As margens do Rio Anhanduí, um barraco improvisado na encosta de uma erosão reflete um problema crônico que persiste há anos na região. Tomado por lixo, o trecho localizado no prolongamento da Avenida Ernesto Geisel, na esquina com a rua Sol Nascente, no bairro Nhanhá, se tornou um abrigo fixo para pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

Na manhã desta segunda-feira (1°), a equipe de reportagem do Jornal Midiamax esteve no local e observou pessoas em situação de rua se arriscando ao tomar banho e lavar roupas dentro do Rio. A situação gera preocupação, uma vez que, em período de chuvas, a região fica completamente alagada.

Barraco na encosta do Rio Anhanduí
Pessoas lavam roupas no Rio Anhanduí (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Um morador local relata que o barraco está ali há cerca de três meses e abriga dezenas de pessoas que frequentemente utilizam drogas e entorpecentes ao ar livre, o que gera insegurança para a população.

“Esta situação persiste há muitos anos. A polícia faz rondas, mas o problema não resolve. A prefeitura limpa e retira os moradores, mas logo depois da ação, eles retornam”, afirmou o morador, que preferiu não se identificar.

A enorme quantidade de lixo também chama a atenção de quem passa pela região. No local há aproximadamente 400 metros de resíduos descartados de forma irresponsável que formam um ‘paredão’ em uma das vias mais movimentadas da Capital.

Segundo o morador, o lixo é retirado das residências próximas ao córrego. Ele relata que os moradores em situação de rua recebem dinheiro para limpar quintais próximos e descartam o lixo recolhido às margens do Rio Anhanduí. O local passou por limpeza em novembro do ano passado.

Obras no Rio Anhanduí se estendem há 12 anos

Aguardada há mais de 12 anos, as obras de contenção de enchentes e drenagem do Rio Anhanduí são uma demanda antiga do município. O projeto de revitalização do Rio Anhanduí, datado de 2011, teve duas licitações e uma ordem de serviço assinadas e posteriormente canceladas em 2012. Em 2014, a segunda tentativa de licitação também fracassou.

Na época, a estimativa era que seriam necessários R$ 68 milhões para concluir o projeto até o final da Avenida Ernesto Geisel, no Aero Rancho, com R$ 28 milhões de contrapartida.

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Parede de concreto despencou em 2020 (Arquivo, Jornal Midiamax)

Em agosto do ano passado, a longa espera teve um novo capítulo com a inclusão da obra no pacote de 14 obras que receberão recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Conforme o Governo Federal, a prevenção a desastres incluirá contenção de encostas e drenagem do Complexo Anhanduí, Cabaça e Areias.

Enquanto a situação não se resolve, o cenário repete na Avenida Ernesto Geisel: a chuva gera deslizamentos de encostas, queda de paredes de concreto e alagamentos nas ruas.

A reportagem do Jornal Midiamax questionou a prefeitura de Campo Grande sobre a situação dos moradores em situação de rua e do lixo, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto a manifestação.

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