Demanda aumenta e Campo Grande ultrapassa 100 km de faixas exclusivas para ciclistas
Nesta segunda-feira (19), comemora-se o Dia Nacional do Ciclista
Osvaldo Sato –
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A utilização de bicicletas como meio de transporte e lazer é historicamente conhecida pelos seus diversos benefícios pessoais ao usuário e também à toda a comunidade. Ainda assim, a questão da insegurança do trânsito inibe que mais pessoas façam uso deste modal de transporte. Por outro lado, é registrado crescimento da malha cicloviária, com 105 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas em todas as regiões.
Nesta segunda-feira (19), Dia Nacional do Ciclista, a reportagem do Jornal Midiamax conversou com o arquiteto Tiago Eloi, entusiasta e pesquisador da área. Segundo ele, o principal problema da malha cicloviária da cidade não é a extensão das faixas, mas a falta de ligação entre elas.
O arquiteto apresentou como trabalho de conclusão de curso uma proposta e estudo visando a interligação de vias na Avenida Cônsul Assaf Trad. Além disso, propôs a implantação de bicicletário e ponto de parada.
“A ideia surgiu para criar uma estrutura e um sistema de apoio para ciclistas em nossa cidade, incluindo a integração com a infraestrutura cicloviária existente. Além disso, seria importante melhorar as estruturas públicas, como que muitas vezes não são satisfatórios ou nem mesmo existem”, destacou o arquiteto.
Na sua visão, para que Campo Grande se torne um local adaptado para ciclistas, além da interligação, outros aspectos se mostram carentes de melhorias.
“Além disso, é crucial melhorar a educação dos motoristas, pois os acidentes envolvendo ciclistas são frequentes e muitas vezes fatais. Existe uma falta de cultura em relação ao uso da bicicleta como meio de transporte em nossa cidade. Muitos ciclistas veem a bicicleta apenas como um esporte ou lazer, mas não como meio de transporte. Para isso ela foi projetada para ser há mais de 200 anos”, afirmou.
Malha é extensa, mas requer melhorias
Analisando o mesmo tema, porém sob outra ótica, Guilherme Pires Veiga Martins, propôs em pesquisa um índice que avalia a estrutura cicloviária da cidade de Campo Grande.
Segundo ele, “Campo Grande está entre as 12 maiores infraestruturas cicloviárias das capitais brasileiras, a sua formação espacial com baixa densidade populacional, vazios urbanos e pouca verticalização, originou uma malha viária extensa, comparável à de grandes cidades como Belo Horizonte e Recife”, destacou na conclusão.
Porém, afirmou que a malha cicloviária de Campo Grande “não se apresenta em quantidade adequada e grande parte das infraestruturas não têm condições satisfatórias para garantir a mobilidade urbana por bicicleta”.
Para mudar parte desta situação, no primeiro semestre deste ano, a Prefeitura de Campo Grande aprovou lei que regula a implantação de sistema de bicicletas compartilhadas no município. Isso deve demandar ainda mais a construção das interligações entre as ciclovias e ciclofaixas.
A legislação prevê o cadastramento de OMTAs (Operadoras de Modal de Transporte Ativo) interessadas na prestação do serviço de utilidade pública do Sistema de Compartilhamento de Bicicletas.
O cadastramento da OMTA consiste em etapa prévia e obrigatória ao processo de seleção para operacionalização do Sistema de Compartilhamento de Bicicletas e terá validade de até 60 meses.
Quando anunciou o sistema de compartilhamento de bicicletas, a administração municipal previa a publicação da chamada pública ainda para este ano. Até o momento, não há chamada publicada.
Pela cultura do uso da bicicleta
Uma cena comum no trânsito campo-grandense: uma bicicleta trafega na via, em sua mão correta, e um carro apressado buzina para passar, ou tira a famosa “fina”, ou seja, passa muito próximo e de forma perigosa. “Muitos motoristas não respeitam os ciclistas, buzinam, xingam, isso é reflexo de uma cultura que precisa mudar”, disse Eloi.
Segundo o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), pedestres têm preferência sobre bicicletas, que por sua vez antecedem os veículos motorizados. “Em Campo Grande está invertido, pois no trânsito toda a preferência está para os carros”, completou o arquiteto.
Com um relevo majoritariamente plano, Campo Grande tem fatores que poderiam torná-la um local adequado para o uso da bicicleta como modal de transporte. Apesar do calor durante maior parte do ano, a malha cicloviária pode ser considerada boa, ainda que necessite de ajustes.
Por fim, o entrevistado Tiago Eloi destacou que cada vez mais as pessoas têm escolhido as bicicletas no dia a dia. Os motivos são variados, como praticidade, saúde, consciência ambiental e, até mesmo, custo. Neste sentido, sonha com uma cidade mais amigável para quem escolhe a bike para seu ‘pedal’, lazer ou meio de transporte. “Cada vez há mais carros, mais trânsito, poluição e barulho. Quando você usa a bicicleta, vê a cidade de uma forma diferente, observa as pessoas e não está isolado dentro de um veículo. Essa perspectiva transforma a maneira como você percebe a cidade”.
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