Do brilho do Natal à ‘dezembrite’: entenda como o fim de ano afeta nossas emoções
Enquanto muitos têm sensação de conforto e renovação, outros se veem sobrecarregados pela frustração de metas não cumpridas
Lethycia Anjos –
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Ah, está chegando o Natal, e com ele, uma montanha-russa de emoções. Enquanto muitas pessoas vivenciam uma sensação de conforto, união e renovação no fim de ano, outras se veem sobrecarregadas pela pressão das expectativas e pela frustração de metas não cumpridas. Nesse cenário, surge a chamada ‘dezembrite’ – depressão sazonal que afeta muitas pessoas durante essa época do ano.
Nessa dualidade, o fim de ano se torna o período mais amado por uns e o mais odiado por outros. Para entender melhor esse impacto, o Jornal Midiamax conversou com uma psicóloga que explicou como as festividades de fim de ano podem afetar a saúde mental.
‘Espírito natalino’
Para muitos, as festividades natalinas são uma oportunidade de reconectar-se com a família e amigos, fortalecer laços e celebrar conquistas. Conforme a psicóloga Keyth Gimenez Goyano, esse ambiente de confraternização pode ter um efeito positivo na saúde mental, promovendo a sensação de pertencimento e gratidão.
“A nostalgia nos permite reconectar com momentos felizes, reforçando o sentimento de gratidão. Refletir sobre o ano pode ser uma oportunidade de aprender com os desafios e reconhecer os avanços, fortalecendo o autocuidado e o crescimento pessoal”.
Além disso, a troca de presentes, as refeições compartilhadas e os rituais tradicionais oferecem conforto emocional, contribuindo para o bem-estar e uma perspectiva otimista para o ano que começa.
“Essas celebrações criam momentos de conexão, troca e afeto, reforçando o senso de pertencimento e o apoio mútuo. Os rituais e tradições também trazem estabilidade emocional e ajudam a ressignificar o tempo, o que é essencial para a saúde mental”, diz a psicóloga.
Pressão social em estar feliz
Em contrapartida, o final de ano também pode acentuar sentimentos de solidão, ansiedade e insatisfação. A psicóloga explica que a comparação constante nas redes sociais e a cobrança para atender às expectativas alheias podem intensificar os sentimentos de inadequação e fracasso, o que leva a síndrome ‘dezembrite’.
“O final do ano é um período de reflexão e balanço. Muitas pessoas avaliam o que foi alcançado e o que ficou pendente, o que pode gerar sentimentos de frustração e insatisfação, especialmente se as metas não foram cumpridas”, afirma.
Além disso, Keyth Gimenez ressalta que o clima festivo e a pressão social para estar feliz e realizado podem intensificar esses sentimentos. Tudo isso é reforçado pela mídia, que investe em comerciais e publicidades que retratam famílias perfeitas e felizes celebrando as festividades.
“As redes sociais e a publicidade, muitas vezes, idealizam momentos de celebração, criando uma imagem de perfeição difícil de alcançar na realidade. Essas comparações podem gerar a sensação de inadequação, solidão ou até aumentar a frustração com a própria vida”, destaca a especialista.
Nesse cenário, a especialista orienta que as pessoas lembrem-se que a realidade das redes sociais é filtrada e que cada pessoa tem um contexto único, o que é fundamental para evitar essas armadilhas emocionais.
Mas afinal, o que é ‘dezembrite’?
Na psicologia, existe o TAS (Transtorno Afetivo Sazonal), um tipo de depressão que se manifesta em determinados períodos do ano, geralmente durante o outono e o inverno, devido à redução da luz solar. Já a síndrome da ‘dezembrite’ refere-se à tristeza ou melancolia que algumas pessoas sentem na época de fim de ano.
“Embora não seja exatamente o TAS, a ‘dezembrite’ compartilha características emocionais semelhantes, pois é influenciada por fatores externos, como o clima emocional dessa época e o peso simbólico do encerramento de um ciclo”, explica a psicóloga.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Sensação de tristeza ou depressão
- Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas
- Alterações no apetite e no sono
- Fadiga ou falta de energia
- Dificuldade de concentração
- Sentimentos de desesperança ou pessimismo
Para evitar que essa sensação de melancolia afete sua rotina, a psicóloga orienta a investir em estratégias simples:
- Praticar atividades físicas regularmente
- Manter uma alimentação saudável e equilibrada
- Estabelecer metas realistas e alcançáveis
- Buscar apoio social de amigos e familiares e manter conexões significativas
- Limitar o tempo gasto em redes sociais
- Praticar técnicas de relaxamento
- Cultivar hobbies e interesses pessoais
- Manter uma rotina de sono adequada
No entanto, quando a tristeza interfere significativamente na rotina, nos relacionamentos e na qualidade de vida, ou persiste por mais de duas semanas, é hora de buscar ajuda profissional. Keyth Gimenez explica ainda que nesse estágio, o quadro ultrapassou uma melancolia temporária e se tornou um problema que merece atenção.
Por fim, a especialista reforça que amigos e familiares podem ajudar com apoio emocional e compreensão, encorajar a pessoa a buscar ajuda profissional se necessário, e realizar atividades conjuntas que promovam bem-estar e diversão.
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