Imagens aéreas mostram cenário devastador após incêndios em Água Clara

Os incêndios atingiram a vegetação nativa e mais de 11 mil hectares nas áreas de fazenda de eucalipto

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Incêndios na região de Água Clara
Incêndios na região de Água Clara (Henrique Arakaki, Midiamax)

Sob uma fumaça densa que encobre o céu de Mato Grosso do Sul, a cidade de Água Clara, a 192 km de Campo Grande, sofre com os impactos dos incêndios florestais. O mesmo fogo que devastou fazendas de eucalipto também atingiu áreas de vegetação nativa e desabrigou centenas de animais.

Água Clara tem clima peculiar e lidera, quase que diariamente, os rankings de altas temperaturas e baixa umidade. Nesta semana, por exemplo, o município chegou a 40 °C com umidade de 10%, o que propicia ainda mais a ocorrência de incêndios.

Em visita à região na última sexta-feira (13), a reportagem do Jornal Midiamax presenciou de perto os efeitos devastadores dos incêndios no município, que conta com pouco mais de 15 mil habitantes, e traz um relato detalhado sobre a extensão dessa tragédia ambiental.

Plantações de eucalipto completamente queimadas

Incêndios na região de Água Clara
Platações de eucalipto (Henrique Arakaki, Midiamax)

No km 130 da MS-320, quando cortina de fumaça se dissipa, é possível observar o pouco que restou de uma vasta plantação de eucaliptos. A propriedade, situada à margem esquerda da rodovia no sentido Água Clara-Inocência, ficou praticamente destruída pelo fogo.

O cenário se torna ainda mais impactante ao sobrevoar a área com o auxílio de um drone. Em determinado trecho da fazenda, os resquícios de lama dão indícios de que até recentemente o local, hoje coberto por cinzas, abrigava um córrego.

Incêndios na região de Água Clara
Redemoinho de fogo (Henrique Arakaki, Midiamax)

Do outro lado da rodovia, o fogo também não poupou a Fazenda Formosa. Ali, as chamas devastaram a vegetação, destruíram a porteira e consumiram até mesmo a cerca que delimitava a propriedade.

Apesar da área da fazenda parecer propícia a encontrar animais em busca de água ou abrigo, após quilômetros percorridos, nenhum animal foi avistado. Ainda na MS-320, um redemoinho de fogo impressiona pela intensidade das chamas.

Animais caminham em meio a área queimada

Incêndios na região de Água Clara
Área afetada pelo fogo (Henrique Arakaki, Midiamax)

Nos quilômetros seguintes, o cenário se repete. Embora houvesse trechos de vegetação preservados, quase tudo se transformou em cinzas. Em meio a esse cenário desolador, o gado caminha pelo pasto queimado em busca de alimento, centenas de cupinzeiros também acabaram destruídos pelo fogo.

Em algumas propriedades rurais, era possível observar aceiros – faixas de terreno sem florestas que atuam como barreiras contra a propagação do fogo – o que evidencia que os danos poderiam ser ainda mais graves se as brigadas de incêndio não agissem rapidamente.

Incêndios na região de Água Clara
Estrada de chão (Henrique Arakaki, Midiamax)

Para chegar às fazendas atingidas pelo fogo, a equipe de reportagem percorreu cerca de 30 km de estrada de chão. Após 12 minutos estrada adentro, quatro pontos distintos com focos de incêndio são encontrados.

Ao se aproximar das áreas, a devastação ficou evidente: centenas de hectares queimados, tanto de vegetação nativa quanto de plantação de eucalipto. Ali, nem mesmo os aceiros conseguiram conter as chamas. Em uma das propriedades, um trator carbonizado ilustrava a gravidade da situação.

No céu, diversos pássaros sobrevoavam a área queimada. Alguns pousavam em troncos ainda incandescentes, na busca por refúgio e alimento, mas logo partiam, desaparecendo em meio à fumaça.

Aceiros auxiliaram no combate ao fogo

Incêndios na região de Água Clara
Fumaça pode ser vista de longe (Henrique Arakaki, Midiamax)

Na Fazenda Lobo, uma das propriedades afetadas pelos incêndios. Dos dois lados da estrada, há plantações de eucalipto. No lado direito, os primeiros quilômetros estavam totalmente impactados por um fogo rasteiro, mas, apesar dos danos, as chamas não chegaram a alcançar o meio e a copa dos eucaliptos.

Incêndios na região de Água Clara
Trator incendiado (Henrique Arakaki, Midiamax)

A resposta ao incêndio ocorreu de forma rápida, pois a 15 km dali existe uma base operacional. Conforme funcionários da empresa responsável pelo combate na às chamas, o trator incendiado pertencia a eles. Trata-se de um trator modelo 7200, que atolou no primeiro dia de combate, impossibilitando sua retirada.

O fogo acabou sendo controlado pela Arauco, empresa de painéis renováveis de madeira, e proprietária da Fazenda Lobo. Além disso, as equipes de combate criaram aceiros e a empresa monitora a área para garantir que as chamas não ultrapassem os limites do combate. Na sede da fazenda, também havia um helicóptero utilizado nas operações de combate.

Conforme o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, até agora, o incêndio nas áreas de fazenda de eucalipto em Água Clara, atingiu 11 mil hectares. O controle do fogo é considerado um trabalho difícil, por conta da estiagem e dos eucaliptos na área, que acabam servindo de material combustível e de queima rápida.

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