De vários tamanhos e formatos, cogumelos se multiplicam nos canteiros de Campo Grande
Apesar de parecerem inofensivos, o ideal é não ingerir algo desconhecido
Karina Campos –
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Há quem ache fofo e quem considere uma praga. Os cogumelos voltam a se destacar no gramado dos canteiros centrais de Campo Grande, principalmente na Avenida Afonso Pena e na Duque de Caxias. Apesar de comuns no período quente e úmido, os formatos, tamanhos e espécies são novidades em cada frutificação.
O solo úmido e o período de calor são condições ideais para o surgimento do fungo, associado à decomposição da matéria orgânica, uma fonte de alimento para os cogumelos. O biólogo e doutor em ecologia e conservação, José Milton Longo, explica que os locais onde eles crescem são onde se acumulam os esporos.
“De alguma forma, eles foram dispersos e agora tinham as condições ideais para germinar. O esporo germina e esse é o corpo de frutificação do cogumelo. É a fase mais efêmera, aí ele cresce, começa a fenecer em alguns poucos dias. Essa é a parte reprodutiva dele, que é fruto da germinação do esporo do cogumelo. E ele vai ficar na superfície porque ele se alimenta dessa matéria orgânica em decomposição”.
Os cogumelos típicos são aqueles que possuem um “chapeuzinho” e uma haste, o basidioma, pois são do grupo dos basidimicetos. O termo biológico é basidiósporo, a parte onde estão os esporos, produzido pelos basidiomas. Os esporos permitem que os fungos colonizem novos meios à medida que germinam e crescem em condições favoráveis. Por isso, os jardins costumam ter vários cogumelos.
Não é tão simples identificar a espécie apenas olhando. A ecologia é uma caixa vasta para exploração; portanto, não é tão fácil identificar qual espécie “floresce” nos gramados da cidade, como explica Adriano Afonso Spielmann, biólogo especializado em micologia e taxonomia. A taxonomia é a ciência que estuda a classificação dos seres vivos e a micologia é a ciência que estuda os fungos. O que chamamos de cogumelo é apenas o basidioma, a estrutura de reprodução sexuada de alguns fungos dos filos Basidiomycota, pertencentes ao Reino Fungi.
“O que chamamos de cogumelos pode abranger até 6.000 espécies diferentes. Para determinar as espécies corretamente, analisamos várias características. Interessante notar que o cogumelo é apenas a parte reprodutiva do fungo. A parte somática, chamada de micélio, fica no substrato, nesse caso, no solo. Preciso também verificar se tem anel, etc”, detalha.
Ou seja, para identificar o gênero de um simples cogumelo, também pode ser feito um estudo em laboratório para determinar se o fungo é tóxico ou não. Spielmann descreve que se o cogumelo tiver características esverdeadas, pode pertencer ao gênero Chlorophyllum, o qual tem espécies tóxicas.
“A gente precisa analisar várias características do cogumelo para tentar conseguir identificá-lo, as condições (também), por exemplo, de coletar o material, tem que coletar com a base intacta. (Para o estudo em laboratório), depende de há quanto tempo, porque às vezes ele desaparece de um dia para o outro”.
Via de regra: não consuma.
O cogumelo também é uma iguaria na culinária, como o shiitake, shimeji e champignon, mas vale lembrar que há espécies tóxicas para o ser humano. A recomendação é ter cuidado com a proximidade em crianças e animais domésticos, pois as toxinas do fungo podem levar à intoxicação. Longo alerta que tocar não é um risco, mas requer cuidado em casos de, em seguida, tocar os olhos ou a boca, pois o pó ou esporo na mão, ou alguma substância dele, podem contaminar. Por exemplo, se a pessoa manusear o cogumelo com as mãos sem proteção, não lavar as mãos e pegar algo para comer.
“(O problema) é a ingestão das espécies que possam conter toxinas. A quantidade dessas toxinas é que pode levar a um quadro de intoxicação, de alucinações, mas só tocar assim, eu acho que não traz prejuízo nenhum. E os animais já evitam, né? A gente tem alguns brocadores, alguns insetos que comem o cogumelo também, mas é difícil você ver algum mamífero, algum outro animal comendo, mas há uma grande gama de espécies comestíveis, né? Tem uma grande variedade de espécies comestíveis e algumas que se confundem com algumas espécies podem ser venenosas. Então, na dúvida, é isso mesmo, na dúvida não ingerir”, finaliza.
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