Demolição de casas no Bosque da Saúde é suspensa e moradores denunciam imobiliária

Imobiliária alega ser dona dos terrenos ocupados há 15 anos

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Demolição no Bosque da Saúde. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

A demolição de casas e comércios no Bosque da Saúde, região da Vila Nasser e Seminário, em Campo Grande, foi suspensa nesta sexta-feira (9). A reintegração de posse, iniciada nessa quinta-feira (8), aconteceu em razão de uma suposta ordem judicial movida por uma imobiliária, que alega ser dona dos terrenos ocupados há cerca de 15 anos.

Escombros de casa demolida no Bosque da Saúde. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Durante a noite, tratores demoliram imóveis e inclusive comércios, já existentes na região. A PM (Polícia Militar) esteve presente no local no momento da reintegração. Inclusive, a própria polícia já havia sido acionada, durante a manhã de quinta, devido a uma confusão com ameaça por parte de um morador que estaria armado.

Acordo entre as partes

No entanto, na manhã desta sexta, moradores e imobiliária entraram em acordo pela suspensão da demolição, uma vez que foi constatada pela PM que a averbação em posse do possível dono dos terrenos é uma escritura, e não uma decisão judicial.

Segundo a polícia, o documento que legitima uma reintegração de posse deve constar uma autorização oficial da prefeitura para demolição e construção no local.

Uma moradora que não quis se identificar relatou que o suposto dono dos terrenos não abriu possibilidade de diálogo com os moradores. Ela é dona de uma loja de construção no local, que ficou totalmente destruída.

“Eles chegaram com as máquinas por volta de 15h escoltados pela PM, com uma averbação de escritura no quinto ofício falando que eram proprietários desse imóvel. A gente veio, falamos que não, que nós tínhamos documento, apresentamos e eles falaram a não podiam fazer nada”.

Maria Aparecida mostra sua casa parcialmente destruída. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

A vendedora Maria Aparecida dos Santos, 61 anos, também denuncia a falta de diálogo com os moradores e trabalhadores do local. Ela conta que mora com a filha de 28 anos, e com a perda da cozinha, banheiro e eletrodomésticos, estima um prejuízo de mais de 50 mil reais.

“Eles chegaram ontem com as máquinas, não notificaram, não comunicaram, não apresentaram documento oficial. Mesmo com ordem judicial, eu precisaria ser comunicada. Mesmo com todo esse impasse, fiquei com meu coração alegre, porque não demoliram totalmente. Além de terem demolido ontem, não pude dormir, tive que ficar acordada a noite inteira”, conta.

A cozinha de Maria Aparecida ficou destruída. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

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