ter perdido tudo. Perdemos a plantação, a horta e animais. A casa da minha mãe está condenada; o pessoal da Defesa Civil já vistoriou ontem. Deu perda total, está estralando tudo. Infelizmente, nem conseguir mexer”, diz Gabrielle do Prado Lopes, uma das vítimas da enchente do rompimento da barragem do Loteamento Nasa Park.

Ainda contabilizando o prejuízo, nesta quinta-feira (22), as famílias se mobilizam para reconstruir, apesar da lama, entulho e animais mortos com a enxurrada. Gabrielle conta que desde o incidente, o pai está inquieto. Não conseguem dormir ou comer direito. A casa, apesar de retirados os cedimentos mais pesados, continua suja.

Houve pequenas doações de grupos, como um pacote de arroz e leite. A família tem arcado com os custos de alimentação e deslocamentos para a área urbana.

“O vizinho emprestou a retroescavadeira, mas estragou e só conseguimos abrir um pouco (vala). Ontem (21), conseguimos tirar um pouco do barro e está saindo um pouco da água. Hoje estou lavando roupa, pois perdemos tudo. Ganhamos cobertores, algumas roupas e alguns alimentos de uma associação solidária do Colúmbia. Ontem também fui ao mercado e consegui comprar coisas que estavam faltando. Fora isso, não recebemos mais ajuda do poder público. O prefeito (Edson Nogueira) veio, mas recusamos ‘politicagem’, pois a tragédia aconteceu na terça-feira (20) e ele apareceu aqui só ontem? Outra coisa, é que isso não é digno para os moradores daqui. Nenhuma cesta básica o município ofereceu”, desabafa.

A família mora na área rural há 40 anos. Gabrielle diz que um advogado já acompanha a família, pois as terras são concedidas por inventário. Agora, esperam respaldo do Ministério Público e do advogado para a responsabilização dos danos.

“Minha mãe é obesa e não achamos roupas com facilidade. Ontem também enfrentamos fila no mercado e estamos conversando com vizinhos, cada um se ajudando. Também conseguimos um vasilhame vazio de gás, pois o nosso a enxurrada levou”.

Vias de acesso

O nível da água cobriu a casa de Thiago Lopes. Com a rodovia registrando congestionamento, a família enfrenta problemas na logística pelas estradas vicinais. Ele relata que chegaram a ficar mais de 4h na estrada em um trajeto que, geralmente, dura 1h30.

“Juntamos o pouco de dinheiro que tínhamos e fomos ao mercado comprar algumas coisas, pois já está começando a faltar. Meu cunhado e minha irmã foram ontem à noite, pois é o horário mais tranquilo que tem, ainda, demoraram umas 4 horas para ir e vir. São necessidades básicas que não estão sendo atendidas, nem pela CCR MSVia ou PRF. Se alguém passa mal, como espera 3h?”

Trecho onde houve o desmoronamento (CCR MSVia)

Inquérito

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) abriu inquérito civil para apurar a responsabilidade dos danos ambientais causados pelo rompimento da barragem da represa do Nasa Park, em . Vale ressaltar que o órgão chegou a fazer acordo há pouco mais de um ano que ‘enterrou’ as denúncias contra o empreendimento.

Conforme publicado no Diário do MP desta quinta-feira (22), serão apuradas as responsabilidades da empresa proprietária do loteamento e da represa, A&A Empreendimentos Imobiliários (CNPJ 02.231.914/0001-99), da Associação dos Proprietários de Lotes do Loteamento Nasa Park (CNPJ 05.266.954/0001-64) e dos sócios Alexandre Alves Abreu e Anselmo Paulino dos Santos.

A barragem do lago construído no loteamento de luxo Nasa Park é totalmente irregular. A estrutura nunca recebeu autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para construção e nem certificado ambiental. Além disso, o empreendimento recebe notificações desde 2019 sobre a necessidade de regularizar a barragem, o que nunca foi feito.

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